Falsos servidores da Caerd pegaram R$ 2,1 milhões em empréstimos consignados no Santander
Uma comissão de tomadas de contas criada por ordem da presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd), Iacira Azamor, descobriu um forte esquema de empréstimos consignados utilizando nomes de pessoas alheias aos quadros da estatal com contracheques e declarações de falso vínculo empregatício. A fraude detectada chegou a cifra de R$ 2.193.119,95 e o relatório apontou a participação ativa de funcionários de carreira, ex-diretores, o escritório de uma financeira e empregados do Banco Santander. As conclusões do trabalho investigativo interno foram encaminhadas ao Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal por tratar-se da possível prática de crimes contra o sistema financeiro.
Além do uso de falsos empregados para garfar empréstimos milionários junto ao Santander, a comissão também descobriu que ex-diretores declararam salários fictícios de alguns funcionários e até valores a maior no pagamento do 13º salário para conseguir um montante maior de valores nos empréstimos, descontados na folha de pagamento. A comissão conseguiu algumas explicações de servidores e até o compromisso da devolução dos recursos pagos indevidamente pela companhia, mas um pequeno grupo recusou-se a prestar esclarecimentos e não quer devolver o dinheiro.
A fraude vem ocorrendo há vários anos na Caerd, causando um grande prejuízo financeiro. Ao tomar conhecimento das denúncias, a dirigente da estatal criou uma Comissão de Tomada de Contas Especial para apurar de empréstimos consignados sem autorização, fraude na indicação de margem consignável, contratação de empréstimos consignados a pessoas que não possuem qualquer vínculo com a empresa e pagamento de 13ª salário a maior. “Essas ocorrências de inconsistências estão presentes nas informações financeiras de vários funcionários, fato que levou esta comissão, por cautela, solicitar esclarecimentos dos próprios funcionários”, diz trecho do relatório.
Um dos casos é um servidor que contratou empréstimo Santander no valor de R$ 26.368,80 pagos em 24 parcelas de 1.098,70. A Caerd pagou um boleto de R$ 1.526,74 bem superior ao contratado a instituição bancária, mas o empregado não apresentou comprovação de devolução do valor.
Uma servidora não conseguiu explicar como conseguiu emprestar recursos além de sua margem consignável junto ao banco. Em documentos apresentados por ela a comissão, o saldo devedor chega a R$ 646.499,22. Das parcelas já pagas, a Caerd quitou boletos que totalizam R$ 4.383,56 representando danos ao erário.
O contrato 146661311 firmado entre um outro servidor e o Santander foi assinado para refinanciamento de dívida já contraída no passado. O funcionário N.S.F., atestou que a renda bruta do empregado era de R$ 8.406,60 quando na verdade após levantamento do grupo de trabalho nomeado pela presidência da Caerd atestou que o vencimento bruto em 2011 era de R$ 4.403,38.
Muitos servidores deixaram de explicar o porquê concorreram para confecção de contracheques falsos e margens fictícias em nome de terceiros que não tinham vínculo, mas utilizam o timbre da Caerd nos documentos requisitando os empréstimos.
Situação perplexa
“A situação que mais trouxe perplexidade a essa comissão foi a concessão de empréstimos consignados a pessoas estranhas ao quadro de pessoal desta empresa e, mesmo assim, realizaram transações bancárias firmando contratos de empréstimos consignados através da Caerd, utilizando contracheques e demais informações como se fossem empregados da companhia”, conclui a comissão, que levantou o montante de mais de R$ 2 milhões.
Em um dos depoimentos, a pessoa beneficiada disse que “ligaram informando que tinha direito ao consignado foi até o escritório perto do Banco do Brasil na Avenida Calama” e lá de posse apenas da Carteira de Identidade fez o contrato 162556225 no valor de R$ 232.285,00. “Não me recordo da pessoa que me atendeu; declaro que levei minha identidade, pois eles tinham as informações da Caerd”, disse o dono do empréstimo que nunca trabalhou na Caerd e cujo empréstimo foi transacionado por uma financeira de crédito ligada ao Banco Santander.
O mesmo cidadão voltou ao Banco Santander em abril de 2012 e após avalizado por um empregado da Caerd recebeu outros R$ 230.649,20 de empréstimo sem nunca ter colocado os pés na companhia.
O caso foi encaminhado aos órgãos de controle e investigação judiciária. Na Caerd, os diretores aguardam um posicionamento da polícia para falar sobre o assunto.
Fonte: JaruOnLine