Fornecedora atrasa entrega, e parte dos clubes estreia sem conhecer bola da Copa do Brasil
Mais da metade das equipes que entram em campo nesta semana pela Copa do Brasil alegam não ter treinado com a bola da competição. Clubes ouvidos pelo GloboEsporte.com relataram atrasos na entrega e dificuldades para comprar o material nos últimos meses.
Pelo menos 24 clubes dos 38 que disputam a primeira semana da competição disseram à reportagem que não tiveram contato com a bola da Nike, fornecedora oficial do torneio. Os problemas relatados foram os seguintes:
- Sete disseram que compraram as bolas da Nike, mas não receberam o material a tempo de realizar atividades prévias. São eles: Operário-PR, Bahia, Juventude, CSA, Atlético-GO, Santa Cruz e América-MG;
- Outros 17 clubes afirmaram que optaram por não comprar as bolas, pelos altos valores do material (cada bola custa cerca de R$ 600) ou pela previsão de atraso na entrega. São eles: Brasiliense, Paraná, Luverdense, Paysandu, Figueirense, Santo André, Santos-AP, Caxias, CRB, São Luiz, Londrina, River-PI, Boa Esporte e ABC. Novorizontino, Criciúma e XV de Piracicaba informaram que tentaram a compra, mas ao saberem do prazo de entrega, desistiram.
Bola da temporada 2020 – Merlin — Foto: Fernando Torres / CBF
Além de Atlético-GO e Bahia, clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, Atlético-MG, Coritiba e Fluminense disseram não ter recebido o material até o momento. Esses, porém, estreiam na Copa do Brasil apenas na próxima semana. O Coritiba, por exemplo, afirmou que fez a encomenda em novembro de 2019.
O Juventude foi outro que disse ter feito o pedido das bolas em novembro. Até o momento, porém, afirma que não recebeu nenhum material para os treinos. O clube gaúcho estreia nesta quarta-feira, às 15h30, diante do Coruripe.
O XV de Piracicaba informou que fez o pedido, mas recebeu a informação de que a fornecedora não teria bolas para pronta-entrega. Segundo o clube, se a compra fosse efetuada, o material chegaria apenas na próxima quinta-feira, um dia após o jogo de estreia contra o Londrina. A saída encontrada pelo time do interior de São Paulo foi utilizar bolas de outra competição durante a preparação.
O Operário, do Paraná, relatou outra dificuldade: a falta de resposta nos pedidos. O clube diz que há mais de 20 dias tenta adquirir as bolas, mas sem respostas por parte da fornecedora. A equipe enfrenta o Barbalha, do Ceará, nesta quarta-feira, fora de casa, e não conseguiu treinar com as bolas da Copa do Brasil.
Em contato com a reportagem do GloboEsporte.com, a Nike afirmou que os problemas já “estão sendo resolvidos e tratados com a devida urgência”.
– A Nike está comprometida com os seus consumidores e parceiros e sempre busca atendê-los com o mais alto nível de excelência. Assim, com o intuito de minimizar problemas pontuais, a Nike esclarece que a maior parte dos clubes que solicitou a nova bola CBF Nike Merlin 2020 já foi atendido, e que os casos dos clubes que ainda não foram já estão sendo resolvidos e tratados com a devida urgência – comunicou a empresa.
Taça da Copa do Brasil de 2020 — Foto: CBF
Os únicos clubes ouvidos pela reportagem que informaram ter recebido o produto foram Botafogo e Goiás. A equipe carioca estreia na competição nesta quarta-feira, contra o Caxias, e disse que recebeu o material encomendado em 27 de janeiro. O Goiás também disputa o primeiro jogo nesta quarta, contra o Fast Clube.
A bola nomeada como “Merlin Promo SP20” será utilizada na Supercopa do Brasil, na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro deste ano. Todas as competições são organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol.
A reportagem não conseguiu contato com América-RN, Coruripe, Palmas, Bahia de Feira, Vilhenense, Independente-PA, Atlético-BA, Vitória-ES, União Rondonópolis, Operário, Aquidauanense, Fast Clube e Barbalha.
Como funciona a compra?
No início de janeiro, os presidentes das federações de futebol dos estados participantes da Copa do Brasil receberam um ofício da CBF com um passo a passo de como deveriam proceder para a obtenção das bolas da competição. Dizia o ofício:
“As bolas serão enviadas pela CBF para as federações respeitando o quantitativo de equipes disputantes da 1ª Fase da Competição como mandante.
Cabe-nos informar que:
- As bolas são exclusivas para as partidas;
- Bolas extras para treinamento podem ser adquiridas pelas equipes através do contato: (e-mail da Nike);
- Na primeira partida como mandante cada equipe receberá sete bolas a serem usadas exclusivamente na partida;
- A cada nova partida em casa, o clube mandante receberá duas bolas a serem usadas exclusivamente na partida.
O documento não especifica os valores, mas a unidade da bola custa R$ 600. Uma equipe precisa de sete a dez bolas, em média, para realizar um treino sem restrições.
Referente às bolas enviadas pela CBF para os mandantes para o dia do jogo, não foi relatado nenhum problema quanto à entrega aos clubes.
Material de outra fornecedora
Enquanto algumas equipes treinam com bolas de competições passadas, caso do Botafogo-PB, que usa o material da Copa do Nordeste de 2019, equipes que recém conquistaram o acesso para a primeira divisão não têm material da última temporada da Nike.
O Coritiba, que disputou a Série B em 2019, se prepara para a Copa do Brasil com as bolas da fornecedora da segunda divisão, a Topper. O Atlético-GO, por sua vez, tem bolas da Penalty, provenientes do Campeonato Goiano.
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