Opinião Jogo Aberto – 07 de Agosto de 2019
O Supremo não quer que eles – enquanto contribuintes – sejam tratados como nós.
Há certo embate entre o ministro Gilmar Mendes, ex-presidente do Supremo, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela criticou um processo do STF que fez parar uma pesquisa da Receita Federal que incluía nomes de dois ministros: Dias Toffoli e Gilmar Mendes.
Seria algo normal com todos nós, mas o Supremo acha que não pode ser feito com eles. Dodge disse que não pode haver tribunal de exceção. Gilmar Mendes respondeu dizendo que tribunal de exceção é a Lava Jato.
Mas a Lava Jato não é um tribunal: quem investiga é a Polícia Federal e quem denuncia é o Ministério Público. Agora, quem julga é a Justiça. O próprio Gilmar Mendes já foi presidente do poder Judiciário e sabe muito bem disso.
Essa pesquisa envolve todos nós contribuintes, mas está dando problema porque, ao que parece, o Supremo não quer que eles – enquanto contribuintes – sejam tratados como nós, os outros contribuintes.
Ninguém está acima da lei e ninguém pode estar acima da lei. O STF tem que ser o maior exemplo de cumprimento da lei porque, afinal, ele é o tribunal Supremo.
Lemos uma notícia de que o ex-senador Luiz Estevão – que está cumprindo pena em Brasília pelo escândalo da construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo – está agora cumprindo castigo de três dias em isolamento. Segundo a notícia, “por suposto assédio a uma agente penitenciária”.
Não entendemos como alguém pode ser punido por algo suposto. A gente tem que revisar o texto jornalístico; se é um suposto é porque alguém supôs. Vão puni-lo por que alguém supôs?
Temos visto essa linguagem: o sujeito confessou que matou, mas ele é o suposto assassino. Como assim suposto assassino se ele é o assassino confesso? Está na hora de corrigir nisso.
Uma televisão e uma revista, ambas de São Paulo, pediram para entrevistar o Adélio Bispo. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região não permitiu.
Se ele sofre de transtorno delirante permanente, como é que se entrevista pessoas transtornadas e delirantes permanentemente? Não tem como, a não ser que fosse para um documentário sobre mau tratamento dessas pessoas. Mas entrevistar alguém com transtorno delirante permanente só pode ser delírio.
Foi publicada uma medida provisória do presidente da República que até demorou para sair. Fica cancelada a obrigatoriedade de as empresas publicarem seus balanços em jornais. Até porque ninguém lê um balanço publicado em jornal…
A única coisa que acontece é o seguinte: o jornal ganha dinheiro com isso porque a empresa tem que pagar uma ou, às vezes, duas páginas inteiras de jornais. É uma coisa que já está fora de época, extemporânea, não existe mais.
Antes o jornal era o único meio de comunicação, mas hoje a empresa coloca o balanço no seu site e os acionistas, os cotistas e os associados vão lá e olham. Não precisa mais pagar página de jornal. Coisas óbvias…
Foi apreendida uma tonelada e meia de maconha no porto de Itajaí. Era uma maconha que estava indo para a Europa deixar os europeus viciados e esquizofrênicos. É isso que a maconha provoca. Além disso, essa droga provoca depressão, suicídio e o retardamento de reflexos.
O Hospital das Clínicas de Porto Alegre fez uma pesquisa e descobriu que a maconha causa mais acidentes de trânsito que o álcool. E todo mundo sabe que a fumaça da maconha causa mais câncer que a fumaça do tabaco.
Agora, entre as 480 substâncias da maconha existe uma chamada canabidiol. Estão usando esse pretexto para tentar liberar o plantio de maconha. Primeiro tentam liberar o canabidiol fazendo lobby na Anvisa. Depois vão querer liberar o uso recreativo, e depois o plantio.
Tudo isso é inútil se a gente lembrar que tem um laboratório brasileiro, em Toledo no Paraná, o Prati-donaduzzi, que está que está no finzinho da produção sintética do canabidiol. Inclusive já está fazendo um remédio chamado Myalo para epilepsia.
Então, se já há a produção sintética do elemento canabidiol não justifica esse lobby todo: um negócio de R$ 10 bilhões ao ano que estão fazendo sobre Anvisa.”
Por Marco Aurélio