Opinião Jogo Aberto – 16 de Abril de 2020
O mundo é outro.
Vivemos a terceira guerra mundial. Ao contrário das duas primeiras, que a maioria dos países acompanhou superficialmente – embora milhões tenham morrido e muitos outros milhões vivido sofrimentos indescritíveis –, a atual o mundo inteiro acompanha minuto a minuto. Seja através dos meios de comunicação, seja através do sofrimento imposto a cada um dos bilhões de seres humanos atingidos por um inimigo comum e invisível.
A guerra contra o coronavírus é, sim, mundial, pois a pandemia está matando gente em quase todas as nações. E ninguém tem noção da extensão temporal desta crise. Apesar dos esforços dos cientistas de todo o mundo, pouco se sabe sobre o novo coronavírus.
Não há ainda uma vacina, passados cinco meses da eclosão da doença , o único remédio eficaz, até agora descoberto, é o isolamento social. É o que, até aqui, tem salvado milhões de vidas.
Outras terapias, de efeitos não comprovados, são defendidas com veemência por governantes que não se incomodam com a imagem de propagandistas de laboratórios.
Enquanto os estudos sobre a eficácia das medicações não são concluídos, o melhor mesmo é seguir a simples recomendação: fique em casa. Mas esta terapia tem efeitos sanitários positivos, não se pode deixar de reconhecer que, na outra ponta, tem consequências desastrosas.
O mundo, e não apenas o Brasil, já está vivendo uma de suas piores crises econômicas. Milhões já perderam seus empregos, e, numa segunda etapa, outros milhões perderão os seus. Mais grave: muitos desses empregos não voltarão a ser ofertados.
O mundo, senhores, não será o mesmo depois desta crise. Vamos ter que nos adaptar a uma nova realidade que, evidentemente, não surgirá de imediato, mas que será inexorável.
Precisamos começar a nos preparar para isto de uma forma planejada, responsável. E a primeira etapa desta preparação é o respeito à vida. Respeito que, até que se prove o contrário, passa pelo cumprimento das regras estabelecidas mundialmente.
O Brasil não vai confrontar a ciência. Não temos competência para tal. Procure ficar vivo. Aos nossos governantes recomendam-se menos voluntarismo e mais racionalismo.
Quando falamos em governantes, não falamos apenas dos que têm a responsabilidade de gerir a União. A responsabilidade de preservar vidas é de todos os níveis de poder, de todos os Poderes.
Não se pode transferir responsabilidades.
É nas crises, nas grandes encruzilhadas diante da sociedade, que surgem os líderes.
Líderes são os que não fogem de suas responsabilidades, que têm compromissos com o futuro, não com as próximas eleições.
Nesta hora, é preciso não esquecer a lição do grande Ulysses Guimarães: “A história nos desafia para grandes serviços, nos consagrará se os fizermos, nos repudiará se desertarmos”.
Por Marco Aurélio