O encerramento da longa briga jurídica entre Palmeiras e WTorre pela gestão do Allianz Parque é uma boa notícia ao clube e que promete ter efeitos práticos no dia a dia da instituição. Na quarta, os parceiros anunciaram um acordo de R$ 117 milhões.

Mais do que receber à vista R$ 50,1 milhões pelas dívidas pendentes e ainda ter a cessão de diferentes propriedades do Allianz Parque, o Palmeiras elimina uma disputa que gerava desgastes.

Com isso, o Verdão passar a ter um diálogo ainda mais próximo com a construtora e a possibilidade de implementar mudanças esperadas no Allianz Parque.

Símbolo do Palmeiras no Allianz Parque — Foto: Marcos Ribolli

Símbolo do Palmeiras no Allianz Parque — Foto: Marcos Ribolli

Abaixo, o ge lista pontos que devem melhorar para o clube após a vitória nos bastidores para os parceiros, que completam neste próximo mês 10 anos de uma relação que vai durar até novembro de 2044.

Melhora no diálogo e decisões

 

Palmeiras e WTorre sempre tiveram a relação estremecida desde a abertura da arena, em 2014, por diversas divergências, seja por dinheiro, interpretação do contrato, datas de shows e números de cadeiras no Allianz Parque.

Com a consolidação da boa relação entre as partes, a tendência é que o Verdão tenha mais poder de decisão na definição da agenda de jogos no Allianz Parque. Neste ano, os parceiros já afinaram o discurso neste sentido.

No duelo contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, por exemplo, a estrutura da banda “Forfun” iria impedir de abrir o setor Gol Norte.

Palmeiras, então, solicitou à WTorre que conseguisse uma forma de viabilizar a abertura do local. A estrutura do palco foi montada pela metade, possibilitando ter imagem parcial do campo. O Verdão teve casa cheia no duelo.

Desde que a arena foi inaugurada, o clube foi comandado por Paulo Nobre, Maurício Galiotte e Leila Pereira. Nos três governos, a relação foi de mais baixos do que altos com o parceiro, chegando a um dos piores momentos ano passado.

O acordo terminou celebrado por Leila e Silvia Torre, co-fundadora da WTorre, mas outros dois nomes tiveram papel importante na reaproximação desde o início de 2024: Cristiano Koehler, CEO do Palmeiras, e Marcelo Frazão, diretor de marketing da WTorre.

A partir do contato mais próximo entre os dois dirigentes, a construtora voltou a fazer repasses mensais das receitas a que o Verdão tem direito e foi retomada a busca por um acordo.

Palmeiras terá setores com visão parcial no estádio contra o Flamengo — Foto: Divulgação

Palmeiras terá setores com visão parcial no estádio contra o Flamengo — Foto: Divulgação

Setor popular

 

Uma das novidades com o acordo é a liberação de um setor de cerca de 1 mil lugares no Gol Norte, até hoje desocupado. Ainda não está definido o que será feito no local, mas esta é a possibilidade, enfim, da inauguração de um setor popular.

Durante o acordo entre Palmeiras e Real Arenas, braço da WTorre e responsável pela gestão do Allianz Parque, havia um projeto para a implementação dessa área mais barata no setor Gol Norte, onde ficam as torcidas organizadas.

Com as inúmeras disputas entre as partes, o projeto nunca foi de fato consumado. O setor popular seria para 723 pessoas, com ingressos vendidos a R$ 40 (R$ 20 a meia-entrada), o mínimo estipulado pelo regulamento do Brasileirão.

A região chegou a passar por adaptação, a torcida ficaria em pé, e aguardava a liberação da Polícia Militar.

Mas a partir do momento que não houve um acerto quanto ao valor cobrado na Justiça Comum pelo Palmeiras, o acordo foi suspenso, a arbitragem retomada e o diálogo entre os parceiros diminuiu. O fim da briga jurídica, portanto, pode fazer o tema ser retomado.

Setor Gol Norte do Allianz Parque — Foto: Marcos Ribolli

Setor Gol Norte do Allianz Parque — Foto: Marcos Ribolli

Discussão sobre locais das cativas

 

Ao longo das disputas judiciais entre parceiros, havia divergências quanto aos assentos que seriam disponibilizados para diferentes projetos, como o Avanti (programa de sócio-torcedor do Palmeiras), Passaporte (venda de cadeiras da WTorre) e as cativas da arena.

Por uma decisão judicial, a construtora poderia mudar a localização das cativas das regiões centrais do estádio para setores atrás do gol. Com o acordo, estes tópicos estão superados.

Desde a inauguração do estádio, a receita de ingressos em jogos é toda do Palmeiras, mas havia a discussão sobre a divisão para comercializar as cadeiras.

A primeira disputa na arbitragem foi referente a isso e deu razão ao clube, de que a WTorre poderia comercializar apenas 10 mil cadeiras do Allianz Parque. A construtora na época entendia ter direito a vender todos os mais de 41 mil lugares da arena.

Allianz Parque antes de Palmeiras x Corinthians — Foto: Marcos Ribolli

Allianz Parque antes de Palmeiras x Corinthians — Foto: Marcos Ribolli

Garantia de receita mensal

 

Palmeiras agora pode ter tranquilidade de que irá receber de maneira frequente as receitas pela locação da arena para eventos, exploração de áreas como lojas, lanchonetes e estacionamento.

A partir de novembro, quando a parceria entrará no 11º ano, a WTorre tem que repassar ao clube 35% de tudo que faturar com essas propriedades. Desde o início de 2024, a construtora voltou a fazer os depósitos após nove anos de inadimplência.

Palmeiras também tem direito a 15% das receitas pela locação de cadeiras, camarotes, além do naming rights com a Allianz Seguros.

A cada cinco anos de acordo, a porcentagem dos dois acordos sobe 5%.

Com o acordo, encerra-se o processo na Justiça Comum em que o Verdão chegou a cobrar R$ 160 milhões contra a parceira. Os R$ 50,1 milhões foram pagos à vista como parte da finalização deste embate.

Allianz Parque antes de Palmeiras x Botafogo — Foto: Marcos Ribolli

Allianz Parque antes de Palmeiras x Botafogo — Foto: Marcos Ribolli

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