OPINIÃO JOGO ABERTO: 08/03/2018
Dia Internacional da Mulher e a tarefa de todos nós.
Há um século a Conferência Internacional das Mulheres, reunida em Copenhague, proclamou o Dia da Mulher, num evento eminentemente reivindicativo, comprometido à época com a luta dos trabalhadores em todo o mundo, na busca por melhores condições de trabalho e de remuneração. Hoje, um sem número de eventos, agora realizados num mundo globalizado, apontam que metade da população mundial, as mulheres, está ainda longe de participar em igualdade de direitos, das liberdades e das prerrogativas, de tudo o que conquistamos ao longo do Século XX. E, no entanto, foi muito que avançamos desde então. Tanto que hoje, no Brasil, por exemplo, é difícil fazer crer aos jovens que suas mães, e muito menos suas avós, não podiam abrir conta corrente nos bancos, ou conseguir um passaporte, sem permissão do pai ou do marido. Foi grande a evolução: quase já não há mais resquício de discriminação contra a mulher por razão de gênero nas leis que regem a nossa convivência em sociedade. Mas o Brasil é pródigo em dissociar o dizer e o fazer, a palavra e o gesto, a intenção e a ação. Assim, enquanto a lei afirma a equidade de gêneros, o cotidiano da vida a desmente. Essa defasagem entre a legislação e a realidade concreta reafirma ainda muito do que imperou em nossa sociedade, mesmo que legalmente erradicado.
Está presente nas relações de trabalho e na vida em geral. Dissimula-se nos aspectos mais primários e elementares de uma relação equitativa. Menos salário para um mesmo trabalho; mais horas dedicadas às tarefas domésticas, sempre em dupla jornada; atenção quase solitária às crianças e aos idosos; presença bem menor nos postos de supervisão e de gerências nas organizações; participação secundária na política e no mundo acadêmico; e, sobretudo, vítimas sistemáticas da violência doméstica. Esses são apenas alguns dos principais exemplos de um desequilíbrio que é fonte permanente de injustiças, e, que por si sós, constituem-se em razões imperiosas para seguir lutando no sentido de transformar esse quadro de circunstâncias tão dramático. É disto que se trata quando se fala da imperiosa missão e da tarefa de nosso tempo em busca da conquista de uma verdadeira equidade de gêneros. Mas qual é a agenda? Qual é o objetivo que, diante deste quadro de desigualdades, é preciso converter no principal horizonte a ser efetivamente conquistado? A missão e a tarefa de todos os que lutam por equidade de gêneros nos tempos presentes é conseguir que as mulheres participem de igual a igual dos desafios que essas transformações nos projetam.
Acabar com a desigualdade entre sexos não é resolver simplesmente um problema exclusivo das mulheres, por si só muito relevante, mas equacionar e resolver um problema de todos no universo da sociedade. É isso que as mulheres representam hoje em todo o mundo nesta etapa tão marcante da trajetória humana: a solução dos problemas de nosso tempo. As mulheres já são a metade do conhecimento, do trabalho, do talento dos países desenvolvidos. E muito mais do que a metade da coesão social e do esforço em favor da paz nos países emergentes como o Brasil. Os tempos em que vivemos impõem mudanças imediatas. Tempos em que não mais se pode ceder espaço aos avanços já conquistados.
A igualdade de sexos e a igualdade de direitos e de oportunidades entre todos devem ser os valores centrais de um novo mundo a construir. Posicionar as mulheres ombro a ombro, na primeira linha do campo de batalha da luta e da construção de um mundo mais justo e mais fraterno, equitativo e equilibrado, generoso e cidadão, na luta por um mundo melhor, é hoje a missão e a tarefa de todos nós.
Fonte: Por Marco Aurelio