Conar abre processo para julgar ‘Luis Augusto’ em propaganda da Sadia
Uso de nome próprio em presunto de baixa qualidade gerou protestos.
Para pessoas que se chamam ‘Luis Augusto,’ comercial estimula o bullying.
A polêmica sobre o uso do nome próprio “Luis Augusto” em propaganda da Sadia provocou a abertura de um processo no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária). O órgão informou que foram recebidas mais de 130 reclamações de consumidores, a maioria de pessoas que se chamam “Luis Augusto” ou de pais de “Luizes Augustos” que não acharam a menor graça na brincadeira.
De acordo com as queixas feitas ao Conar, o comercial é ofensivo e desrespeitoso, e estimula o bullying ao associar o nome “Luis Augusto” a um produto de baixa qualidade e objeto de rejeição.
O processo foi aberto no dia 19, segundo a assessoria de imprensa do Conar, e a previsão é que a campanha seja julgada apenas em setembro. Até lá, o comercial poderá continuar sendo veiculado normalmente.
Na campanha, lançada no dia 15 de julho, uma cliente pede presunto e o atendente pergunta se ela vai querer o Sadia ou o Luís Augusto, “que está aqui há um tempão” e “não tem saída” e “virou Luís Augusto”. Assista ao filme da campanha da Sadia
A propaganda foi gerou reclamações e protestos nas páginas da marca nas redes sociais, além de ameaças de processo na Justiça.
No canal da marca no YouTube, a propaganda já teve mais de 1,6 milhão de visualizações, tendo recebido até as 14h30 desta segunda-feira, 635 “likes” e 427 “dislikes”.
Em resposta padrão aos consumidores em sua página no Facebook, a Sadia afirma que “o nome é só uma escolha criativa pra acompanhar o bom humor da Sadia em suas campanhas”. “O único Luis Augusto que nos referimos é o Presunto, os outros são tops”, completa a marca.
Sadia fala em ‘mera coincidência’
Procurada pelo G1, a Sadia enviou a seguinte nota:
“A Sadia esclarece que, como obra de ficção, as semelhanças e a escolha do nome Luís Augusto para a campanha são mera coincidência, à exemplo do que já observamos na teledramaturgia. Portanto, o filme segue o mesmo tom irreverente e característico das campanhas publicitárias da marca, como o clássico bordão “Nem a pau, Juvenal” ou quando o fatiador de frios oferece um tijolo ao consumidor, que pediu para “dar uma olhadinha” no presunto que não era da marca Sadia. Líder na categoria de presunto no País, o principal objetivo da ação é ressaltar a alta qualidade do produto da marca, que tem expertise no segmento e excelência no processo de produção”, afirma a marca.
No dia 22, a Sadia lançou uma sequência da propaganda, na qual responde à polêmica e coloca até um rosto no presunto “Luis Augusto” e diz que “não é pessoal”. Assista ao filme
No ano passado, o Conar suspendeu a propaganda “Ode à comida”, após denúncia de plágio feita pela Vigor, em meio a meio a chamada “guerra dos presuntos”, travada pelas gigantes do setor alimentício BRF (das marcas Sadia e Perdigão) e o grupo JBS (das marcas Friboi, Seara e Vigor).Relembre o caso.
Como funciona o Conar
As medidas do Conar não têm força de lei e o conselho não tem poder de determinar multas. Mas, em geral, as decisões recomendando alterações ou retirada da propaganda do ar costumam ser sempre atendidas pelos anunciantes e agências de publicidade. O órgão informa que desde a sua fundação, em 1978, já instaurou mais de 9 mil processos éticos, que nunca foi desrespeitado pelos veículos de comunicação e que “nas raras vezes em que foi questionado na Justiça, saiu-se vitorioso”.
O Conar abre processos a partir de denúncias de consumidores, autoridades, anunciantes, dos seus associados ou ainda formuladas pela própria diretoria.
Se a denúncia tiver procedência, o Conselho de Ética do órgão Conar recomenda aos veículos de comunicação a suspensão da exibição da peça ou sugere correções à propaganda. Pode ainda advertir anunciante e agência.
Os casos costumam levar mais de um mês para serem julgados. Mas o Conar pode recomendar a sustação imediata nas situações de infração flagrante ao Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
O Conselho de Ética está dividido em oito Câmara, sediadas em São Paulo, Rio, Brasília, Porto Alegre e Recife e é formado por 180 conselheiros, recrutados entre profissionais de publicidade e representantes da sociedade civil.
Fonte: G1