Opinião Jogo Aberto – 06 de Março de 2020
Economia travada O IBGE.
informa que, em 2019, o PIB cresceu apenas 1,1%. Portanto, menos do que 1,3% dos dois anos anteriores. Muda o governo, mas o drama continua. A economia não decola. A renda real per capita mantém-se estável, variou 0,3%.
Os principais fatores que contribuíram para a expansão de 2019 foram a recuperação do setor de construção – 1,6% nas atividades de construção e 2,3% nas imobiliárias, e a produção e distribuição de eletricidade, gás e água (1,9%). Construção, petróleo e gás impulsionaram a economia.
A agropecuária (1,3%) teve seu crescimento menor desde 2017. A indústria de transformação continuou estagnada (0,1%), e o setor de extração mineral teve queda de 1,1% devido ao impacto negativo do desastre de Brumadinho. Com a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) crescendo 2,2%, a taxa de investimentos ficou em 15,4%, ainda aquém do necessário para um crescimento mais acelerado.
Embora gradual, o crescimento exibe importantes mudanças de qualidade. A redução da taxa Selic está amparada na melhoria dos fundamentos da economia, expressa na trajetória de queda da taxa de juros de longo prazo. Essa queda e o enxugamento do BNDES abriram espaço para a expansão do mercado de capitais. O aumento do emprego e o crescimento nominal do crédito livre às pessoas físicas (14,4%) contribuíram para a expansão do consumo das famílias.
Salientamos a relevância da política monetária para a expansão econômica, fato inusitado na história econômica do Brasil. A retomada da construção valeu-se, no lado da oferta, dos recursos disponibilizados pelos fundos imobiliários, e, no lado da demanda, da ampliação da participação dos bancos privados no financiamento das aquisições de imóveis.
Resta superar os entraves fiscais e promover ganhos de produtividade para um crescimento mais robusto. Missão que não cabe ao governo sozinho, mas a toda a sociedade. As disputas políticas mesquinhas, os ataques a supostos adversários, enfim, o estado permanente de beligerância inibem o crescimento econômico.
Falta coordenação eficaz da atividade política para a aprovação das reformas fiscais, que estão no Congresso. E as privatizações e concessões no setor de infraestrutura precisam caminhar mais céleres para atrair investimentos, aumentar a produtividade e gerar empregos. Para um novo ciclo de crescimento, o governo precisa promover o equilíbrio fiscal e oferecer um ambiente de negócios estável, e o setor privado, retomar a confiança e fazer os investimentos.
Os riscos da expansão do coronavirus mundo afora são ameaças reais para o crescimento. A exitosa experiência do Brasil de coordenação eficaz das instituições de saúde no pronto combate à Covid-19 poderia estimular governantes e líderes privados a fazerem o mesmo no campo da economia. Deixem as rusgas para depois. A economia precisa ser destravada.
Por Marco Aurélio