Opinião Jogo Aberto – 10 de Outubro de 2018
Preparem seus corações porque chegou a batalha do fim do mundo.
Abertas as urnas do primeiro turno, não surgiu nenhuma surpresa na disputa presidencial. Bolsonaro e Haddad, preposto de Lula, seguem para a última etapa no segundo turno, como indicavam as pesquisas eleitorais. Juntos obtiveram 75,3% dos votos válidos. Bolsonaro recebeu mais de 49 milhões, e Haddad, mais de 31 milhões de votos.
Os votos úteis aumentaram nas últimas horas que antecederam o pleito e correram para os dois que já lideravam as pesquisas. Dos outros candidatos, Ciro ficou em terceiro, com 12,5%; Alckmin levou o PSDB para a cova dos nanicos, recebendo menos que 5% dos votos válidos; o estreante Amoedo foi a 2,5% dos votos; Marina comprovou a desidratação de sua candidatura, ficando com apenas 1%, seu pior desempenho desde que decidiu postular a Presidência; Meirelles, apesar da extraordinária quantia de recursos próprios gastos na campanha, não passou de 1,2%, ombreando com o desconhecido Cabo Daciolo; e Alvaro Dias nem isso conseguiu.
As expectativas de que nesta eleição a proporção de abstenções somadas aos votos nulos e brancos poderia surpreender não foram correspondidas pela realidade. A abstenção ficou em 20,3%, ligeiramente superior à da eleição de 2014 (19,4%). Contudo, se forem excluídos das abstenções os mais de 3,3 milhões de títulos cancelados por falta de biometria, o índice cai para 18%. Os votos nulos ficaram em 6,3% do total dos válidos, e 2,7% dos eleitores que compareceram às urnas votaram em branco. Valores muito próximos, respectivamente, dos 5,8% e 3,8% da eleição de 2014. Nada fora da tendência histórica.
No entanto, o significado desta eleição é profundamente diferente das anteriores. Está em jogo a avaliação do sistema político brasileiro, que se apodreceu ao longo das últimas décadas e é atualmente identificado com o jeito petista de governar, ou seja, com a corrupção sistêmica generalizada, o conluio com interesses privados, a substituição dos símbolos da nação pelas bandeiras vermelhas dos partidos de esquerda e do MST, a corrosão da autoridade pública e o desrespeito às instituições. Está, pois, em jogo o populismo lulopetista que domina o país desde 2003 e levou a economia à recessão, deixando milhares de desempregados nas ruas.
Quem encarnou a oposição às práticas políticas passadas e o antipetismo é um militar reformado que defende valores ultraconservadores, usa com competência as redes sociais, se apoia no medo e na insegurança que tomam conta da sociedade, apresentando-se como a versão tupiniquim do Capitão América, o herói justiceiro que combate o mal.
Na campanha do segundo turno, as estratégias de Haddad e Bolsonaro poderão ser alteradas para conquistar os 40 milhões de eleitores que optaram por não votar ou escolheram outros candidatos. Do lado petista, o caminho para o centro significa vestir a pele de cordeiro, prometendo moderação, aproximação ao mercado e conciliação com antigos adversários. Do lado de Bolsonaro, a promessa será a de continuar na luta para exterminar a era lulopetista. Se mantido o mesmo nível de abstenção e votos nulos e brancos, faltam-lhe apenas 4% dos votos para sua meta ser atingida.
Nos próximos dias, o país saberá como serão conduzidas as campanhas. Ir-se-ão discutir propostas e oferecer programas de desenvolvimento para os eleitores avaliarem ou aumentarão as munições do ódio e da intolerância para o terror da batalha do fim do mundo que abalará o Brasil nos próximos anos.
Antes da última votação, muitas emoções virão e, depois, muitas incertezas.
Por Marco Aurélio