Como foi o reencontro da torcida do Grêmio com a Arena após mais de quatro meses
A manhã de domingo na zona norte de Porto Alegre foi marcada por reencontros. Reencontro do Grêmio com sua Arena, da torcida com o time e de amigos que não se viam há exatos 134 dias, o tempo passado desde a última vez que o Tricolor jogou em sua casa. Foi um dia de emoção e comemoração, apesar da derrota por 3 a 2 para o Atlético-MG, de virada.
O bairro do Humaitá e o entorno do estádio gremista voltaram a ganhar vida com a movimentação da torcida. Ainda com as marcas da tragédia climática por todos os lados, ruas que ficaram quase dois metros abaixo d’água durante a enchente de maio voltaram a receber churrasqueiras para a tradicional confraternização dos torcedores antes dos jogos.
A chegada à Arena foi um pouco diferente do que se costumava viver. A capacidade reduzida de público – foram 10.147 presentes, dos 12,7 mil lugares disponíveis – neste retorno resultou em uma mobilização menor de torcedores. O horário da partida, 11h, também fez com que os gremistas chegassem ao estádio mais perto da hora da bola rolar.
Mesmo assim, gremistas de diferentes cantos do Rio Grande do Sul se fizeram presentes na reabertura do estádio. Houve quem viajou centenas de quilômetros para o reencontro com o time. Foi o caso de Amauri. Para realizar o desejo do filho, ele reuniu a família e viajou durante a madrugada de Panambi, no noroeste do estado, para a capital gaúcha.
– Desde que parou o campeonato por causa das enchentes, ele falou que o primeiro jogo na Arena ele queria estar presente, para a retomada, um jogo histórico. Víamos os jogos apenas de casa. E ele (Felipe), queria muito vir por causa do Braithwaite, para tentar pegar a camisa do Braithwaite. Mesmo com dificuldades, principalmente financeiras, viemos para realizar esse sonho dele – contou o pai.
A volta da Arena foi especialmente comemorada por comerciantes da região. Os bares do entorno, fortemente afetados pela enchente e pela ausência de jogos no estádio durante mais de quatro meses, voltaram a receber público. Lotados de gremistas, o jogo foi apenas um pretexto para os encontros de grupos de amigos, regados a cerveja e churrasco.
Mauro, um dos comerciantes próximo ao estádio, não conseguia esconder a felicidade por voltar a receber público em dia de jogo do Tricolor. Com a ajuda da esposa, preparou uma mesa com salgados para receber os torcedores antes do jogo.
– Falar de tristezas é difícil, mas aqui reergueu muita gente. Participei diretamente da reconstrução do bairro, ajudamos bastante aqui com mutirões, serviços braçais, para reerguer esse lugar. Hoje é um dia de alegria, de festa, um recomeço. O Imortal está de volta – celebrou.
Até pelo público reduzido, a torcida não enfrentou grandes problemas de acesso ao estádio. Não há relatos de lentidão no trânsito ou nos portões de acesso, situações que costumam ocorrer em dias de grandes jogos. Com os bares dentro da Arena ainda fechados, a venda de alimentos feita por ambulantes também não pareceu ser problema para os torcedores.
Com a bola rolando, os gremistas acompanharam um jogo eletrizante. O primeiro susto veio aos 20 minutos, quando Gustavo Martins foi expulso de campo. A resposta da torcida para o time foi o apoio incondicional vindo dos setores norte e leste. Empurrado pelo cânticos, o Grêmio conseguiu, com um a menos, abrir 2 a 0 de vantagem no primeiro tempo.
No final do jogo, é bem verdade que o time de Renato Portaluppi deixou a desejar e sofreu a virada, com dois gols marcados nos acréscimos. Mas o resultado da partida foi o que menos importou. Foi uma tarde histórica na Arena, mesmo ainda longe de apresentar as mesmas condições de antes de enchente. O Grêmio, enfim, voltou para casa.
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