Diagnóstico e tratamento de doenças da aorta ascendente: o que devemos saber
Doenças da aorta podem ser extremamente graves, como a dissecção de aorta tipo A, que tem mortalidade altíssima: até 57% quando não tratada com cirurgia de emergência e até 25% quando tratada. Publicação recente do JAMA destacou alguns pontos de atenção em relação ao diagnóstico e tratamento dos aneurismas de raiz da aorta e aorta ascendente, publicados na última diretriz sobre o assunto.
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Dissecção de aorta
Pacientes com dissecção de aorta tipo A tem benefício, inclusive no longo prazo, de abordagem por equipe multidisciplinar. As equipes geralmente são formadas por cirurgiões cardíacos, vasculares, especialistas em tratamento endovascular e em imagem, anestesiologistas e intensivistas com experiência nessa doença. Os melhores resultados são de centros com maiores volumes de pacientes.
ETT
Os pacientes devem realizar ecocardiograma transtorácico (ETT) para avaliar a estrutura valvar aórtica e sua função. A frequência do seguimento varia de 6 a 24 meses e deve ser individualizada a depender do tamanho do aneurisma, fatores de risco e taxa de crescimento.
Cirurgia
Tratamento cirúrgico está indicado para aneurismas maiores, a partir de 5,5cm. Porém, caso o paciente tenha um aneurisma de 5,0cm, baixo risco cirúrgico e esteja em um centro com alto volume, também pode ser indicado tratamento cirúrgico, já que o risco de dissecção aumenta a partir de 4,5cm.
EcoTT
EcoTT ou imagem de tomografia deve ser realizada em parentes de primeiro grau de paciente com aneurisma ou história de dissecção e até metade desses apresentam doenças da aorta.
Gestantes com doença aórtica devem realizar EcoTT todo trimestre e algumas semanas após o parto e o ideal é que seja seguida em centro com recursos para cirurgia de emergência caso necessário.
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Outras considerações
- Pacientes com doença significativa devem evitar atividade física com contração isométrica ou valsava prolongada, como levantamento de peso com altas cargas. Deve-se preferir cargas menores e atividade aeróbica de baixa intensidade.
- Há poucos estudos randomizados para embasar essas recomendações e elas foram feitas com base no risco de dissecção espontânea ou ruptura de aorta.
- Os fatores de risco devem ser controlados: a meta de pressão arterial é 130x80mmHg, recomenda-se estatina para aneurismas de aorta abdominal, além de cessação do tabagismo. Se houver úlcera aórtica penetrante ou placa de ateroma pode-se considerar aspirina em baixas doses.
- Ainda há diversos “gaps” no conhecimento e há um estudo em andamento para comparar intervenção em aneurismas de 5,0 a 5,4cm com os maiores. Além disso, com os avanços na tecnologia endovascular, pode ser que as indicações mudem, já que a cirurgia pode se tornar mais segura.
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Autor
Editora de cardiologia do Portal PEBMED ⦁ Graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) ⦁ Residência em Clínica Médica pela UNIFESP ⦁ Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) ⦁ Atualmente atuando nas áreas de terapia intensiva, cardiologia ambulatorial, enfermaria e em ensino médico.
- Altenburg MM, Davis AM, DeCara JM. Diagnosis and Management of Aortic Diseases. JAMA. 2024 Jan 23;331(4):352-353. DOI: 10.1001/jama.2023.23668. PMID: 38127327.