Joia 2020: Santos aposta em evolução de Sandry após ano de aprendizado com Sampaoli
O Santos é um dos clubes que mais revela craques no futebol brasileiro e está acostumado a formar, principalmente, grandes atacantes. A maior promessa do Peixe para 2020, porém, é o volante Sandry.
Campeão mundial sub-17 com a seleção brasileira, o jogador de 17 anos treinou com elenco profissional do Santos durante boa parte de 2019 e chegou a atuar em duas partidas, além de entrar no último minuto da goleada sobre o Flamengo, por 4 a 0, na Vila Belmiro, pela última rodada do Brasileirão.
O período fora dos treinamentos ocorreu entre maio e agosto, por conta de um entrave na negociação de renovação de contrato com o Santos. O acordo só foi selado no dia 5 de agosto, quando Sandry e o atacante Tailson, que teve o mesmo problema, assinaram a renovação e voltaram a treinar com o restante do elenco.
A demora na renovação de Sandry, inclusive, foi duramente criticada pelo técnico Jorge Sampaoli. Segundo o treinador, a falta de ritmo do volante pelo tempo que ficou parado foi um dos motivos que não permitiu que ele fosse aproveitado em jogos oficiais.
Quem é Sandry?
Nascido em Itabuna, na Bahia, Sandry Roberto Santos Goes começou a jogar futebol influenciado pelo pai Carlos.
– Comecei no futebol porque meu pai sempre foi jogador, e eu ia aos treinos e jogos. Fui pegando isso dele. Sempre jogava no final dos treinamentos. Então, isso vem do meu pai. Comecei a jogar com seis e saí de Itabuna com dez anos – afirma Sandry.
Foi justamente aos dez anos que Sandry decidiu que jogaria no Santos. Convidado por um empresário amigo de seu pai a ir para São Paulo, o volante não hesitou em escolher o então time de Neymar e Ganso para tentar a sorte, mesmo com os principais rivais do clube entre as possíveis escolhas.
– Meu pai e minha prima fizeram um vídeo meu jogando com um pessoal de 15 anos. Eu ainda tinha nove anos. Eles postaram na internet e, como meu pai tem muitos amigos no futebol, um colega empresário gostou e me falou para ir para São Paulo.
– Mas demorou muito para pagar a passagem, então meu pai decidiu que a gente ia por conta própria. Quase 30 horas de ônibus. Meu pai fazia uma ou duas refeições, porque a gente não tinha condições de comer em todas as paradas. Às vezes eu comia com meu pai, mas às vezes ele ficava sem comer. Foi um momento difícil.
– Quando chegamos a São Paulo, meu pai ligou para o empresário e disse que estávamos em São Paulo. Ele nos buscou e perguntou se eu queria ir para São Paulo, Palmeiras, Corinthians ou Santos. Eu sempre acompanhava o Santos e falei que queria ir para lá porque era a época de Neymar, Robinho e Ganso. Fui, fiz um teste e fui aprovado. Fiquei morando por dois meses em uma pousada em Santos. Depois, conseguimos uma casa e minha irmã e minha mãe vieram morar com a gente.
2020: ano de deslanchar
Agora, em 2020, Sandry quer deixar os problemas para trás e conquistar cada vez mais seu espaço no time profissional do Santos, que será comandado pelo português Jesualdo Ferreira.
– Eu me sinto pronto (para o profissional). Esse ano foi um grande aprendizado, e deu para ver que tem uma grande diferença entre a base e o profissional. Mas acho que estou pronto para ganhar títulos e dar alegrias para a torcida santista – disse.
Mesmo sem muitas chances com Jorge Sampaoli, Sandry afirmou que teve uma boa relação com o argentino, e que aprendeu muito sob seu comando. Além disso, a oportunidade dada pelo treinador ao volante de poder estrear como profissional é algo que o atleta jamais esquecerá.
Sandry quer deslanchar em 2020 no Santos — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
– O Sampaoli foi um cara que sempre me ajudou e deu conselhos desde que chegou no clube. É um cara que trabalhou com grandes jogadores, então meu papel era ouvir e aprender o máximo com ele. Foi um ano de aprendizado para mim. Primeiro ano de profissional, joguei dois jogos, e eles vão ficar para o resto da minha vida na memória. Esse ano foi de aprendizado, e 2020 é o ano para eu deslanchar.
E o Jesualdo?
Apesar da empolgação em voltar aos trabalhos, Sandry revelou que ainda não sabe muito sobre Jesualdo Ferreira, o novo treinador do Santos. Porém, o jovem volante disse que o português chega para ajudar o Peixe a ter um ano “excepcional”.
– Ainda não pesquisei, porque estou de férias. Não conheço muito, mas ouvi dizer que é um grande treinador. Vem para somar e ajudar a fazer um ano excepcional para o Santos.
Para agradar Jesualdo, Sandry terá que disputar posição com dois jogadores de peso no elenco santista: Diego Pituca, o atleta que mais jogou no Santos nesta temporada, e Alison, que ganhou espaço nas últimas rodadas do Brasileirão.
Campeão mundial
Se no Santos Sandry não conseguiu render o esperado em 2019, na seleção brasileira sub-17 o volante superou as expectativas. Reserva do técnico Guilherme Dalla Déa, o volante esteve na delegação que se sagrou campeã mundial.
Sandry esteve com a Seleção no Mundial sub-17 — Foto: Alexandre Loureiro/ CBF
Para ele, a experiência de conquistar o maior título possível com a seleção de base é um sonho realizado, que demorou para ser assimilado em sua cabeça.
– Acho que ser campeão do mundo é o sonho de todo jogador, ainda mais aqui no Brasil. É um sonho realizado que vai ficar para sempre na memória. Hoje posso dizer que sou campeão do mundo. É uma alegria muito grande. Sou privilegiado. Só agradeço a Deus por ter o dom. A ficha demorou para cair, mas quando você para pra pensar, consegue ver a grandeza desse título.
Como está a joia 2019?
O atacante Kaio Jorge foi escolhido pelo GloboEsporte.com como a joia de 2019 do Santos, mas o pouco uso da base pelo técnico Jorge Sampaoli não colaborou para que o atleta tivesse sequência no Peixe.
Em compensação, na seleção brasileira sub-17, Kaio Jorge foi o terceiro maior artilheiro do mundial e marcou o primeiro gol do Brasil na final contra o México.
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