Opinião Jogo Aberto – 02 de Novembro de 2018
Alívio e apreensão frente às futuras políticas públicas Alívio? Talvez seja o que os brasileiros sintam neste momento. Lá se vão pelo menos cinco anos de sufoco entre as grandes manifestações de rua, o impeachment da “presidenta” e o ódio destilado nas últimas eleições. Ninguém merece.
Nossos temores podem ficar por conta de medidas polêmicas que venham a ser tomadas pelo novo governo e da inconformidade de parcelas mais inquietas das forças políticas derrotadas.
Na verdade, não houve um vencedor, e sim vencedores que depositaram nas urnas um baita “não” às velhas oligarquias e a seus aliados dos últimos anos. Estes saem da história menores do que entraram.
É cedo para emitir juízos sobre o futuro governo, mas é possível identificar em sua equipe discordâncias sobre alguns temas, como a reforma da Previdência: ao futuro ministro da Economia parece agradar a ideia de que esta seja votada ainda no governo Temer, enquanto o futuro ministro- chefe da Casa Civil propõe sua reformulação e aprovação após a posse do presidente eleito.
Esta última perspectiva pode cheirar vaidade que costuma acometer os recém-eleitos, desejosos de tudo refazer, sobrecarregando e, com frequência, inviabilizando a agenda de reformas urgentes. Sempre muito criticado o isolacionismo e o acentuado conteúdo ideológico da política externa brasileira, mas não posso deixar de observar que foi, no mínimo, deselegante a resposta de Paulo Guedes à jornalista argentina de que o Mercosul não é uma prioridade.
Não custa lembrar que o país vizinho, a Argentina, é nosso terceiro maior parceiro comercial e o principal importador de produtos industriais brasileiros. Lembremo-nos das palavras do ex-presidente Lula, que, ao ser questionado sobre a formação de um bloco econômico no continente americano, respondeu que a Aliança de Livre Comércio das Américas (Alca) já havia nascido morta.
Tais descuidos apontam para a necessidade de que o futuro presidente inclua em sua equipe experientes assessores para assuntos internacionais. Podemos até citar alguns nomes de velhos jornalistas que viveram em várias partes do mundo cobrindo guerras, estudando geopolítica e se inteirando dos mais diversos costumes e idiossincrasias regionais. Basta abrir o leque de opções para identificar, fora do círculo imediato do poder, nomes que prestariam bons serviços à política externa brasileira.
É, preciso ficar atentos à fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Para que não coloquemos a raposa para tomar conta do galinheiro.
A minúscula Holanda é o segundo maior exportador de produtos agroindustriais do mundo, o que comprova que nossa agropecuária não carece de mais desmatamento, e sim de aumento da produtividade e da incorporação de maior valor agregado a seus produtos de exportação.
Por Marco Aurélio