O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou nesta sexta-feira (19) a narrativa usada por bolsonaristas de que “o Brasil vai virar uma Venezuela” caso a esquerda volte ao poder.
A frase de efeito foi uma das mais utilizadas por Bolsonaro e seus apoiadores na eleição de 2018 para criar um medo do retorno do PT à presidência, vendendo a tese de que o país ficaria empobrecido e seria governado por um sistema autoritário.
Maia usou a frase para repercutir a notícia de que Ciro Gomes (PDT) se tornou alvo da Polícia Federal, a mando de Jair Bolsonaro, simplesmente por ter feito críticas ao presidente. “E você com medo do Brasil virar uma Venezuela, né? Minha solidariedade ao @cirogomes“, escreveu o parlamentar em suas redes sociais.
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O deputado José Guimarães (PT-CE) também se manifestou sobre o caso. “@cirogomes é o mais novo alvo das investidas anticonstitucionais de Bolsonaro. Todo nosso apoio e solidariedade! Repudiamos mais esse ataque à liberdade de expressão que usa o aparato estatal para intimidar quem discorda dos desmandos do presidente”, postou o petista.
“Quem defende o Estado Democrático de Direito precisa se unir para barrar Bolsonaro o quanto antes. Há tempos o ovo da serpente vem sendo chocado. É preciso dar um basta ao Estado fascista que Bolsonaro tenta instaurar por meio das intimidações a opositores e ataques à democracia!”, completou.
@cirogomes é o mais novo alvo das investidas anticonstitucionais de Bolsonaro.
Todo nosso apoio e solidariedade!
Repudiamos mais esse ataque à liberdade de expressão que usa o aparato estatal para intimidar quem discorda dos desmandos do presidente.— José Guimarães (@guimaraes13PT) March 20, 2021
Além da investida da PF contra Ciro Gomes, a semana foi marcada por inúmeros exemplos de como o governo Bolsonaro vem perseguindo opositores. O influenciador Felipe Neto, por exemplo, foi alvo de uma intimação por ter chamado Bolsonaro de “genocida”, mesmo motivo que levou à prisão de 5 militantes em Brasília, que estenderam uma faixa com o termo. Além disso, pessoas vêm sofrendo processos ou sendo indiciadas por críticas ao presidente nas redes sociais.
PF vai para cima de Ciro
Ciro Gomes se transformou no mais novo alvo de inquérito da Polícia Federal (PF). A acusação é suposta prática de crime contra a honra de Jair Bolsonaro.
O pedido de abertura de inquérito foi assinado pelo próprio presidente, por intermédio da Subchefia de Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência. Em seguida, foi conduzido pelo ministro da Justiça, André Mendonça, de acordo com reportagem de Adriana Ferraz, em O Estado de S. Paulo.
O pedido menciona uma entrevista do pedetista à Rádio Tupinambá, de Sobral (CE), que ocorreu em novembro de 2020.
Na oportunidade, Ciro declarou que a população, ao não apoiar os candidatos de Bolsonaro, mostrava um sentimento de “repúdio ao bolsonarismo, à sua boçalidade, à sua incapacidade de administrar a economia do país e seu desrespeito à saúde pública”.
Além disso, Ciro ainda chamou o presidente de “ladrão” e fez referências ao caso de “rachadinha”, que envolve seus filhos, ao abordar as pretensões políticas do ex-juiz Sergio Moro.
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