Crise das aposentadorias é global
Não há receita mágica para resolver o problema. Enquanto os sistemas de aposentadoria dão sinais de que estão sobrecarregados, a maioria simplesmente não consegue criar uma reserva para a velhice. A diferença entre o que as pessoas vêm poupando e o montante de que precisarão para manter um padrão de vida razoável está se tornando uma espécie de buraco negro capaz de engolir os países.
Em oito deles, com populações expressivas e grandes mercados de pensionistas – a saber, Austrália, Canadá, China, Estados Unidos, Holanda, Índia, Japão e Reino Unido – a previsão é de que essa diferença chegue a 400 trilhões de dólares em 2050. Em 2015, já era de 70 trilhões de dólares. Apenas 32% esperam conseguir parar de trabalhar completamente depois da aposentadoria. Na média, o dinheiro acumulado vai durar no máximo cinco ou seis anos – as mulheres japonesas, por exemplo, viverão pelo menos 20 anos depois de se aposentarem.
A situação é tão grave que o Fórum Econômico Mundial, conhecido por promover uma reunião anual em Davos, na Suíça, com as principais lideranças mundiais, divulgou um relatório no meio de junho sobre a questão. A constatação é simples: pela primeira vez no planeta, há mais gente acima dos 65 anos do que com menos de cinco. Para que esse perfil demográfico não se transforme numa bomba relógio, os governos terão que criar mecanismos para auxiliar seus cidadãos.
Quando o chanceler Otto von Bismarck criou o sistema de pensões no final do século 19, a expectativa de vida na Alemanha em processo de unificação era de 45 anos. O chamado bônus da longevidade ainda estava fora do cenário. O Fórum Econômico Mundial sugere que os produtos oferecidos por instituições financeiras têm que se diversificar e se tornar mais flexíveis. Também enfatiza que a tecnologia pode ser uma aliada para reduzir custos, com consultorias on-line informando sobre as melhores opções de investimento e a consequente diminuição de taxas de administração.
Por isso é tão urgente implementar programas de educação financeira. A poupança deve ser iniciada logo no início da trajetória profissional e buscar aplicações que sejam rentáveis fará toda a diferença. De acordo com a entidade, o ideal seria que a reserva funcionasse com três pilares: em primeiro lugar, adequação, ou seja, o dinheiro cobriria as despesas da pessoa; em segundo, sustentabilidade, isto é, não acabaria antes do fim da vida; por último, flexibilidade, para fazer frente a eventos inesperados, como despesas médicas. É o bastante para dar a dimensão do desafio que o Brasil enfrenta, uma vez que o país vive um quadro dramático de estagnação econômica.
G1