Carnaval 2017: erro na hora do julgamento tirou vitória da Mocidade
Vice-campeã do carnaval carioca neste ano, a Mocidade Independente de Padre Miguel perdeu o título para a Portela por apenas um décimo. O desconto no somatório de pontos, porém, gerou polêmica depois da divulgação oficial das justificativas de todos os jurados, ontem à tarde. Isso porque um dos jurados tirou um décimo da Verde e branco por não ter visto um destaque de chão que, na verdade, não estava previsto no desfile. O caso foi revelado pela coluna “Roda de Samba”, do jornalista Leonardo Bruno.
Apesar de ter considerado o enredo da Mocidade “de grande densidade cultural”, Valmir Aleixo Ferreira penalizou a escola por não apresentar o destaque “Esplendor dos 7 Mares”, que, porém, não constava no livro Abre-Alas, roteiro oficial dos desfiles entregue pelas escolas.
A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) explicou que foram entregues aos julgadores duas versões do livro. A primeira, enviada em 11 de janeiro, apresentava Camila Silva como destaque de chão, à frente do quarto carro, com a fantasia descrita por Aleixo. Pouco tempo antes da apresentação no Sambódromo, Camila foi escolhida para vir à frente da bateria e o destaque foi retirado da nova versão do roteiro do desfile, do dia 31 de janeiro.
A Liesa afirmou, em nota, que a versão final do desfile da Mocidade só chegou à Liga após a realização da primeira etapa do curso de julgadores, o que pode ter causado toda a confusão. “Analisando as justificativas do julgador Valmir Aleixo, depreende-se que o referido julgador utilizou a versão anterior, recebida no dia do curso de julgadores, com suas observações iniciais sobre o enredo de cada escola de samba”, diz a Liga em trecho.
Resultado seria diferente
A nota 10 levaria ao empate com a Portela. O desempate só ocorreria no quinto critério de desempate: o quesito Comissão de Frente, em que a Portela perdeu um décimo, enquanto a Mocidade tirou 10. A Mocidade seria, então, a campeã do carnaval. Em nota, a escola mostrou descontentamento com a justificativa do jurado e prometeu cobrar mais preparo técnico.
“O que questionamos nesta nota é o despreparo apresentado pelo julgador em questão para cumprir tão importante função. É inadmissível que o sonho de uma comunidade seja jogado fora por um erro tão crasso”, criticou.
Segundo Aleixo, no entanto, houve uma “falha administrativa” da escola por não ter enviado uma errata sobre a atualização do roteiro.
— A vitória vem da competência artística, técnica e administrativa da escola. Se ela não conseguiu enviar uma errata porque atualizou o roteiro, eu não me sinto responsável. É uma questão administrativa. Fico triste, sensibilizado e abalado porque o desfile foi maravilhoso. Mas é um regulamento que tem de ser cumprido.
*Leia na íntegra a nota da Liesa
Com relação às matérias relacionadas com a publicação dos mapas de notas e justificativas do Grupo Especial do carnaval 2017, a Liesa esclarece que:# em 11 de janeiro a Mocidade Independente de Padre Miguel enviou uma versão do livro Abre-Alas na qual cita a presença da destaque Camila Silva, descrevendo sua fantasia como “O esplendor dos sete mares”;
Em 31 de janeiro, data da realização do curso de julgadores para o quesito Enredo, os julgadores receberam esta versão impressa em preto e branco, bem como a digital colorida, para poder nortear e iniciar seu trabalho de pesquisa visando o julgamento a ser realizado por ocasião dos desfiles, conforme vem ocorrendo todos os anos;
Posteriormente, em uma segunda versão, a Mocidade Independente de Padre Miguel alterou o roteiro enviado inicialmente; na nova versão, Camila Silva já vem citada como rainha de bateria, com o figurino “Dona das Areias, Yemanjá”;
Como a versão final da Mocidade só chegou à Liesa após a realização da primeira etapa do curso de julgadores, pode ter havido uma falha de comunicação ocasionando a avaliação, pelo julgador, através de sua versão inicial, deixando de considerar o livro impresso entregue pela Liesa no dia do desfile;
Neste caso, analisando as justificativas do julgador Valmir Aleixo, depreende-se que o referido julgador utilizou a versão anterior, recebida no dia do curso de julgadores, com suas observações iniciais sobre o enredo de cada escola de samba.
*Leia a nota da Mocidade na íntegra:
A Mocidade Independente de Padre Miguel vem a público externar todo o seu descontentamento com a justificativa da nota atribuída pelo julgador de enredo Valmir Aleixo Ferreira. Antes de tudo, gostaríamos de exaltar o belíssimo desfile feito pela Portela e o merecido título conquistado.
O que questionamos nesta nota é o despreparo apresentado pelo julgador em questão para cumprir tão importante função. É inadmissível que o sonho de uma comunidade seja jogado fora por um erro tão crasso. Criar algo que em nenhum momento esteve no livro ‘’Abre-Alas’’ e em cima disso nos penalizar, soa estranho e sem explicação.
A Mocidade se posiciona em busca de mais preparação técnica e responsabilidade para todos os julgadores. Cobraremos isso! Meses de investimento, trabalho pesado, e a dedicação de milhares de componentes não podem ser prejudicados desta maneira.
À nossa valorosa comunidade: nunca deixem de acreditar neste sonho! O desfile que fizemos só foi possível com a participação determinante de vocês. Em 2018 vamos voltar na Avenida e buscar o título que nos foi tirado de forma tão lamentável.
Fonte: Extra