Opinião Jogo Aberto – 12 de Abril de 2018
Lula era.
Com pressão da Polícia Federal e do juiz Sergio Moro e com o acréscimo do que em parte se transformou numa concessão pessoal do apenado, a lei devidamente aplicada conseguiu colocar na cadeia o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Trata-se da primeira prisão de um ex-presidente da República na história do Brasil, de uma série do mesmo formato em que se acham bem-fundamentadas as detenções de tantos outros, como Sérgio Cabral e sua esposa, e ainda de mais uma centena de ex-funcionários da Petrobras, nela cooptados para desavergonhadamente gerenciarem um dos maiores processos de corrupção do planeta, por meio da transferência, para contas particulares ou de partidos, de considerável parcela do patrimônio de uma estatal cujo acionista-mor é o poder público.
A Petrobras é a maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo. Enfim, o que parecia improvável de acontecer, para quem deu crédito ou se intimidou com bravatas inconsequentes, está consumado. Abriu-se o caminho para que a fila desses delinquentes ande mais rapidamente, possibilitando ao Judiciário convocar a mudarem seu domicílio para Curitiba todos aqueles que esperam chegar a si a mão da lei. É uma questão de dias. Muitos se impressionaram com as manifestações e a resistência montada defronte à sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, um capital historicamente utilizado pelo PT pela importância do setor que agrega e pelo robusto caixa que sempre acumulou e gastou financiando fartamente campanhas políticas, sem necessidade de prestação de contas, mas que agora começa a escassear, por força da nova legislação.
A reforma trabalhista em vigor, se pouco representou na necessária geração de empregos, item mais importante de sua proposta, serviu para limitar o abastecimento indiscriminado com recursos tirados das folhas de pagamento das empresas e de seus colaboradores. A contribuição sindical já não é mais descontada compulsoriamente, porque deixou de ser obrigatória, cessando a irrigação das finanças dessas entidades. Minguou a fonte.
Depois de cumprir uma agenda que incluiu cerveja, churrasco, cachaça, missa em homenagem ao aniversário da falecida esposa, dona Marisa, discursos recheados de ameaças e ofensas que em muito breve tempo certamente cairão no esquecimento ou no ridículo, o ex-presidente se entregou à Polícia Federal, cumprindo o ritual que a norma impõe.
A era Lula o tempo transformará em Lula era; a essa mudança de mão certamente assistiremos.
Não se noticiou a presença junto ao ex-presidente, no ambiente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, de muitos representantes do PT, grandes nomes de outros Estados, exceto Jacques Wagner, Tarso Genro e Olívio Dutra, lá estiveram, levando sua solidariedade ao grande líder. Estranho.
Por Marco Aurelio