Mineirão da década de 1970 e arenas europeias inspiram futuro estádio do Atlético-MG
Na segunda-feira, 20 de abril, o Atlético-MG iniciou o “marco zero” da construção da Arena MRV, projeto de estádio próprio que, após quase sete anos, tem todos os caminhos prontos para sair do papel e dar novo rumo ao clube minero. Uma ideia que já rondava o Galo desde a década de 1940, e que tem o ambiente da torcida alvinegra nos primeiros anos de Mineirão como inspiração, inclusive nas cores da marquise.
Com capacidade de 46 mil lugares, a Arena MRV deve ser finalizada no segundo semestre de 2022. Será um estádio com faixas cinzas e brancas nos arredores. A ideia original era pintá-lo de preto e branco por fora, mas por questão de conforto em dias de sol aberto, o preto virou cinza, para rememorar as antigas faixas alvinegras que a torcida estendia no Gigante da Pampulha.
– Sou frequentador do Mineirão da década de 1970, aquelas faixas pretas e brancas, que se colocavam estendidas nas arquibancadas, me inspirou muito a fazer o desenho da nossa arena, assim como a listra das camisas. Trabalhamos com alta tecnologia, com o BIM (Building Information Modeling), mas eu desenho a mão. E desde os meus primeiros desenhos a mão, já trabalhava com as listras como referências – afirmou o arquiteto do projeto, Bernardo Farkasvölgyi, ao GloboEsporte.com.
“Arena MRV”, projeto do novo estádio do Galo — Foto: Reprodução/Internet
E, há mais de 70 anos, o Galo já buscava um local de sua propriedade para atuar diante de multidões, antes das chegadas do Estádio Independência (1950) e do Mineirão (1965). Aquele projeto, que ganhava o nome do presidente de época, o ex-jornalista Gregoriano Canedo, pouco tem de semelhança com a Arena MRV. A previsão era de erguer uma “Cidade dos Atleticanos” perto da UFMG, na Pampulha, com 85 mil lugares.
O que aproxima o futuro estádio do Atlético de uma casa que nunca saiu do papel em 1948 foi ter o que é feito na Europa como referência. Em carta aos conselheiros, o ex-mandatário Daniel Nepomuceno, por exemplo, citou o Juventus Stadium como modelo a ser seguido, não só nas obras e conceito, mas na importância de fortalecimento ao futebol. Além da casa da “Velha Senhora”, os responsáveis pelo projeto da Arena MRV visitaram mais de 30 estádios, no Brasil e em centros do futebol europeu.
– A gente visitou todos as arenas da Copa no Brasil, não só da Copa. E visitamos mais de 20 arenas na Europa – Portugal, Espanha, Alemanha e Itália. O que mais impressionou e achamos de perfil parecido com o que a gente pretendia foi a da Juventus. Ela tem capacidade menor (41 mil lugares), mas tem desenho muito semelhante ao que a gente buscava, com arquibancadas abertas, com bares e banheiros nas costas. Arquibancada inferior e a arquibancada média, que é a nossa área vip, em pé você tem visão do campo inteiro. O caldeirão que é fundamental, e vi isso muito forte em jogo da Juventus – completa Farkasvölgyi.
Na década de 1940, o Atlético reuniu dois arquitetos famosos para desenhar o estádio do Galo na Pampulha: Ícaro de Melo Castro e Osvaldo Correa Gonçalves. Em carta enviada para a revista “O Cruzeiro”, de 1948, o primeiro arquiteto esclarece alguns pontos do projeto e afirma:
“O projeto da “Cidade dos Atleticanos” é de autoria conjunta, minha e do meu associado arquiteto Osvaldo Correa Gonçalves, que como eu também conheceu, em recente viagem, vários estádios executados na Europa”.
A casa da Juventus é uma das inspirações do Atlético-MG para a Arena MRV — Foto: Divulgação/Juventus
Algo que vai de encontro com as palavras de Bernardo Farkasvölgyi, que fez um giro na Europa para anotar os pontos positivos e negativos que a Arena MRV pode herdar do que é feito na elite do futebol mundial.
– Em suma, o que a gente fez: tudo que vimos de bom nessas mais de 30 arenas que visitamos, trouxemos para a Arena MRV: fizemos miscelânea de coisas e com ideias novas, como é o caso do caminhão conseguir entrar e dar a volta no campo, montar e desmontar aparatos de show em 24 horas.
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