Exportadores bolivianos reconhecem logística de Porto Velho
Com o tema “Encuentro para promover las inversiones em El Beni”, a Câmara de Exportadores, Logística e Promoção de Investimentos de Santa Cruz (Cadex) reuniu 150 empresários na última sexta-feira (24), contando na programação com a especial participação do governador Daniel Pereira.
A proximidade com Porto Velho – pouco mais de 600 quilômetros – possibilita que o setor produtivo do Departamento de El Beni passe a considerar, cada vez mais, a logística da capital de Rondônia como possibilidade concreta para obter custos menores no transporte de produtos como a soja, uma das culturas mais promissoras da Bolívia.
“Este encontro procurou mostrar o potencial do Beni, reunindo produtores, agricultores e empresários especialmente de Santa Cruz que tem interesse em investir no departamento. A experiência em Santa Cruz, região mais rica da Bolívia, ajuda a fomentar o Beni, e para a Bolívia em geral a logística é importante, gera competividade ou perda de mercado”, disse o presidente da Câmara de Exportadores, Logística e Promoção de Investimentos de Santa Cruz (Cadex), Oswaldo Barriga Karlbaum.
Segundo ele, nos últimos três anos a Cadex promoveu três visitas a Porto Velho (RO) para conhecer o porto e intensificar as relações entre as regiões do Beni e Santa Cruz, entre outras, e para ele o Porto de Velho representa de fato uma oportunidade para escoar com menor custo a produção de seu país.
Com uma exposição de dados que indicam ser a província de Marbán (Beni) um novo pólo de desenvolvimento para a Bolívia, o secretário técnico do Observatório Econômico da Cadex e da Universidade Autônoma Gabriel René Moreno, Moisés Manjón, disse que a proximidade do porto de Porto Velho, cerca de 900 quilômetros, faz com que a província seja uma boa aposta para se pensar na produção destinada a exportações.
Segundo Moisés Manjón, a região possui mais de 200 mil hectares livres, com fertilidade de solo entre media e alta, que não sofre inundações. Com o hectare entre 250 e 500 dólares hoje, o preço da terra pode chegar a 1.500 dolares com algum investimento. Em Santa Cruz, onde se concentra a riqueza econômica da Bolívia, a terra vale até 8 mil dólares o hectare.
O produtor de soja Alejando Dias Salek, vice-presidente da Federação de Ganaderos de Santa Cruz (Fegasacruz), disse que muitos empresarios e técnicos brasileiros colaboraram com técnica e conhecimento na abertura da fronteira da soja, e que o grande gargalo ainda é a logística para se atingir mercados ultramar.
“Uma zona portuária como a de Porto Velho poderia dar uma eficiência em logística e custo menor, gerar outros mercados, ajudar muito a Bolívia e também Rondônia, que poderá se destacar como centro de logística sul americano; seremos mais competitivos nos mercados”, avalia Salek, que há mais de 20 anos mantem negócios de origem familiar em Santa Cruz, onde em duas propriedades produz 8 mil toneladas/ano de soja.
O governador Daniel Pereira disse que neste momento Rondônia faz dois investimentos, os quais reputa da maior importância para a aproximação e integração sul-americana, especialmente para os departamentos vizinhos de Santa Cruz, Beni e Pando. São o porto público de Porto Velho, que até o final do ano, segundo o governador, terá condições adequadas para exportar carne, e a internacionalização do aeroporto Governador Jorge Teixeira.
“Nosso sonho é ter uma linha aérea ligando Santa Cruz, Cochabamba e La Paz a Porto Velho”, disse, provocando aplausos. “Estamos a 1h20 de voo em uma aeronave de grande porte; isso não é nada”, acrescentou.
Daniel Pereira disse que as dificuldades entre as regiões são as mesmas: “A solução pode vir de Rondônia ou vir de vocês. Não somos concorrentes. Somos complementares. O mundo tem necessidade de alimento fantástica, e não tem capacidade de produzir; quem tem somos nós.” Os empresários bolivianos assistiram vídeo sobre o porto de Porto Velho.
“O Beni tem muito para crescer, e eu não tenho dúvida de que a parte mais pobre da Bolívia vai se tornar a mais rica devido à logística, com a oportunidade que se abriu em Rondônia, com um governo que apoia o setor privado”, disse o empresário Dario Lopes, da BDX Florestas, arrendatária do porto.
“Temos necessidade de melhorar a produtividade e melhorar as condições de tecnologia e escoamento da produção. O Beni tem enorme potencial em suas terras e pouco desenvolvimento”, disse o presidente da Confederação de Empresários Privados da Bolívia, Ronald Nostas.
A complementariedade das ações entre governos e agricultores é fundamental, para ele, e do mesmo modo pensa o diretor-executivo da Autoridad de Fiscalizacion y Control Social de Bosques y Tierra (ABT), engenheiro agrônomo Rolf Köhler Perrogón, Para derrotar a pobreza, “inimigo comum” na Bolívia, ele defende a unidade e o trabalho de campesinos, autoridades, servidores públicos e líderes comunitários e empresariais.
“O Departamento de El Beni é o mais pobre do mais pobre país da América do Sul. Isso é um absurdo numa região com potencial enorme. Temos de superar isso”, destacou o diretor-executivo do órgão que é uma espécie de Ibama, aclamado por empresários pelo papel educativo que desempenha.
Representando na comitiva rondoniense a Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (Faperon), Adélio Barofaldi destacou o potencial pecuário do Estado, que em 2019 será território livre de febre aftosa, não havendo mais necessidade de vacinação do gado, enfatizando a importância do porto da capital. “O porto já tem capacidade de exportação grande hoje, uma estrutura para a área de grãos, de manufaturados; Somos privilegiados, podemos atender tanto países do Atlântico quanto o Pacífico”, disse.
“Essa aproximação vai diminuir bastante o sacrifício financeiro que fazemos hoje para colocar nossos produtos no mercado internacional”, disse Adélio, informando que uma caravana empresarial irá marcar presença no dia 24 de setembro na tradicional feita do agronegócio de Santa Cruz.
Grande exportador de castanha de Riberalta, o empresário Agustin Vargas ofereceu depoimento sobre a utilização do Porto Público de Porto Velho, mostrando-se convencido da redução do custo e de tempo de viagem em relação ao porto do Chile, por ele utilizado durante três décadas para comercializar madeira na Europa. A rota alternativa saindo os produtores da Bolívia, passando por Rondônia e posteriormente a Manaus se revelou superior a dos portos de Arica (Chile) e Matarani (Peru).
“Agustin virou um grande incentivador porque mostramos que há um processo de ganha-ganha”, disse o governador Daniel Pereira.
Participaram ainda da comitiva rondoniense à Santa Cruz o superintendente da Federação das Industrias (Fiero), Gilberto Baptista; o vice-presidente da Federação do Comércio de Rondônia (Fecomércio), Gladstone Frota e o empresário Francisco Holanda.
Fonte:Assessoria