Com variedade de culturas, Fazenda Futuro, produz bons frutos e ressocialização
Entre hortaliças e frutíferas, em uma área de 308 hectares, 59 reeducandos do sistema penitenciário de Porto Velho trabalham diariamente na produção da Fazenda Futuro, projeto do Governo de Rondônia implantado há quatro anos. A fazenda está localizada atrás do complexo penitenciário e conta com o apoio de diversos órgãos estaduais.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater-RO) é a responsável pelo treinamento e aplicação de técnicas de produção junto aos apenados. “Estamos desde o início do projeto nessa parceria com a Sejus, e sempre auxiliando no manejo de cada cultura que é inserida nas atividades de plantio. Agora mesmo estamos com uma turma fazendo o treinamento seguido da prática sobre o jardim clonal, misto de banana e cacau clonal. Essa também conta com a parceria da Seplac, e a ideia é fornecer as ramas desse tipo de cacau para enxertar o cacau de semente e atender aos produtores rurais da região”, explica o extensionista rural da Emater, Josciney Viana de Faria.
O profissional explica que o cacau clonal é precoce em sua produção, com carga a partir de um ano e meio desde o plantio. “A carga principal dele é dois a três anos, enquanto o nativo demora até cinco anos para produzir a primeira carga do fruto. As vantagens são três: a precocidade, a produtividade e a resistência a doenças”, acrescenta.
Na Fazenda Futuro se planta de tudo: abacaxi, açaí, mandioca, magas, laranjas, limões e mexericas, milho, bananas, pupunha e agora será inserido o café clonal. “Para a piscicultura já temos três tanques prontos para receber os alevinos que logo estaremos trabalhando”, lembra o extensionista rural. Outra cultura que deu certo no lugar é a do inhame, ocupando um hectare das terras. Sobre o trato com o plantio, Josciney conta que utiliza, em maioria, produtos orgânicos.
“Pouco usamos de produtos químicos. O adubo também é orgânico doado por um frigorífico parceiro. Todo o capim retirado no organismo dos animais vem para nós, fazemos uma compostagem e depois utilizamos nas plantas. Do abacaxi já chegamos a produzir em uma safra 50 mil frutos. Hoje estamos com 41 mil plantados, mas consideradas as perdas, poderemos fazer uns 20 mil abacaxis”, revela o especialista.
A equipe está fortalecendo a produção da mandioca para produção de farinha na fazenda, já com a ideia de construção de uma casa de farinha que possa se tornar mais uma fonte de conhecimento profissional para o reeducandos. “Daqui mesmo eles já vão sair com certificado da Emater e da Sejus quanto ao treinamento de manejo com o cacau clonal. Isso com certeza poderá influenciar na vida deles quando deixarem o sistema”, considera Josciney.
EXPERIÊNCIA QUE RESSOCIALIZA
Para o reeducando Antônio Aquino, 69 anos, a oportunidade de aprender a mexer com plantio de várias espécies é uma nova forma de se reencontrar quando voltar para a vida fora da unidade prisional.
“Eu estou aqui na fazenda há um ano e meio, através do convênio, que ainda dá um auxílio financeiro para ajudarmos nossas famílias. É muito importante essa chance de aprender algo novo e poder se reintegrar na sociedade, principalmente para quem não tinha uma profissão. A sociedade já nos enxerga com outros olhos, e antigamente era bem pior sair do sistema, mas aqui nós aprendemos e temos o respaldo da Fazenda Futuro e principalmente da Sejus, e tenho certeza que vários de nós vão conseguir voltar e se reintegrar para recomeçar a vida”, conclui Aquino.
Para a horta, o coordenador do Projeto Fazenda Futuro, Bianor Maia, espera mais incentivo com a matéria prima. “A nossa terra aqui é péssima, então precisamos de muito calcário e terra preta para fazer a melhoria do solo. A Seagri nos ajuda, mas precisamos de mais para que o projeto realmente cresça cada vez mais. A ideia é auto sustentabilidade do sistema. Por exemplo, já estamos vendendo os abacaxis a R$ 1,50 para feirantes que vem até nós buscar a fruta. O dinheiro vai para o fundo penitenciário para ser revertido em benefícios para a própria fazenda”, declara.
Tem alface, maxixe, couve, cheiro verde, chicória, entre outras variedade de verduras fresquinhas, e a maior parte de toda a produção da fazenda vai para a merenda escolar e hospitais.
“E já estamos com todos os equipamentos, como as caixas d’água e máquinas para começar a horta hidropônica, somente preparando a área destinada para esse trabalho”, completa Bianor. Quanto aos tanques para a piscicultura, o coordenador diz que a empresa que fará a entrega dos alevinos já foi licitada e em breve o novo projeto será iniciado.
Com a madeira apreendida doada pela Sedam, o coordenador diz já ter um projeto no valor de R$ 100 mil aprovado pela Justiça Penal para a construção de um galpão metálico e aquisição de máquinas de marcenaria por parte da Sejus, a fim de começar a produção de móveis para creches e escolas. “A fazenda só tem a crescer”, conclui.
Fonte:Secom