Gabriel Medina vence, vai ao 4º round e segue na briga pelo bi mundial
O surfista de maresias derrotou Josh Kerr nos minutos finais da bateria deles no 3º round em Pipeline
Os tubos voltaram a aparecer no domingo (17) para as duas primeiras rodadas eliminatórias do Billabong Pipe Masters no Havaí. O título mundial de 2017 do World Surf League Championship Tour poderia até ser definido e o dia foi tenso, com disputas decisivas rolando também pelas últimas vagas para o CT 2018. Gabriel Medina ganhou suas duas baterias e segue na briga pelo bicampeonato mundial com John John Florence. Os dois vão ter duas chances de classificação para as quartas de final, assim como mais três brasileiros que passaram pela terceira fase, Caio Ibelli, Italo Ferreira e Ian Gouveia.
Medina e Ian competiram duas vezes no domingo, pois tiveram que disputar a repescagem por terem perdido na primeira fase. Pela manhã, os tubos estavam mais constantes nas séries de 4-6 pés com vento terral, principalmente no Backdoor, mas alguns rodando também nas esquerdas de Pipeline. À tarde, as condições ficaram bem irregulares e vários duelos da terceira fase foram fracos de ondas, com poucas abrindo tubos para dividir entre quatro competidores no sistema de baterias simultâneas utilizado no Havaí.
Gabriel Medina entrou na primeira do dia e começou bem, pegando um tubo de backside nas direitas do Backdoor. Na saída, ele manda uma batida muito vertical no crítico da onda e mais uma para largar na frente com nota 6,33. Enquanto Dusty Payne tinha prioridade de escolha da próxima onda, Medina acha uma esquerda tubular em Pipeline para receber outro 6,33. O havaiano responde num tubo maior em Backdoor para continuar na briga com nota 7,17.
Depois disso, parou de entrar ondas, que só voltaram nos 15 minutos finais, com Medina pegando um tubaço de backside no Backdoor. Ele fica entocado lá dentro e reaparece vibrando com a onda considerada como a melhor do campeonato pelos juízes até ali. A nota foi 9,0 e com ela, o havaiano passou a precisar de um 8,17 para vencer, só que não entrou mais nenhuma onda com potencial para isso e Medina confirmou o favoritismo sobre o havaiano com as marcas a serem batidas no domingo, nota 9,0 e 15,33 pontos.
Quando ele voltou ao mar para competir à tarde, as condições já estavam bem diferentes e ele ficou a primeira metade dos 40 minutos da bateria sem surfar nada contra o australiano Josh Kerr. Depois ficou mais ativo e teve que fazer manobras em suas primeiras ondas, que não foram bem pontuadas. De tanto insistir, nos minutos finais achou um bom tubo para receber a maior nota da bateria – 6,57 – e vencer por uma pequena diferença de 10,00 a 9,83 pontos.
DISPUTA DO TÍTULO – O número 1 do Jeep WSL Leader, John John Florence, também tinha passado um sufoco ainda maior duas baterias antes de Gabriel Medina. Ele começou bem com um tubo nota 6,17, recebeu 4,00 na segunda onda e liderou todo o duelo de poucas ondas com o australiano Ethan Ewing. Só que o seu adversário chegou muito perto da vitória duas vezes nos minutos finais. O australiano pegou um belo tubo precisando de 6,24 pra vencer e a média das notas dos três juízes ficou em 6,20. John John ainda trocou o 4,00 por 4,70 num tubo rápido seguido por uma manobra. O australiano também faz uma onda parecida, com tubo e uma manobra de finalização, para conseguir os 4,67 que lhe dariam a vitória e a nota saiu 4,60, com o havaiano vencendo por uma pequena vantagem de 10,87 a 10,80 pontos.
Com a passagem para a quarta fase, John John Florence tirou o australiano Julian Wilson da disputa pelo título mundial e o sul-africano Jordy Smith saiu da briga com a derrota para Kelly Slater no último duelo do dia. O único concorrente do havaiano que restou foi Gabriel Medina, que agora precisa chegar na final do Billabong Pipe Masters para superar a pontuação atual do líder do ranking. Se John John avançar para as quartas de final, o brasileiro terá que vencer o campeonato, mesma situação se o havaiano parar nas semifinais, pois ele confirma o bicampeonato se passar para a final, mesmo que Medina seja o vencedor.
QUARTAS DE FINAL – A primeira chamada da segunda-feira para a primeira batalha por vagas nas quartas de final do Billabong Pipe Masters foi marcada para as 7h30 no Havaí, 15h30 no fuso horário de Brasília. Ian Gouveia está na primeira bateria com o australiano Julian Wilson e o norte-americano Conner Coffin. Caio Ibelli entra na segunda com o lycra amarela de número 1 do Jeep WSL Leader, John John Florence, e o carrasco dos brasileiros no domingo, Joel Parkinson. Na seguinte, Gabriel Medina e Italo Ferreira disputam a terceira vaga com o francês Jeremy Flores. A vitória vale passagem direta para as quartas de final nessas baterias, mas os perdedores têm uma segunda chance de classificação na quinta fase.
VAGAS NO CT 2018 – Na parte de baixo da tabela, também foi tensa a batalha pelas últimas vagas no grupo dos 22 primeiros do ranking que são mantidos na elite da World Surf League. Principalmente para os brasileiros que estavam mais próximos da zona de classificação. Ambos foram derrotados pelo australiano Joel Parkinson em baterias fracas de ondas, encerradas com os menores placares do dia. A primeira vítima foi Wiggolly Dantas, que ocupava a 24.a posição no ranking e estava na briga pelo título da Tríplice Coroa Havaiana. Ele ganhou nota 3,5 em sua primeira onda e perdeu precisando de 2,61 para superar os 6,10 pontos do australiano.
O mesmo aconteceu para Miguel Pupo, 23.o do ranking, que entraria no G-22 se vencesse essa bateria da terceira fase. Só que não deu onda e ele chegou até a conseguir a vitória com o 3,5 recebido na que surfou no minuto final, mas Joel Parkinson ainda achou um tubo para receber nota 6,0 e vencer por 8,50 a 5,47 pontos. Quem também tiraria a última vaga no G-22 do australiano Bede Durbidge se passasse pela terceira fase era o potiguar Italo Ferreira, único com permanência no CT já garantida entre os dez indicados pelo WSL Qualifying Series.
CEARENSE CONFIRMADO – Ele conseguiu isso conquistando a quarta e última vitória brasileira na terceira fase, contra o norte-americano Kolohe Andino, por 10,26 a 4,17 pontos. Antes disso, o norte-americano Kanoa Igarashi já havia confirmado a entrada do cearense Michael Rodrigues no CT 2018 com a última vaga no G-10 do QS. Ele até mandou um recado para o brasileiro, em português, durante a entrevista após a bateria que garantiu seu nome entre os top-22 do CT, dispensando assim a vaga pelo seu terceiro lugar no ranking de acesso.
E, se permanecer entre os 22 primeiros do CT, Italo Ferreira poderá retribuir o presente de Kanoa Igarashi para Michael Rodrigues, abrindo sua vaga no QS para o californiano Patrick Gudauskas retornar a elite no ano que vem, pois ele é o próximo do ranking. No entanto, três surfistas ainda podem superar os 21.200 pontos de Italo Ferreira no CT no Havaí, Ian Gouveia e o italiano Leonardo Fioravanti se chegarem na final em Pipeline, além de Kelly Slater, se ele ganhar mais uma coroa de Pipe Masters esse ano.
Ian surfou um bom tubo no Backdoor em sua primeira onda no duelo brasileiro com Filipe Toledo na repescagem e mais um para vencer por 13,40 a 11,30 com duas notas na casa dos 6 pontos. Depois enfrentou um top-5 do ranking, Matt Wilkinson, numa hora ruim do mar. Ele teve sorte em achar um tubinho para derrotar o australiano por 8,60 a 6,83 pontos, sendo o primeiro brasileiro a ganhar duas chances de classificação para as quartas de final do Billabong Pipe Masters.
Mais dois competiram nas baterias seguintes e Miguel Pupo só completou uma onda contra Joel Parkinson, mas Caio Ibelli fez duas para barrar o campeão em Pipeline no ano passado, Michel Bourez, por 10,13 a 6,57 pontos. Depois, Gabriel Medina despachou o aposentado Josh Kerr, Italo Ferreira eliminou um dos concorrentes ao título da Tríplice Coroa Havaiana, Kolohe Andino, mas Adriano de Souza não achou nada de ondas e foi batido pelo italiano Leonardo Fioravanti na última participação brasileira do domingo no Havaí.
SELEÇÃO BRASILEIRA – Ian Gouveia é a última esperança de aumentar ainda mais o número de brasileiros que vai disputar o título mundial no ano que vem. Neste ano eram nove e três não conseguiram manter suas vagas entre os top-22 do CT e nem entre os 10 indicados pelo QS, os paulistas Miguel Pupo e Wiggolly Dantas e o potiguar Jadson André. Ian ainda tenta garantir a sua, mas a nova “seleção brasileira” já tem dez surfistas confirmados na elite dos top-34 de 2018, cinco que permaneceram esse ano e cinco estreantes classificados pelo QS.
Os campeões mundiais Gabriel Medina e Adriano de Souza, os também paulistas Filipe Toledo e Caio Ibelli e agora o potiguar Italo Ferreira, estão entre os 22 primeiros do CT que são mantidos na elite. E as cinco novidades do Brasil para o ano que vem são o paulista Jessé Mendes, os catarinenses Tomas Hermes, Yago Dora e Willian Cardoso, e agora o cearense Michael Rodrigues. O pernambucano Ian Gouveia pode ser o 11.o brasileiro no CT 2018, mas precisa chegar na final ou vencer o Billabong Pipe Masters.