Nove factos que tem de saber sobre a Hepatite A
São muitos os vírus que podem causar inflamação hepática, no entanto os principais são os vírus denominados ‘das hepatites’: A,B,C,D e E.
Sobre a Hepatite A:
– A hepatite A (HA) é uma doença inflamatória aguda difusa do fígado causada pelo vírus (VHA). É um vírus RNA da família picornavírus e do género heparnavírus, que tem um único reservatório, o homem.
– É uma doença universal e é a causa mais frequente de hepatite aguda no mundo.
– Infecta pessoas de ambos os sexos e em qualquer idade, mas predomina nitidamente na criança. A maior incidência ocorre entre os 5 -15 anos. Na criança a HA é geralmente benigna e muitas vezes assintomática.
– A sua distribuição mundial sobrepõe-se ao nível sócio económico das populações, isto é, tem uma incidência muito elevada em África, na maioria dos países latino americanos e na Ásia. Incidência relativamente baixa na Europa ocidental, Austrália e Estados Unidos. A prevalência em Portugal é baixa.
– É o tipo de endemicidade que condiciona a epidemiologia da infecção:
Nos países de endemicidade elevada ( países menos desenvolvidos, como alguns do continente africano, américa do sul, regiões da ásia e europa de leste) a infecção ocorre nas crianças desde os primeiros anos de vida e é habitualmente assintomática.
– Nos países de endemicidade intermédia, aqueles com melhores condições de higiene sanitária. A exposição ao VHA, ocorre sobretudo na adolescência e em adultos jovens.
Nos países mais desenvolvidos com elevado nível de higiene sanitária (europa; américa do norte), são os que têm endemicidade mais baixa.
Aqui os casos são habitualmente esporádicos e o vírus atinge sobretudo os adultos. Estes podem adquirir a doença por viajarem para zonas endémicas, por surtos epidémicos, relacionados com a ingestão de alimentos contaminados ou por contacto direto com doentes provenientes desses países.
Importante referir que no adulto e em determinados grupos de risco a infecção pelo VHA, pode ter importante morbilidade e até mortalidade significativa.
– O VHA é excretado nas fezes, pelo que a infecção é predominantemente transmitida pela via fecal-oral.
O contágio pode ser feito por : contacto direto com a pessoa infectada ( que frequentemente está assintomática) ou com as suas fezes contaminantes ( ex: nos infantários a manipulação de fraldas com fezes contaminadas) ; utensílios da comida e por bebidas ou alimentos contaminados com fezes (verduras, mariscos..), uma vez que o vírus pode permanecer nos alimentos que se consomem crus ou pouco cozinhados.
O facto da transmissão ser quase exclusivamente fecal-oral, reforça a importância da melhoria do saneamento e condições de higiene da população para diminuir de forma significativa a endemicidade do VHA.
– A HA tem um período de incubação em média de 28 dias, podendo variar entre 15 a 50 dias. Durante este período não há sintomas clínicos.
– A vacina para a hepatite A, existe desde 1992. É uma vacina de vírus inativado, segura, que induz a produção de anticorpos específicos em 100% dos vacinados. Confere proteção duradoura e não interfere com outras vacinas. Em Portugal existem duas vacinas no mercado, de eficácia sobreponível. A Comissão de Vacinas da Sociedade Portuguesa de Pediatria publicou os consensos e recomendações para a vacinação contra o vírus da hepatite A, que referem que :
Devem ser prioritáriamente vacinadas todas as crianças, adolescentes ou adultos que:
– Viajem para países com endemicidade intermédia ou alta;
– Tenham patologia hepática crónica;
– Candidatos a transplante hepático ou Hemofílicos conforme as normas da DGS ( Direção Geral Saúde)
– Com HIV;
– Com contacto próximo com doente com Hepatite A ( Profiláxia pós –exposição);
– Adolescentes com comportamento sexuais de risco para transmissão de VHA, em particular no contexto de surtos.
A vacina para a HA, deve ser administrada em duas doses, por via intra-muscular na coxa (músculo recto lateral) ou braço (deltoide), com intervalo de 6 a 12 meses. No entanto é preferível com 1 ano de intervalo porque a resposta imunológica é mais duradoura. No caso de se verificar atraso na administração da segunda dose não é necessário recomeçar o esquema vacinal.
Não está recomendada em crianças com menos de 1 ano de idade, porque no 1º ano de vida os anticorpos maternos, caso existam, podem neutralizar a vacina.
A vacina pode ainda ser usada na profiláxia pós exposição, devendo ser administrada em indivíduos susceptíveis nos 14 dias seguintes após contacto.
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