OPINIÃO JOGO ABERTO : 06/06/2017
Uma sociedade coadjuvante.
Não há dia, e essa realidade já dura anos, em que aos brasileiros ocorram momentos de paz e esperança. O segundo mandato de Dilma Rousseff foi marcado, desde seus primeiros dias, pela oposição, com fortes denúncias de abuso de poder econômico a serviço da chapa PT-PMDB, acusada de assim vencer as eleições. Depois da denúncia aceita pelo TSE, na qual a principal chancela fora a do PSDB, arrastou-se o impeachment da presidente, paralelamente ao andamento das dezenas de operações da Polícia Federal e do Ministério Público, delas não descansando o juiz Sergio Moro, que meteu atrás das grades grandes empresários, dirigentes de estatais, políticos, entre eles o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Para cortarmos caminho, a revelação da delação premiadíssima dos irmãos Batista incendiou Aécio Neves, retirou-lhe temporariamente o mandato de senador, prendeu sua irmã Andrea e seu primo Frederico, ação que respingou em todo o PSDB para assim lhe quebrar as pernas. Demorou. “Contra fatos não há argumentos, somente mentiras. Inútil negar que a corrupção grassou geral, em todo o Brasil.
Um país sem comando, sem opções porque tudo são prioridades, marcado pela iniquidade, sem lideranças porque as que havia já não são confiáveis, seja pelo despreparo ou pela conduta, ou pela conjugação de ambas as características, sem lei, sem segurança social e jurídica, com um desemprego monumental e que só avança, com uma economia a serviço dos bancos e dos banqueiros, com uma carga tributária estúpida, massacrante, injusta, não tem direito a mais aventuras.
Hoje o TSE vai decidir sobre a chapa Dilma-Temer, podendo iniciar o segundo processo de despejo de um presidente da República em pouco mais de um ano. O caminho é aquele ditado pela Constituição Federal, que determina que seja escolhido pela via indireta o novo presidente, se Michel Temer for destituído do cargo. O colégio eleitoral, formado por deputados federais e senadores, é aquele que tem em sua composição quase cem nomes já citados nas delações da Lava Jato. Outras centenas são nomes que, pelo andar da carruagem, estarão nas delações da JBS. Falar agora em legitimidade? É a regra, é o colégio eleitoral que o povo, pelo voto, elegeu. Péssima situação a que vivemos e que certamente poderá piorar. E muito. São as consequências de um país que não enxerga há muito programas, bandeiras, compromissos, cuja história a cada dia mais se faz em torno das pessoas, e não de suas ideias. E assim e por isso, nada também se fez, que não o jogo de poder, no qual a sociedade é mera coadjuvante e seu interesse, um capítulo à parte.
Que ingenuidade pedir a quem tem poder para mudar o poder”.
Fonte : Por Marco Aurelio