Lula ataca a Lava Jato e defende lei contra abuso de autoridade
Pela primeira vez, petista pede publicamente aprovação do projeto do Senado que amplia a possibilidade de punir juízes, procuradores, promotores e delegados
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar nesta sexta-feira a Operação Lava Jato e defendeu, pela primeira vez publicamente, a aprovação da lei de abuso de autoridade que está em discussão no Senado. O texto é visto como ameaça às investigações porque amplia a possibilidade de punição de juízes, promotores, procuradores e delegados que cometerem excessos.
“A gente não pode deixar de aprovar a lei de abuso de autoridade, porque ninguém está acima da Constituição”, afirmou Lula em seminário realizado em São Paulo para discutir o impacto da Lava Jato. Ele pediu que os parlamentares petistas “briguem” mais para aprovar a lei e impedir o abuso de agentes públicos.
Presente no evento, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator do projeto de lei. garantiu que ele será votado no Senado – e que “tem todas as condições” para ser aprovado. Filiado ao partido do presidente Michel Temer, mas atuante na oposição ao peemedebista, Requião era o único parlamentar não-petista presente ao evento. “Qual o problema? Ele [Lula] me convidou e convidou o PMDB”, brincou.
Em duras críticas à Lava Jato, Lula citou o juiz Sergio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e a Polícia Federal. “Eles deram um azar muito grande porque foram mexer com quem não deveriam ter mexido. Nem o Moro, nem o Dallagnol, nem o delegado da Polícia Federal têm a lisura, a ética e a honestidade que eu tenho nestes 70 anos de vida”, afirmou.
E acusou a operação de tentar encontrar um crime para ele. “A Lava Jato não precisa de um crime, ela acha alguém para depois tentar colocar um crime em cima. E para isso eles fizeram a coisa mais sem-vergonha que aconteceu nesse país porque um juiz precisa da imprensa para execrar as pessoas, que estão sendo citadas, junto à opinião pública e depois facilitar o julgamento.”
Lula se referiu ao interrogatório a que vai comparecer em Curitiba no dia 3 de maio, quando será ouvido pela primeira vez pessoalmente por Moro, e disse que está esperando qual crime será imputado a ele. “Eu duvido que tenha um empresário solto ou preso que diga que um dia o Lula pediu 10 centavos para ele”, afirmou.
O petista disse ainda que está sendo vítima de acusações de que ele está antecipando uma candidatura a presidente da República ao fazer atos públicos, como a viagem para a Paraíba, onde visitou a transposição do Rio São Francisco, e a manifestação contra a reforma da Previdência na Avenida Paulista. “Agora vão começar outro processo, dizer que estou vetado para ser candidato porque estou em um processo de antecipação de campanha”, disse.
Fonte:Estadão