Opinião Jogo Aberto – 04 de Fevereiro de 2019
Estudo para todos.
O ministro da Educação do governo Bolsonaro deu, na semana passada, mais uma de suas entrevistas polêmicas. Disse que a universidade não é para todos, “deve ficar reservada para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica”.
À primeira vista, a declaração parece preconceituosa – uma discriminação contra as pessoas que almejam ascender socialmente por meio da educação, fazendo um curso superior. A redemocratização criou o conceito de que a universidade é para todos.
Segundo o ministro, a universidade não é para todos. Para ele, não faz sentido alguém estudar anos para ser advogado e virar motorista de Uber. Esta é, de fato, a realidade de muitos graduados pela universidade, não por causa dessa, mas devido à economia.
A crise econômica é que vem empurrando para o subemprego e a informalidade muitos graduados pela universidade. Que podem se considerar iludidos, uma vez que, apesar dos estudos feitos, não encontraram a oportunidade que esperavam no mercado.
O ministro é cruel com essas pessoas, ao afirmar que o motorista de Uber “poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação”. Ele erra, no entanto, ao considerar que a situação de motorista de Uber é uma situação permanente, e não transitória como é.
O ministro é crítico, talvez, da bacharelice que predomina em nossa sociedade desde o Império. No entanto, isso nada tem a ver com o movimento que governos recentes patrocinaram, permitindo a que mais segmentos sociais pudessem ter acesso à universidade.
Até então, a universidade estava restrita à elite econômica. Ocorreu um fenômeno novo: a crença do brasileiro na educação. Para realizar esse sonho, ele busca, sobretudo, a universidade privada, utilizando mecanismos como o Fies, que o ministro quer enxugar.
É uma aspiração legítima que só vai aumentar na medida em que os ensinos fundamental e médio receberem os investimentos necessários.
Por Marco Aurélio