Lava Jato em SP denuncia Lula por lavagem de dinheiro
A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo apresentou à Justiça Federal nesta segunda-feira, 26, denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por lavagem de dinheiro no recebimento de 1 milhão de reais em uma doação do grupo ARG ao Instituto Lula. Segundo os procuradores, o valor foi repassado à instituição que leva o nome de Lula após o petista influenciar decisões do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que favoreceram a empresa no país africano. A acusação será analisada pela 2ª Vara Federal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, que analisará a denúncia do MPF.
Os procuradores do Ministério Público Federal em São Paulo denunciaram também o empresário Rodolfo Giannetti Geo, controlador do grupo ARG, pelos crimes de tráfico de influência em transação comercial internacional e lavagem de dinheiro. Lula também seria acusado de tráfico de influência, mas, como os supostos crimes ocorreram entre setembro de 2011 e junho de 2012 e o petista tem mais de 70 anos, o delito prescreveu em relação a ele.
As principais provas apresentadas pelo MPF na denúncia são e-mails entre Geo e representantes do Instituto Lula, localizados na 24ª fase da Lava Jato, batizada de Aletheia, que mirou o ex-presidente em março de 2016. Também foram apreendidos o registro da transferência bancária de 1 milhão de reais da ARG para o Instituto Lula, com data de 18 de junho de 2016, e um recibo da suposta doação.
Em uma dos e-mails que baseia a acusação, Geo procura o instituto e pede que Lula auxiliasse a ARG junto a Obiang para que o governo local mantivesse os negócios com a empresa, sobretudo na construção de rodovias.
Em seguida, o ex-ministro do Desenvolvimento Miguel Jorge escreveu para a diretora do Instituto Lula, Clara Ant, que o petista pretendia falar com Geo sobre a atuação da ARG na Guiné Equatorial. No e-mail, Jorge disse a Clara que a empresa estava disposta a fazer uma doação em dinheiro “bastante importante” ao instituto.
Na sequência, Rodolfo Geo mandou por e-mail a Clara Ant uma carta digitalizada de Teodoro Obiang a Lula, digitalizada, e pede um encontro com o ex-presidente para que pudesse lhe entregar a missiva original. Geo informa na mensagem que voltaria à Guiné Equatorial em breve e gostaria de levar a resposta do petista ao mandatário africano.
O ex-presidente acabou escrevendo uma carta a Obiang, datada de 21 de maio de 2012, em que citou um telefonema entre ambos e afirmava que a Guiné Equatorial poderia no futuro passar a integrar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O texto assinado por Lula, entregue por Geo ao presidente do país africano, afirmava que a ARG “desde 2007 se familiarizou com a Guiné Equatorial, destacando-se na construção de estradas”.
Fonte:Veja