Ferrari discute uso de ‘sensor mágico’ após queda de rendimento na F-1
É uma novela que há meses movimenta os bastidores da Fórmula 1: a vantagem de potência do motor Ferrari, especialmente após a quarta etapa, no Azerbaijão, chamou a atenção dos rivais. Mais do que isso, engenheiros que os italianos perderam para a Mercedes explicaram o funcionamento das chamadas baterias gêmeas e, desde então, os alemães vêm tentando pressionar a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) para verificar o propulsor ferrarista.
Foram várias as tentativas da FIA, até a instalação, no final de semana do GP de Singapura, de um segundo sensor que determina o fluxo energético das baterias. De lá para cá, o time italiano não se encontrou. Diretor de provas da entidade, Charlie Whiting não negou a existência do sensor, mas afirmou que ele não tem relação direta com a queda de performance da Ferrari.
“Existe a especulação de que colocamos um ‘sensor mágico’ no motor deles. Não vou comentar sobre isso. Mas vou dizer que, em termos do que tem sido noticiado, não concordo com o que foi sugerido. Não há nenhuma ligação [entre o sensor e a queda de rendimento].”
O discurso de Lewis Hamilton depois do GP do Japão, contudo, foi diferente. O inglês não costuma comentar o assunto, mas, perguntado pela reportagem em Suzuka sobre quais seriam os motivos da melhora do desempenho da Mercedes e a queda de seus rivais, disse que a Mercedes “trouxe apenas uma pequena melhoria, que vale algo em torno de 50 milésimos, para a Rússia, e não levou mais nada para o Japão”.
“Então, não fomos nós que melhoramos. Nós temos uma ideia do que aconteceu, mas eu não quero falar nisso. Era algo que achávamos que estava acontecendo e é isso mesmo.”
Questionado se referia-se a algo do carro da Ferrari, o inglês apenas disse que sim.
Há duas linhas de pensamento: uns dizem que o sensor passou a impedir que o sistema funcionasse da mesma maneira que antes, enquanto outros veem motivos diferentes para a queda ferrarista.
Ao invés de culpar o sensor, há quem defenda que a tal bateria gêmea da Ferrari desgastaria o motor de tal forma que não poderia ser mais usada, uma vez que o time italiano, assim como os demais, está economizando equipamento para evitar punições pois, a grosso modo, cada piloto pode usar só três motores por ano.
Outro fator que estaria atrapalhando o rendimento é a falta de desenvolvimento do carro. Até Singapura, basicamente tudo o que era colocado no carro gerava algum tipo de melhora. Em Suzuka, porém, asa e suspensão novas foram testadas, mas acabaram sendo removidas após os primeiros treinos livres. A correlação, feita no simulador pelo piloto de testes Daniil Kvyat, entre os treinos e a classificação comprovou que o carro estava melhor sem as novidades.
Isso casa com o que Sebastian Vettel disse sobre as suspeitas de que o sensor tenha feito a Ferrari diminuir a potência das baterias de sua unidade de potência. “Estamos correndo com toda a potência”, afirmou. “Acho que estamos perdendo mais tempo nas curvas do que nas retas. Então não acho que seja isso.”
O problema é que os dados não mostram exatamente “isso”. Em Singapura, a Renault notou, por meio de seu sistema de GPS, que a vantagem que a Ferrari tinha há meses na parte final das retas tinha desaparecido. E, em Suzuka, a Mercedes começou o fim de semana com 10m/h a mais que os italianos e se deu ao luxo de adotar um acerto com mais carga aerodinâmica, mais eficiente para as curvas, ao longo do final de semana. Na corrida, a Mercedes economizou seus motores, como revelou o finlandês Valter Botas logo após a prova.
Seja qual for o motivo da queda misteriosa, o fato é que Ferrari e Vettel se complicaram de vez no campeonato nestas três últimas provas. A disputa de pilotos pode ser decidido já na próxima etapa, no GP dos Estados Unidos. E a Mercedes tem chances de fechar o de construtores na etapa seguinte, no México.
Fonte: noticias ao minuto