OPINIÃO JOGO ABERTO: 07/11/2017
Partido sem influência .
Falta menos de um ano para as eleições de 2018, quando o país deverá escolher qual rumo seguir. As pesquisas – e como têm aparecido pesquisas de diferentes institutos! – indicam o que sempre indicaram nesta altura do processo: polarização entre candidatos. Isso nas pesquisas quantitativas, as que medem as intenções de voto em determinado momento do processo. São, como gostam de dizer os políticos, um retrato do momento eleitoral. O que se vê em números nem sempre coincide com o que se flagra nas pesquisas qualitativas, que servem para compreender o comportamento, a opinião e as expectativas de determinado grupo da população, buscando compreender o que pode motivar a decisão de voto.
Especialistas em pesquisas e cientistas políticos asseguram que há fortes divergências entre os números encontrados pelas quantitativas e as expectativas das qualitativas. Essas divergências é que têm alimentado algumas movimentações no tabuleiro sucessório. É que a sinalização é de esgotamento dos candidatos de extremas e de uma tendência do eleitor em optar por candidatos mais conservadores com perfis modernos. É a essa tendência que se agarram Doria e Meirelles – o ministro ainda mais – para sustentar suas postulações. Doria age para quebrar a polarização entre extremos, teoricamente representados por Lula e Bolsonaro, restringindo a disputa entre uma suposta esquerda populista, representada pela candidatura do PT, e uma candidatura de centro progressista, representada por ele. Meirelles segue mais cauteloso, evitando conflitos, mas apostando na recuperação da economia. Se isso acontecer, especialmente a retomada do emprego, ele se apresentará como o candidato responsável pela retomada do crescimento, como fez FHC, em 1994, quando, montado no Plano Real, venceu, no primeiro turno, o petista Lula, que, como agora, liderava com folga na quantitativa a disputa presidencial. Aliás, a retomada do crescimento serve também a Doria, que anteontem, no Canal Livre, mostrou o quanto está preparado e por que venceu a eleição municipal em São Paulo no primeiro turno.
Só é ruim para Lula. Para Bolsonaro, é indiferente. Sua candidatura se baseia na moralidade. Como se, no regime militar, a corrupção fosse diferente. Seja lá quem forem os candidatos, a influência dos partidos será nula. Para o bem e para o mal, as siglas partidárias hoje valem bem menos do que sempre valeram. Pontualmente, elas tiveram algum significado, como o PMDB na redemocratização, com Tancredo; o PSDB, com o controle da inflação e a retomada do desenvolvimento na era FHC; e o PT do discurso da moralidade e justiça social, que o sustentou até a chegada ao poder, quando descobriu uma verdade universal: o poder corrompe. E corrompe mais os que têm tendências despóticas.
Teremos, portanto, uma eleição de nomes, o que explica os arranjos que se desenham nos Estados, onde adversários aparentemente inconciliáveis, como o PT com os que votaram pelo impeachment de Dilma, são vistos aos cochichos, conciliando interesses que, podem apostar, não são os da população. Acorda, povo.
Fonte: Por Marco Aurelio