Empresário cita orientação de Sérgio Rodrigues em contrato suspeito com “Messinho”; presidente do Cruzeiro nega

Na quarta-feira, o nome do garoto Estevão William, de 13 anos, esteve novamente envolvido em uma polêmica. O Cruzeiro, ainda sob gestão de Wagner Pires de Sá, assinou um contrato no qual há suspeita de cessão de 15% dos direitos econômicos do garoto à empresa Estrela Sports, que é de propriedade de Fernando Ribeiro de Morais, conselheiro celeste. Fernando conversou com o GloboEsporte.com e explicou sua relação com o garoto e o motivo de o contrato ter sido feito.

Segundo Fernando, ele conheceu Estevão depois que o garoto já estava em BH. O empresário que o trouxe do interior de São Paulo passou por dificuldades financeiras e foi até o Fernando, para que ele passasse a ajudar financeiramente a família do garoto.

– Ele tinha de sete para oito anos. Fizemos isso por quatro anos, até ele começar a ter um destaque. A empresa sempre esteve junto, fazendo essa assessoria à família. Um investimento empresarial. A gente deu condições para que a família viesse pra Belo Horizonte. Além de (ter deixado para trás) familiares, a família deixou emprego lá (em São Paulo). A esposa (mãe) deixou emprego, o próprio Ivo (pai). Deixaram tudo para trás para viverem esse sonho do garoto aqui (em BH). A gente acreditou e investiu. O futebol nem é nosso ramo, mas enfim.

Estevão Willian é uma das maiores promessas da base cruzeirense — Foto: Reprodução

Estevão Willian é uma das maiores promessas da base cruzeirense — Foto: Reprodução

Segundo Fernando, diante dessa ajuda que deu ao garoto por cerca de quatro anos, houve uma conversa com o Cruzeiro e também com a família de Estevão para que num futuro fosse ressarcido o valor investido. Desta forma, de acordo com ele, foi feito um contrato com a família.

– A gente sempre teve uma conversa de que teria uma parceria do clube. Eu fiz um contrato também com o próprio pai, de mútuo, que um advogado fez, para que a gente, num futuro, tivesse algum ressarcimento do nosso investimento. (…) Passamos por várias pessoas no clube e sempre tivemos essa conversa, porque a empresa assumiu todos os custos quando o Cruzeiro não tinha um investimento para um atleta que não tinha idade para morar na Toca. Como ele sempre foi um talento, a gente viu uma possibilidade de fazer um comum investimento.

Em relação ao contrato assinado em 1º junho de 2019, que gera polêmica sobre uma possível divisão dos direitos econômicos de “Messinho”, Fernando Ribeiro de Morais disse que o fez sob orientação de Sérgio Santos Rodrigues, atual presidente do Cruzeiro. Sérgio tem um escritório de advocacia em Belo Horizonte e à época não tinha qualquer vínculo profissional com o Cruzeiro. A assessoria jurídica prestada a Fernando ocorreu na condição de advogado.

– Esse contrato, (quando foi assinado) até tinha saído no Fantástico (as denúncias), e eu acho que realmente, pelo que entendi, não era uma coisa muito dentro da legalidade (o contrato feito com Cristiano Richard).

“Quem me orientou foi o atual presidente, o doutor Sérgio Rodrigues. Eu perguntei a ele o que eu poderia fazer com o Cruzeiro, e ele falou: ‘Fernando, o ideal é que você faça um contrato de promessa de comissionamento futuro’, que é esse contrato aí”.

Sérgio Santos Rodrigues teria orientado empresário a fazer o contrato — Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Sérgio Santos Rodrigues teria orientado empresário a fazer o contrato — Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

GloboEsporte.com entrou em contato com Sérgio Santos Rodrigues, e a resposta foi dada por meio da assessoria de comunicação do Cruzeiro. Em nota, o clube afirmou que a orientação do agora presidente foi que Fernando Morais fizesse um contrato de mútuo apenas com a família de Estevão. Vínculo, este, citado pelo empresário na resposta acima.

– Antes de ser eleito presidente do Cruzeiro, o Sérgio Santos Rodrigues, como qualquer outro profissional, exercia sua atividade laboral, no caso a advocacia. Sérgio, além de relacionamento com o Fernando Morais, também era, não é mais, advogado das empresas dele. E, por solicitação de Fernando, que dizia que estava a emprestar dinheiro à família do garoto, Sérgio, advogado, orientou que Fernando fizesse um contrato de mútuo com o pai do referido atleta.

“É bom frisar que, em momento algum Sérgio orientou que fosse celebrado o mútuo com o Cruzeiro, menos ainda que se estipulasse como garantia os direitos econômicos do jogador” – diz a nota do clube.

Até quando ajudou o garoto e a família?

Fernando Ribeiro de Morais diz não ter calculado o montante investido no garoto, desde a chegada dele a BH, há cerca de cinco anos. Segundo o empresário, o auxílio à família de Estevão William por parte dele foi cessado um pouco antes do início da gestão de Wagner Pires de Sá, que assumiu o clube em janeiro de 2018.

– Foi quando a gestão do Wagner assumiu (que eu parei de ajudar). Eu não conhecia ninguém. Não conheci o Itair, não conheci o Serginho e nem o próprio presidente. Mas já tinha um assédio muito grande no atleta, foi onde eu procurei o clube e coloquei para eles a situação. Num primeiro momento, o clube passou a dar uma contribuição, e eu mantive a minha contribuição para a família. Num segundo momento, o Cruzeiro assumiu a contribuição que eu dava ao atleta. No terceiro momento, o Cruzeiro assumiu toda a vida do atleta, porque aí já tinha um ciclo. Hoje, o clube acredita nele como um grande potencial de futuro.

Família de Estevão William com Fernando Morais e a ex-diretoria  — Foto: Cruzeiro/Divulgação

Família de Estevão William com Fernando Morais e a ex-diretoria — Foto: Cruzeiro/Divulgação

Sobre as suspeitas de irregularidade no contrato assinado em junho do ano passado, Fernando Ribeiro Morais reiterou o posicionamento de que o documento diz respeito somente a comissionamento, não tendo nada a ver com cessão de direitos de Estevão William. Segundo ele, caso alguma cláusula tenha ficado mal redigida, haverá correção.

– O contrato que eu tenho com o Cruzeiro é um contrato de promessa de comissionamento futuro, porque é a realidade. Se qualquer cláusula está mal redigida, é o momento de corrigir, porque a gente não teve, em nenhum momento, intuito de fazer nada contrário às legalidades. Eu, realmente, tenho uma participação de comissionamento futuro, porque eu contribuí com o atleta – disse.

– Eu não emprestei dinheiro ao Cruzeiro para pegar percentual de direito econômico de jogador. Eu tenho uma história de investimento empresarial. O pai sabe, o pai assinou, a família assinou. Todo mundo que está no Cruzeiro ou que passou de alguma maneira pela gestão sabe disso. Não tem nada que esteja por baixo dos panos. Todo mundo sabe da nossa história com a família e da nossa história com o Cruzeiro também – concluiu.

Ge


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