Opinião Jogo Aberto – 11 de Setembro de 2018
Andando pra trás.
A agressão sofrida na última semana pelo candidato Jair Bolsonaro foi cercada nas redes sociais por gestos e manifestações de apoio e solidariedade em toda a nação, mas também, e lamentavelmente, pelo que de pior se poderia ver e ouvir em circunstâncias dessa monta.
Logo após ocorrido o grave episódio, em Juiz de Fora, numa velocidade incrível se distribuíram vídeos e declarações com informações que ninguém sabe de onde puderam ter sido tiradas. E, pior, agregadas à campanha da vítima para daí se reforçar a necessidade de que uma de suas principais bandeiras, a liberação da posse de armas de fogo para defesa própria, tivesse sua discussão revigorada e agilizada. Sem qualquer avaliação sobre a concessão ou não pelo próximo Congresso dessa liberdade, a de se ter posse e até porte de armas, o certo é que o combate à violência será agora um tema mais reforçado pela campanha do candidato, que apoia nessa vertente, mesmo da forma primária como a expressa, a mais cintilante promessa de seu provável governo. Para Bolsonaro, está em dar arma, para todas e para todos, o instrumento essencial de promoção da segurança de cada um e do país.
Contraditoriamente, o atentado em Juiz de Fora não teria sido evitado e até poderia ter sido de piores consequências se o agressor tivesse usado uma arma de fogo. Felizmente, não foi o caso.
Voltando à usina de notícias, ainda com a mesma velocidade, ganhou destaque a necessidade de se vincular tal violência a um crime de mando, e aí as ilações foram e continuam sendo as mais estapafúrdias. Estão nas redes sociais informações de que o agressor é um homem pobre, nascido em Montes Claros, onde viveu até há pouco tempo e de onde saiu para trabalhar no comitê da candidata Dilma Rousseff em Juiz de Fora. Fala-se também que possui quatro celulares, encontrados em seu quarto de hotel, junto com passagens aéreas e, pasmem, que esse infeliz teria em sua conta-corrente um depósito de R$ 350 mil. Trabalhando num comitê do PT, circulando de avião pelo Brasil, com um dinheirão depositado em conta, estamos diante de um novo Chacal.
Se o atentado a Bolsonaro, como a qualquer ser humano, foi uma violência inadmissível, na mesma dimensão está essa irresponsável e burra produção de fake news, cujo resultado é o incitamento a toda sorte de reações pelo uso da força, que sempre se extravasam no ódio, na insubordinação à lei e em todas as formas de ignorância e suas consequências.
Se vivemos um quadro grave, de deterioração social sem limites, de insegurança pela omissão do Estado, o dever de quem pensa e tem o que perder é o de não estimular que se avancem – nem como ideário, tampouco pela ação – práticas como essas, que sempre nos remetem à barbárie como regra.
Por Marco Aurélio