Do quadro social aos reparos, veja os prejuízos do Inter três meses depois da volta ao Beira-Rio
Em ascensão na reta final de temporada, o Inter trabalha internamente para melhorar também a parte financeira. Quase 100 dias depois de voltar ao Beira-Rio, o clube contabiliza os prejuízos causados pelas enchentes de maio no RS e o impacto econômico (veja a lista no fim do texto).
São quase R$ 90 milhões de prejuízo. Nesta conta estão fatores como perdas materiais, gastos em decorrência da enchente e também projeções feitas pelo clube de arrecadações num cenário normal, incluindo até o desempenho em competições, que não foram realizadas.
O custo mais excessivo, de R$ 19 milhões, foram as perdas de patrimônio, diretamente relacionadas às cheias do Guaíba no começo de maio. O clube ficou, por exemplo, 115 dias sem contar com o CT Parque Gigante, que precisou ser reformado. O mesmo vale para o Beira-Rio, onde o Inter voltou a jogar em 7 de julho.
O quadro social do clube também tem ligação direta nos prejuízos. Uma parte concreta, de R$ 5 milhões, diz respeito à inadimplência. Ou seja, valores que deixaram de entrar nos cofres do Inter pelo período sem jogos e, claro, o impacto da enchente em si na vida das pessoas. A última atualização, de agosto, tinha 144 mil sócios, com 41 mil inadimplentes.
Outra parte, essa no campo da projeção, resulta em R$ 25 milhões que o clube esperava receber com o aumento contínuo de novos sócios. No momento da tragédia climática no RS, o Inter estava vivo nas Copas do Brasil e Sul-Americana, e o Brasileirão estava nas primeiras rodadas.
O Inter tinha praticamente 144 mil sócios no fim de abril, quase 15 mil a mais desde a virada do ano. A direção colorada acreditava em constante crescimento, segundo o desempenho do time em campo. O quadro social não regrediu, mas está estagnado.
Soma-se a isso cerca de R$ 7 milhões de custos com logística, visto que o clube teve de se deslocar de Porto Alegre para treinar e mandar jogos por um período. Sem o Beira-Rio disponível, o Inter jogou “em casa” em Barueri, Criciúma, Florianópolis e Caxias do Sul.
Para essa questão, ao menos, a CBF se comprometeu em auxiliar os clubes gaúchos com esses gastos em decorrência da enchente. Em reunião na sede no Rio de Janeiro, com presença do presidente Alessandro Barcellos, ficou definido, ao Inter, o repasse de R$ 6 milhões da entidade.
Por fim, a cifra mais alta dos R$ 89 milhões está mesmo em cima do desempenho do Inter. A projeção é de que R$ 33 milhões deixaram de ser arrecadados. Isso é conforme a perspectiva do clube de até onde o time poderia chegar nas competições. O contexto da tragédia climática pode, em partes, estar relacionado a isso.
– Podemos ou não atribuir isso à enchente. Particularmente, vou atribuir boa parte disso ao problema da enchente. Acumulamos jogos, ficamos fora de casa, jogamos 12 partidas seguidas fora. Isso desestabiliza qualquer ambiente. Isso tem consequência e, sem dúvida nenhuma, tem que considerar – ressaltou Barcellos em entrevista à Rádio Gaúcha.
Neste caso, as eliminações precoces da Copa do Brasil, ainda na terceira fase, e Sul-Americana, na fase prévia às oitavas de final, foram cruciais para renda muito abaixo do esperado. O contexto da tragédia climática pode, em partes, estar relacionado a isso.
O prejuízo do Inter pelas enchentes (valores aproximados):
- Perdas patrimoniais: R$ 19 milhões
- Inadimplência: R$ 5 milhões
- Estagnação do quadro social: R$ 25 milhões
- Custos com logística: R$ 7 milhões
- Valores de competições: R$ 33 milhões
- Total = R$ 89 milhões
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