Em evento sem público, Lula pede votos para Boulos e pode ficar inelegível por 8 anos
Usando a máquina pública para comemorar o 1º de Maio, Lula corre o risco de ficar inelegível, caso o TSE siga sua própria jurisprudência
Em um evento patrocinado pela estatal Petrobras para celebrar o 1º de Maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o Dia do Trabalhador para pedir votos para o pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL).
Antes disso, o mandatário reclamou da baixa participação popular. Em um evento esvaziado no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste de São Paulo, Lula disse que aquilo “não ia ficar assim”, pois a organização da festa seria de responsabilidade do ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência – indicando uso da infraestrutura da União.
“Não pensem que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele (o ministro da Secretaria-Geral) sobre esse ato e disse ‘ Márcio, esse o ato está mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, revelou Lula.
Mais tarde, quando Boulos estava ao seu lado no palco, o petista pegou na mão do pré-candidato do PSOL e apelou aos presentes que “transferissem” os votos dados a ele nas eleições passadas.
“Ele está enfrentando três adversários e por isso eu quero dizer para vocês, ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições”, continuou o petista. “Vou fazer um apelo, cada pessoa que votou o Lula em 1989, em 1994, em 1998, em 2006, em 2010, em 2018, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo”, clamou Lula.
Segundo as regras eleitorais previstas pelo Tribunal Superior Eleitoral, não é permitido fazer campanha antes de 16 de agosto – início oficial do período de propaganda política. Além disso, o evento do 1º de Maio foi transmitido (e depois deletado) do canal Gov no YouTube, indicando uso da máquina pública.
TSE tornou Bolsonaro inelegível por situação menos explícita
Em 31 de outubro de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível pela segunda vez por um período de 8 anos. A corte acatou ações do PDT e da senadora Soraya Thronicke (União) por abuso de poder político e econômico na celebração do 7 de Setembro de 2021, sem que houvesse pedido de votos para as eleições que só aconteceriam no ano seguinte.
Além da inelegibilidade, Bolsonaro e seu vice, Braga Netto, tiveram de pagar pesadas multas: R$ 425 mil e R$ 212 mil, respectivamente.
Em seu voto, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, votou pela condenação da chapa “por condutas que versam pelo uso do aparato estatal nos eventos do Bicentenário da Independência”.
“O discurso [de Bolsonaro] foi extremamente eleitoreiro durante as comemorações. Como se não bastassem todas as provas, Braga Netto ainda fez uma espécie de confissão em uma entrevista ao falar sobre o evento citando o comparecimento dos apoiadores da chapa. A prova é extremamente robusta em relação a ambos os investigados”, destacou Moraes.
Fonte: paradoxobr.com