OPINIÃO JOGO ABERTO: 07/02/2018

Dois mil e dezoito será um ano político por excelência.

As agendas econômicas e políticas serão determinadas, principalmente, pelo calendário eleitoral. Até o princípio de abril, os partidos estarão organizando seus jogos e definindo candidatos e possíveis alianças. Agora, o jogo é jogado em Brasília. A maior parte da população manterá sua rotina sem prestar muita atenção nessas artimanhas que lhes fazem pouco sentido. A população só voltará ao tema em agosto, quando começar a campanha propriamente dita. Nesta fase atual, há de se ter cuidado na análise das pesquisas de opinião pública que, com listas fechadas de alternativas, pressupondo cenário como se as eleições fossem hoje, apenas testam o grau de conhecimento dos possíveis candidatos, servindo para avaliação da viabilidade deste ou daquele nome. Pesquisas eleitorais, agora, têm pouca serventia para projetar resultados futuros.

No entanto, alguns sinais que emergem de seus resultados podem ser importantes para reflexões sobre o que poderá acontecer. Parece evidente a possibilidade de haver segundo turno em razão da insuficiente intenção de votos que todos os candidatos obtêm no primeiro turno, mesmo no caso de Lula, não mais de 35%. Outro, menos evidente, é o aparente desprezo de alta parcela dos eleitores para questões éticas, como corrupção, conforme a indicação de mais de 45% que votariam em Lula no segundo turno. Essa proporção é muito maior do que a votação histórica do PT e não pode ser imputada apenas a uma convicção ideológica esquerdista. Já foi assim em 2006, 2010 e 2014. Outra clara evidência que emerge das pesquisas é a baixa aprovação do governo Temer, colocando em risco candidaturas que possam depender de seu apoio.

Além das pesquisas eleitorais, há de se ver também os movimentos dos partidos e dos possíveis candidatos e as consequências das decisões do Poder Judiciário. Na oposição, se a baixa mobilização popular, quer a favor, quer contra a condenação de Lula em segunda instância, pode ser um sinal de que esse resultado já estava computado nas avaliações dos eleitores, é inegável que teve impacto sobre as estratégias dos outros pré-candidatos. A provável inviabilidade de Lula no pleito poderá favorecer outras candidaturas, como as de Marina, Ciro, Manuela ou Bolsonaro. O esforço do PT em propor união das esquerdas, já no primeiro turno, parece uma tentativa para evitar a viabilidade precoce de outro nome fora de suas fileiras. Na situação, as esperanças restam no desempenho da economia. Até agora, os bons resultados econômicos não afetaram positivamente a avaliação do governo. As taxas de desemprego, o principal indicador econômico para influir na decisão dos eleitores, estão ainda altas. Candidatura de partido da base do governo, inclusive do PSDB, dificilmente terá sucesso sem estar vinculada a Temer. Nesse grupo da situação, Meirelles é o que mais poderia se beneficiar com o possível impacto do bom desempenho da economia, mas tem uma estratégia de alto risco. Seu limite para deixar o ministério é o início de abril, e ele quer repetir com Temer o que tentou fazer com Lula em 2010: pedir a garantia de apoio a sua candidatura antes de sair do governo. Como Lula, Temer não pode lhe dar. Rodrigo Maia tem mais flexibilidade para viabilizar sua candidatura, cujo prazo-limite é a convenção dos partidos. O fantasma de Alckmin está no seio de seu partido e é conhecido pelo nome de Luciano Huck. O complexo jogo está apenas começando, e quase tudo está ainda indefinido.

Fonte: Por Marco Aurelio


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