A incrível coragem daqueles que se dispõem a governar nosso país.
Sempre nos impressionamos, mas hoje foi muito mais, a coragem daqueles que se dispõem, publicamente, e sem qualquer constrangimento, mesmo diante dos graves problemas que advirão daqui para a frente, a governar nosso país. Esses pretendentes são possuídos, em primeiro lugar, por alta dose de vaidade.
A vaidade, que você conhece tão bem, talvez nem tenha tanto significado, pois se trata de um traço comum aos mortais. E mais: a vaidade pode até funcionar, em alguns casos, como estímulo. É em seu exagero que está o contexto. Alguns não se acham só parecidos com Narciso, mas se consideram o próprio.
O amor à pátria – este sentimento hoje considerado entre nós, simplesmente, ultrapassado ou idiota – pode ocorrer, mas em doses mínimas. O que realmente prevalece, para que esse desiderato seja desesperadamente perseguido, é a obstinação pelo poder, não para servir ao país, mas para se servir dele. Em alguns, essa obstinação é resultado de pura paranoia. Na política, não raras vezes, os paranoicos conseguem obter sucesso.
O que se vê neste princípio de desabafo foi ditado, com razões de sobra, em boa parte, pela angústia que hoje nos domina, aliada a um medo difuso que tenta tomar conta de todos nos, na tentativa de não corroer por dentro e nos deixar, ao lado de tantos outros, totalmente desanimados, senão irremediavelmente pessimistas.
Lutamos, bravamente, para que não se perca a esperança que ainda temos em nosso país. Mas é assim, que por enquanto encaramos os candidatos à Presidência da República que aos poucos vão sendo escolhidos. Nada do que dizem pode nos convencer de que estejam preocupados com o país ou com o esfarrapado bem comum.
Para todos eles, os quesitos mais importantes, até agora, são a escolha do vice e o apoio do tal “centrão” – um verdadeiro monstro de mil cabeças, criado de propósito pelos que tomaram conta do Congresso Nacional. Uma super-hidra, que caiu nas mãos de Geraldo Alckmin, mas foi acalentada por Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Que serviu e serve a gregos e troianos, incluídos aí petistas e tucanos. Todos eles precisam demais dela e de suas traquinagens, auxiliadas pelo dinheiro do Fundo Partidário a sua disposição. Querem ser novamente eleitos. Estão interessados, tão somente, em sua recondução ao Congresso e, mais que tudo, na firme manutenção do chamado “status quo” vigente.
E é ela, a eleição parlamentar ou proporcional, a mais importante para todos nós, e, obviamente, para o país. Vamos, então, surpreendê-los submetendo nossos votos, tanto para deputados estaduais quanto para federais ou senadores, a critérios rigorosos.
Se é que desejamos preservar, aperfeiçoar e, afinal, consolidar o regime democrático e a liberdade – o maior bem de que dispõe o ser humano. Se não surgir, um candidato a presidente capaz de evitar que este país termine como tantos outros da América Latina, nossa salvação, enfim, poderá estar num Congresso Nacional reformista.
Por Marco Aurélio
Deixe um comentário