OPINIÃO JOGO ABERTO: 13-10-2017
Dias de amargura.
Enfrentamos nos últimos dias acontecimentos assustadores e que não espantaram mais por estarmos numa época de calamidade generalizada, em plena overdose de notícias aterrorizantes. Leva ao espanto: será verdade? A que ponto chegamos?
Foram 59 pessoas exterminadas e 527 baleadas em Las Vegas, pior que filme de terror. No país que não sabe conter e disciplinar a compra de armas, dá nisso mesmo. Aqui, até as Olimpíadas do Rio de Janeiro, que se encerraram aplaudidas no mundo todo com o discurso de Carlos Nuzman, mostrou tratar-se de um evento inserido nos propinodutos e no mar de corrupção. Parece que, como em outros fantasmagóricos projetos do quilate do pré-sal, do Mundial de futebol, da transposição, dos aeroportos no deserto e de inúmeras obras públicas, por detrás a motivação é criar vórtices, entre urgências patrióticas, para tragar montanhas de recursos públicos. Mais uma do aloprado Sérgio Cabral.
O império da corrupção onipresente revelou mais essa faceta até então desconhecida. Atrás da fachada “Olimpíadas”, mais um esquema para desviar bilhões em recursos amputados das contas de alívio à miserabilidade.
Abateram-se sobre os cidadãos mais revelações e gravações de acertos criminosos que apresentam figuras sem escrúpulos e sem moral, comungando o deslumbre para riqueza e luxo, absolutamente incompatíveis com suas funções públicas.
Não bastasse isso, o incorrigível Congresso Nacional aprovou, e o presidente sancionou, o financiamento público de campanhas eleitorais com R$ 1,7 bilhão. Isso para os partidos bancarem suas eleições de 2018 e sem adotar qualquer medida que diminua os gastos e enquadre em regras austeras as eleições. Coloca-se o povo a bancar as eleições retirando R$ 500 milhões das emendas orçamentárias dos parlamentares, ou seja, recursos destinados às obras aguardadas pelo povo dos Estados e dos rincões. Outro acinte foi não possibilitar o voto nominal de uma matéria dessa importância.
O que se consumou foi a perda de um recurso para inserir mais de 700 mil crianças, hoje excluídas das creches, entre os milhões de não atendidos, exatamente por falta de verbas.
A criação de mais esse fundo é execrável, aprovado anonimamente no apagar das luzes de dias sofriveis. Mas ficou claro que os mesmos demagogos que condenavam o “distritão misto”, como solução de país subdesenvolvido, conseguiram fazer muito pior: dar a cada um dos parlamentares R$ 2 milhões para se perpetuarem no cargo em 2018 ou levar bolada para casa. Ainda proibiram as candidaturas avulsas, que constituem um direito nas mais livres democracias, para não se submeter aos esquemas das organizações partidárias. Isso, sim, de país de Terceiro Mundo que tem uma casta incrustada no poder.
Outro capítulo assustador: Cesare Battisti, interceptado tentando atravessar os confins do Brasil. Um assassino que matou pelas costas quatro pessoas e deixou um rapaz paraplégico na Itália. Uma figura que foi protegida, pelo governo brasileiro, para ser subtraída à Justiça de seu país. O Brasil mostrou ser generoso com assassinos perversos, e ao mesmo tempo cruel com sua população mais carente, privando-a de R$ 1,7 bilhão. Isso tudo para os desavisados não tem relação com a tragédia de Janaúba, com o extermínio de criancinhas queimadas vivas por um desgraçado que se suicidou em seguida.
Entretanto, cada sociedade constrói seu destino com suas energias positivas e infelizmente negativas, seus vícios e egoísmos. Produz os efeitos e seus méritos. Não há evento que não tenha um peso direto no conjunto e especialmente as ações de seus membros mais importantes, dos líderes, das elites da nação. Daqueles que, elevados às alturas, são responsáveis por dar um exemplo.
Nessa época se artificializa e se dissimula, e nosso povo é vítima assim de desleais, de seres vorazes e sem sentimentos. E, quando isso acontece, o destino se apresenta, a Gomorra se aproxima da destruição.
Tirando os poucos parlamentares que prestam, os partidos dominados pela ganância devem ser enfrentados com as armas da democracia. Cassados pelo voto popular. Criando uma corrente que se negue a votar em quem destrói a nação e quem faz uso da verba tirada dos inocentes.
Fonte: Por Marco Aurelio