Eduardo Cunha prepara dossiê sobre aliados políticos para possível delação
Prestes a ser julgado no plenário da Câmara, peemedebista já teria uma “pilha” de documentos que indicam distribuição de cargos e empréstimos.
Deputado afastado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está produzindo um levantamento profundo sobre sua ajuda aos muitos aliados que teve durante os últimos anos na Casa. Prestes a ser julgado no plenário da Casa, o peemedebista pretende usar a vasta pilha de documentos em uma possível delação premiada à Justiça.
Apesar de negar a organização de documentos para delação por meio de sua assessoria, deputados relatam que Eduardo Cunha está coletando informações sobre financiamento de campanhas e já teria uma “pilha” de documentos que indicam distribuição de cargos e empréstimos.
Com a previsão de que o processo por quebra de decoro parlamentar seja analisado ainda neste mês, Cunha deve decidir se adere à delação somente após obter o resultado da votação da cassação no plenário da Câmara. Parlamentares próximos ao deputado acreditam que dificilmente ele reverterá a situação e defendem que o peemedebista renuncie ao mandato. Para aliados, a estratégia demonstraria disposição para negociar com a Procuradoria-Geral da República.
Depois do comunicado de Rodrigo Maia (DEM-RJ), novo presidente da Câmara, de que o tema irá a votação somente com quórum superior a 460 deputados, o esvaziamento do plenário é visto como uma saída para salvar Cunha da cassação. Ainda que diante de expectativas negativas, o deputado afastado dá sinais de esperança e dúvida que seus pares votarão para cassá-lo.
Derrotas sucessivas
O recurso do peemedebista contra o processo disciplinar foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça, que aprovou parecer contrário ao deputado por 40 votos a 11. Parlamentares apostam que o resultado do plenário será proporcional ao da comissão. Assim, o deputado afastado teria atualmente somente 40 votos a seu favor.
Wladimir Costa (SD-PA) indicou disposição em manter sua posição pró-cassação porque “não tem outra saída”. O voto dele ajudou a selar o destino do deputado afastado no conselho.
Costa pertencia à “tropa de choque” do peemedebista e disse saber da insatisfação do aliado com a mudança de voto na última hora. “Não tenho compromisso com Eduardo Cunha, não sou do time do Cunha. Ele nunca me ajudou, não devo nada a ele, nem meu mandato”, afirmou.
Há quase três meses Eduardo Cunha foi afastado de suas atividades em decisão do Supremo Tribunal Federal. Desde então, ele prepara um mandado de segurança a ser apresentado à Corte para impedir o plenário da Câmara de pautar a votação. Este é considerado o último trunfo para procrastinar o processo, já que não existem mais manobras regimentais possíveis na Casa.
Fonte: IG / *Com informações do Estadão Conteúdo