Opinião Jogo Aberto – 08 de Maio 2018

Lula fica inelegível?

Qual o futuro político de Lula? Após as eleições, qual será o espaço que o petista ocupará na vida nacional? Essa é uma dúvida que começa a incomodar petistas e não petistas, passado o primeiro mês da prisão do ex-presidente. Aos poucos, ele vai sendo esquecido, por mais cultuado que seja por parcela mais fanática da militância do partido e pelos políticos que dependem dele para se eleger. A fala do ministro Gilmar Mendes, prevendo que Lula não disputaria as eleições por ser ficha-suja, não provocou reações.

É como se a população, e até mesmo os petistas mais renitentes e ranhetas, já tivesse se acostumado com essa ideia. Aliás, desde que foi condenado, Lula, apesar de manter-se na liderança de diferentes pesquisas eleitorais, vem perdendo massa política. Bem ao contrário do que previam os profetas, figuras comuns na vida política, seu encarceramento não provocou nenhuma comoção, muito menos a convulsão social que até o ministro Marco Aurélio, do STF, chegou a imaginar que ocorreria. A não ser o triste espetáculo de São Bernardo do Campo, quando um grupo de irresponsáveis, estimulado por políticos lulo-dependentes, tentou resistir à ordem de prisão, numa tentativa clara de se criar um tumulto político.

Tumultuar o ambiente, vitimizar Lula, vai se tornando a estratégia mais viável para os petistas. Expô-lo a uma disputa eleitoral, por melhor que sejam os números de pesquisa, é, sabem os petistas mais sensatos, um enorme risco. O risco de o ídolo se mostrar com pés de barro – e com barro da lama da corrupção – e ser derrotado nas urnas. Improvável? É o que pensam os mais desvairados. Os mais centrados sabem que uma derrota é possível, e até provável, o que sepultaria o político Lula, levando consigo a legenda que criou e da qual é o dono indiscutível.

Melhor será, por mais cruel que possa parecer, mantê-lo encarcerado, vítima de uma Justiça subalterna aos interesses das elites, pelo único crime de ser um retirante que ousou ser líder e que, como Moisés, soube conduzir os mais pobres à terra prometida. Ou pelo menos próximo dela. A formalidade legal para a declaração da inelegibilidade de um ficha-suja facilita a estratégia petista. Quanto mais próximo das eleições Lula for impedido de candidatar-se, maiores as chances de ser vestido de mártir, de vítima de um golpe para impedir que ele suba novamente a rampa do Planalto carregado pelos pobres. Uma suposta violência contra um inocente comove e rende votos.

Mal comparando, foi assim com Israel Pinheiro, em Minas, e Negrão de Lima, no antigo Estado da Guanabara, que entraram na campanha faltando poucos dias para a votação, substituindo respectivamente os candidatos Sebastião Paes de Almeida e marechal Lott, ambos do PSD, impugnados pelo regime militar por serem próximos de JK. Vitória fácil de ambos. Uma resposta do eleitor às impugnações, que considerou injustiça. A onda pode se repetir com Lula e o candidato que vier a indicar. É nisso que o PT aposta. Podem apostar.

Por Marcos Aurelio

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