Mais de 90% das internações no setor de ortopedia do Hospital de Base são vítimas de acidentes de trânsito
Maioria dos pacientes ortopédicos é vítima de acidentes de trânsito
Pelo menos 90% dos pacientes internados no setor de ortopedia do Hospital de Base Ary Pinheiro (HB) – referência no atendimento de alta complexidade em Rondônia – são vítimas de acidentes de trânsito. Os dados são do setor de estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e apontam picos de crescimento.
Apesar de campanhas de educação, palestras para pacientes internados que passaram por trauma no trânsito, o quadro não apresenta diminuição. Há meses que o índice cresce e superlota os leitos do setor de ortopedia do maior hospital de Rondônia.
Os números são confirmados pelo diretor-geral do HB, Nilson Paniágua. Para tentar mudar – ou amenizar o quadro atual – a direção do HB, através da Comissão de Humanização do Atendimento, realizou uma série de palestras com temáticas sobre a importância da educação no trânsito e a valorização da vida.
Dentro do programa, pacientes das alas de ortopedia receberam orientações, dicas e palavras de incentivos sobre a importância da vida. O serviço foi realizado pela coordenadoria de educação para o trânsito do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A equipe, formada por oito profissionais, percorreu todas as enfermarias. Muitos pacientes se emocionaram com as palavras de carinho levadas pela equipe.
Nilson Paniágua explicou que a proposta do projeto – realizado vários vezes -, além de orientar os pacientes sobre a importância da educação no trânsito, tem como meta mostrar para a população o caos que a imprudência no trânsito cria para o Sistema Único de Saúde (SUS), refletindo diretamente no inchaço das enfermarias das unidades de saúde.
Levantamentos feitos pelo Ministério da Saúde (MS) sobre internações hospitalares e gastos com tratamento mostram que o Brasil enfrenta “uma epidemia” de acidentes de trânsito. Foram internadas em hospitais da rede pública mais de 160 mil vítimas de acidentes de trânsito, o que gerou um gasto de R$ 250 milhões aos cofres públicos segundo dados de 2011, último levantamento. Este número pode ser bem maior hoje, considerando o crescimento dos acidentes, disse Paniágua.
Do total das internações, praticamente a metade – 48% – envolve motociclistas. Este índice em Rondônia é bem maior. Para o MS, isso caracteriza uma situação epidêmica, e as causas mais comuns são: direção perigosa e condução das motos por pessoas alcoolizadas. O governo do estado, através de campanhas educativas, como a “Sobreviventes”, realizada em 2015, busca a conscientização da população sobre os reflexos que os acidentes trazem ao SUS.
HUMANIZAÇÃO
A iniciativa faz parte do programa de humanização implantado pela direção do HB, através da Comissão de Humanização. O HB tem uma agenda anual e a é levar para a sociedade todas as informações sobre como funciona o Sistema Único de Saúde (SUS), através do programa Aprendendo com o SUS, mantido pelo hospital. A comissão recebe solicitação de entidades, associações e empresas que desejam obter e compartilhar informações sobre o SUS.
CRESCIMENTO
Dados do Ministério da Saúde mostram que, desde 2012, ano da adoção da tolerância zero na Lei Seca, menos adultos estão assumindo o risco da mistura álcool/direção no conjunto das capitais. Mesmo com o endurecimento da Lei Seca, a capital de Rondônia registrou em 2015 ligeiro aumento no número de pessoas que admitem dirigir depois de consumir bebida alcoólica.
Segundo a mais recente pesquisa do Ministério da Saúde – divulgada em junho de 2016 -, o percentual de adultos que admitem beber e conduzir veículo motorizado em Porto Velho teve alta de 0,9% nos últimos três anos. No ano passado, 8,5% da população da cidade declararam que dirigiam após o consumo de qualquer quantidade de álcool, contra os 8,4% do ano de 2012. Os homens (15,2%) continuam assumindo mais a infração do que as mulheres (1,4%).
Porto Velho segue com média de pessoas que misturam álcool e direção acima da média nacional. No conjunto das 27 capitais estudadas pela pesquisa, 5,5% dos indivíduos referiram conduzir veículo após o consumo de bebida alcoólica, contra os 7% de 2012 – uma queda nacional de 21,5% em três anos.
Assim como foi constatado em Porto Velho, a proporção nacional é maior entre homens (9,8%) do que entre mulheres (1,8%). Apesar disso, desde o endurecimento da lei seca menos homens têm assumido os riscos da mistura álcool/direção na média das 27 capitais pesquisadas: a redução foi de 22,2%, entre 2012 e 2015, na população masculina.
Fonte:SECOM