Monte Negro pode ficar sem carne por medida extrema da Prefeitura, dizem comerciantes
O Ministério Público Estadual iniciou uma investigação contra supostos abatedouros clandestinos que estão em funcionamento em Monte Negro. O extrato de portaria foi publicado no dia 02 de maio, onde os trabalhos serão conduzidos pelo promotor de Justiça, Glauco Maldonado Martins, da 1ª promotoria de Ariquemes.
Mas, os donos de supermercados, mercados e açougues da cidade informaram ao Rondôniavip que a Prefeitura teria tomado uma medida extrema: a partir da sexta-feira (20) estará proibido o abate e a comercialização de carne fresca e demais derivados oriundos de matadouros da região.
Um açougueiro, que pediu para não ter a identidade divulgada, já pensa em fechar as portas e se mudar para outra cidade. “Os açougues daqui de Monte Negro tiveram um prazo até sexta-feira (20) para se adequarem às normas que o Ministério Público teria divulgado. Monte Negro não tem matadouro regularizado, só um que a proprietária diz que é regularizado, mas o Ministério Público apontou que não é. Nisso, a Prefeitura deu o prazo para até sexta-feira (20), vender toda a carne que tem no estoque. Me informaram que a partir daí, não será mais permitido o abate dos bois na região. Eu não sei o que fazer da minha vida, já que os frigoríficos de Ariquemes não vão querer entregar carne aqui em Monte Negro. O maior prejudicado é a população que vai ficar sem o produto, mas eu também vou ficar sem renda. A única alternativa será a carne de frango, que já vem industrializada e embalada. Acho que vou ter que me mudar para Buritis, já que lá tem um matadouro regularizado”, apontou ele.
O ex-dono de matadouro Josivaldo Henrique da Silva, mais conhecido como Novo, revelou que a Prefeitura de Monte Negro ficou omissa durante anos sobre a questão dos abatedouros irregulares, sem contar que a concorrência desleal provocou o fechamento da sua empresa. “Eu pagava um imposto bem alto aqui. Mas com a concorrência dos matadouros clandestinos, tive que fechar. Era tudo regularizado, certinho. Já faz cinco meses que parei de trabalhar. Tem pelo menos três clandestinos aqui, fora o que os caras matavam pelo mato e eu fui ficando com desgosto, já que tinha que pagar funcionários e os impostos. Em média, pagava 220 reais por animal abatido. A culpada de tudo isso é a Prefeitura, já que fiz nove denúncias registradas em cartório. Levava tudo até pra Ariquemes, mas não deu certo. Todo o mês, eu pagava 15 mil reais de impostos, mas pagava satisfeito. Quando eu chegava na Prefeitura, diziam que iam tomar providências, mas não acontecia nada. Acho que tinham medo. Procurei o vereador Marcos, que bateu bastante nisso, mas não teve jeito”, desabafou ele.
Já a presidente da Associação Comercial e Industrial de Monte Negro (Acimon), Asli Deitos, tentou acalmar a população da cidade e afirmou à equipe de reportagem que não haverá desabastecimento de carne. “Os matadouros estão irregulares, então, os comércios pegarão carne nos frigoríficos de Ariquemes até que os de Monte Negro se regularizem. Alguns já estão se mexendo, como a Suely do União, que já comprou pistola, já encomendou a câmara, já estão correndo atrás da documentação. Não corremos o risco de ficar sem carne. O que não pode acontecer é vender a carne sem procedência, sem carimbo da inspeção. Foi dado um prazo e os proprietários não conseguiram cumprir, pois é um investimento muito alto. A única coisa que não sei informar é em relação ao preço, se vai haver um aumento por conta do transporte desse produto de Ariquemes para cá”.
Sem ordens
O promotor de Justiça, Glauco Maldonado Martins, informou por meio da Assessoria de Comunicação do Ministério Público, que não pode opinar sobre a decisão da Prefeitura, mas que não há nenhuma recomendação ou ordem judicial para que sejam fechados os matadouros ou proibida a venda de carne nos supermercados, mercados ou açougues de Monte Negro.
Segundo ele, o que ocorre é a continuação de uma investigação iniciada em 2006, pelo também promotor de Justiça, Nelson Liu Pitanga. Tanto que a portaria publicada no dia 02 de maio endossa que vai investigar “supostos abatedouros clandestinos em Monte Negro”, o que não comprova se ainda há matadouros irregulares na cidade, já que a apuração ainda está na fase da coleta de provas.
Ainda de acordo com a Assessoria de Imprensa do MPE, foram feitos apenas dois pedidos à Prefeitura de Monte Negro: um à Secretaria Municipal de Planejamento, para envio dos alvarás de funcionamento dos matadouros, caso existam, e, outro à Secretaria Municipal de Agricultura sobre os relatórios do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) em relação às visitas feitas nos locais pedidos pelo Ministério Público.
Silêncio
Entramos em contato com a chefia de gabinete da Prefeitura de Monte Negro, mas 24 horas depois, até o fechamento desta matéria, não tivemos nenhum retorno sobre nossos questionamentos.
Fonte:RONDONIAVIP