Deputados articulam CPI para investigar problemas causados pela usina de Santo Antônio
O deputado Jesuíno Boabaid (PMN) apresentou na Assembleia Legislativa um vídeo sobre possíveis impactos da usina de Santo Antônio. O consórcio ainda pede aumento de cota de barramento em 0,80 cm com a justificativa de gerar energia exclusivamente para os Estados de Rondônia e Acre.
Nas imagens apresentadas, mostrou a força da saída da água que passa pelas turbinas e que segundo ele pode ter provocado os banzeiros que acabaram por causar desmoronamento de barranco ocorrido no último sábado no bairro Triângulo, em Porto Velho.
Afirmou ser uma falácia a questão do linhão para atender com exclusividade Rondônia e Acre, dizendo que a energia gerada irá para o mesmo linhão das outras turbinas.
Jesuíno disse que um gestor da Santo Antônio Energia (SAE) veio até a Assembleia e disse que queria que alguém provasse algum prejuízo ao povo de Rondônia. “Mostrou empáfia e soberba. São culpados, sim, e não podemos aceitar a aprovação deste projeto”, destacou.
Na audiência realizada na Assembleia, afirmou Jesuíno, os moradores informaram que a SAE não está cumprindo com os acordos e que em Porto Velho os prejudicados só serão indenizados se provarem que a culpa é da usina.
“Não podemos aceitar e aprovar que esta questão passe por esta Casa sem análise e vou pedir a abertura de uma CPI para investigar a relação das usinas com estes desastres, incluindo o desbarrancamento ocorrido no último sábado (13), afetando cerca de dez carretas que tombaram para dentro do rio Madeira”, detalhou.
“O ônus dessa obra vai acabar caindo nas costas da Assembleia, mas quem tem o maior poder de barrar o projeto é o governo, através dos órgãos de controle, com Sedam e outros”, ressaltou Boabaid.
Ele disse que chamará todos os entes, a sociedade civil, e tudo será novamente discutido em seus pormenores.
Apartes
O deputado Adelino Follador (DEM) disse que não se pode aceitar, nem aprovar, sem a devida discussão, para que no futuro a Assembleia não seja responsabilizada por algo pior que venha a ocorrer com a população da capital. “Precisamos apoiar e sermos apoiados pelo Ministério Público”, destacou.
Já o deputado Luizinho Goebel (PV) afirmou que ao participar da audiência pública em Machadinho sobre a usina de Tabajara, se manteve com a mesma opinião contrária à sua construção, pois as usinas do Madeira só trouxeram o caos a Rondônia.
“O discurso publicitário deles é ótimo, parece o céu na terra, mas a realidade é o inferno”, citou, acrescentando que o banzeiro provocado pela SAE está causando desbarrancamentos, bem como o alagamento ocorrido na BR 364, sentido Acre.
Luizinho pediu ação do Ministério Público Federal para realizar investigação do dinheiro gasto com as usinas e conclui pedindo que o juiz Sérgio Moro chegue até esta obra, por com isso “vai faltar cadeia em Rondônia”.
Lazinho da Fetagro (PT) relatou que nas lavouras dos pequenos produtores brotam água a poucos centímetros, provocando a perda da produção. “E eram áreas que não estavam previstas para alagar”, citou.
Ele disse que os parlamentares precisam ter responsabilidade e barrar este projeto. “Eles mentem para a população e é preciso um processo de reparação de danos para toda a população”, especificou
Hermínio Coelho (PDT) disse que as compensações negociadas com os consórcios sumiram e “ninguém sabe onde foram parar”. Afirmou que muitos enriqueceram com este dinheiro.
Lembrou que desde que era vereador falava dos desvios que estavam ocorrendo. “Eu já falava disso muito antes da Lava Jato. Até a transposição que o governo federal se comprometeu a fazer pela aprovação da construção, não cumpriu com a promessa”, relatou.
Hermínio concluiu dizendo que o governo de Rondônia vendeu a população do Estado. “Espero que desta vez os deputados cumpram com o que estão falando e não aprovem esta barbaridade com Rondônia”, detalhou.
O deputado Edson Martins (PMDB) afirmou que a Sedam tem se posicionado a este respeito e parabenizou o tema em discussão. Pediu ao deputado Hermínio que trate o tema e as pessoas de forma democrática e respeitosa.
Fonte: rondoniagora