OPINIÃO JOGO ABERTO: 11/07/2017
Tem razão o peemedebista mineiro Rodrigo Pacheco quando afirma ser constrangedor para o país ter um presidente denunciado. É mesmo muito ruim para a política e a economia e também para a imagem do país no exterior. Mas esse é apenas um lado do problema, pois não é menos constrangedor vermos tantos deputados, senadores, governadores, vereadores, empresários, membros do Judiciário e membros da burocracia de Estado envolvidos em denúncias e até respondendo a processos por corrupção.
Sem nos fixarmos em nomes, mas recordando os casos mais notórios, temos senador que foi apeado da Presidência da República por corrupção e outros, senadores e deputados, respondendo a sete ou oito, quando não mais, inquéritos por diferentes tipos de crime. Sem falar em governadores. E ex-presidente, claro.
E isso não nos constrange. Centramos fogo no presidente como se fosse ele o único responsável pelos problemas e soluções do país. Temos o presidente quase como uma figura imperial. Cobramos dele, com razão, mas precisamos aprender a cobrar das outras figuras, que são tão ou mais corruptas que o presidente, no caso presente, Temer.
Dá arrepios olhar a composição do Congresso e imaginar que talvez seja necessário – se for, assim terá que ser feito – buscar um nome para, por eleição indireta, substituir Temer e levar o país até as eleições do ano que vem. Não tem ninguém. Pelo menos entre as velhas raposas, sobre as quais sempre caem as escolhas mais complicadas. Quem ainda não foi citado em delações sabe que, não demora nada, seu nome aparecerá ligado a alguma falcatrua. É só jogar as algemas, como dizem na linguagem policial, que eles saberão por que vão colocá-las nos braços.
Mudar o presidente – repito, se houver razões para mudar, que mude – não vai reduzir nosso constrangimento. A não ser, claro, que nos conformemos em ser um país de fraque e cartola, mas sem calça, com o traseiro de fora. Sem constrangimentos.
Mas nos conformarmos com a situação não nos levará a nada. Sentirmo-nos constrangidos sem nada fazer, muito menos. Já que estamos com a mão na lama, é melhor revirá-la e encontrar um por um os que estão chafurdando. Os que estão envolvidos em todo tipo de crime, antes de serem devedores da Justiça, são devedores de todos nós, pois traíram a confiança do cidadão. E não precisa ser político, ter mandato, para ser traidor da sociedade.
Quem de qualquer forma usa o Estado para obter benefícios ilícitos, ou que, ocupando um cargo público, deixa de agir ou age partidariamente diante de um malfeito, trai toda a sociedade. Simplesmente porque o Estado somos nós. Para não passarmos pelo constrangimento de sermos cobrados por nossa omissão pelas gerações futuras, é melhor agir. Denunciar e cobrar mudanças. Execrar publicamente os que levam o país ao constrangimento. Não fique amarelo. Faça-os ficar vermelhos de raiva e de vergonha.
Fonte : Por Marco Aurelio