Opinião Jogo Aberto – 12 de Maio de 2020
As eleições municipais .
Coisa inédita: teremos eleições municipais este ano, e o grande evento parece sem importância. Compreensível. A Covid-19 joga todos os outros temas no esquecimento. Um pouco mais adiante, o pleito estará na mesa dos candidatos para construir a base do edifício político com 5.570 prefeitos e quase 60 mil vereadores.
Não haja dúvidas. As eleições não devem se dar na data marcada, 4 de outubro. É provável que ocorra em 15 de novembro. Será uma campanha mais rígida em muitos aspectos, a começar pelo fim das coligações proporcionais. Nada de candidato puxado pela soma de votos.
Isso se aplica a outros aspectos, como o dos recursos financeiros. O dinheiro mais curto exigirá campanhas objetivas, equipes restritas, sem parafernálias. A campanha encontrará um eleitor diferente do tradicional.
Qual seu perfil? Difícil apontar todas as influências no sistema cognitivo das pessoas, mas é possível pinçar valores para suas escolhas. A começar pelo sofrimento provocado pela pandemia que assolou o país e deve se alongar até o final do ano. Todos, uns mais, outros menos, carregarão essas marcas de medo e angústia e impregnarão nosso modus vivendi.
É outro tipo: qualidade, seriedade, preparo, disposição, compromisso, inovação, simplicidade e coragem contra os velhos padrões. Quem pode encarnar esse acervo? Qualquer pessoa mais próxima do eleitor. Valerá tanto para o voto em prefeito(a) ou vereador(a). Constatação: é forte a impressão de que as mulheres serão bem votadas, em virtude da expressão de dor nos hospitais e filas nas ruas. O endinheirado não será necessariamente eleito ou mais votado. Pobres, ricos, feios e bonitos, jovens e maduros disputarão a mesma oportunidade.
As desigualdades diminuem, elevando a probabilidade de uma limpeza geral na galeria dos velhos retratos.
E o que dizer? Primeiro, evitar o óbvio das promessas mirabolantes, que soa artificial na boca de candidatos. O momento exigirá criatividade, formas simples, críveis e objetivas de dizer as coisas. Governar juntos, por exemplo, mas sem a carcomida locução. O candidato deve ter uma plataforma de conselhos de bairros e comunidades, demonstrando que efetivamente quer administrar sob o princípio da democracia participativa.
No mais, ouvir o vento do tempo, que passa todos os dias por nós. Traz recados. Suave ou forte, exibe em nossos sentidos o molde da emoção e da razão do povo.
Por Marco Aurélio