Câncer de Silvio reacende dúvidas sobre filtro solar, veja mitos e verdades
Segundo dados do Inca, entre os tumores de pele, o tipo não melanoma é o de maior incidência e mais baixa mortalidade, correspondendo a 30% dos tumores malignos registrados no país. Já o melanoma é a forma mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de metástase, mas só representa 3% dos cânceres de pele detectados.
Em ambos os casos, o filtro solar e a exposição cautelosa ao sol, evitando o horário entre 10h e 15h, continuam a ser as formas mais eficazes de prevenção. Apesar de isso ser amplamente divulgado, ainda perduram dúvidas sobre o tema –mitos e verdades que Selma Helene, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, e Eduardo Bertolli, cirurgião oncológico especializado em câncer de pele do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ambos em São Paulo, ajudam a esclarecer a seguir.
1 – Para estar protegido do sol, basta aplicar o filtro antes de sair de casa
Mito – Para uma proteção efetiva, é preciso reaplicar o produto ao longo do dia. Se estiver ao ar livre, a reaplicação deve ser feita de duas em duas horas. Já se a pessoa for trabalhar em local fechado, basta reaplicar antes de sair para almoçar.
2 – Filtro solar prejudica a absorção de vitamina D
Mito – Embora a luz do sol seja fundamental para que o organismo sintetize essa vitamina, usar o produto não prejudica o processo. Segundo Selma, quem não trabalha sob o sol deve, no dia a dia, usar filtro na face, nas orelhas, no pescoço e no colo. Assim, dá para tomar sol nos braços ou nas pernas e sintetizar a vitamina D.
3 – É preciso usar filtro solar mesmo em locais fechados
Mito – Não é preciso, a menos que a pessoa trabalhe perto de uma janela. Nesse caso, mesmo com vidro, é preciso usar e reaplicar o produto ao longo do dia. Sobre a exposição à luz de lâmpadas, computadores e outros dispositivos eletrônicos, pode se tranquilizar: elas não requerem filtro. Selma cita estudos recentes que comprovam que, embora emitam radiação, as ondas desses equipamentos não são capazes de causar danos na pele.
4 – Quanto maior o fator de proteção, melhor o filtro
Verdade – Mas, ao comprar o produto, não basta comprar um com um bom fator de proteção. A dermatologista do Einstein recomenda a escolha uma marca reconhecida no mercado e que tenha a chancela da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mais uma recomendação de Selma: não adquira produtos que tragam no rótulo a palavra “bronzeador”. O ideal é consultar um dermatologista para que ele identificasse o melhor produto, levando em consideração o tipo de pele e a forma como a pessoa se expõe ao sol.
5 – Criança só precisa usar filtro solar ao ar livre
Mito – Assim como os adultos, as crianças deveriam usar filtro solar diariamente. A dermatologista Selma Helene indica o produto para pacientes a partir de um ano, mas a Sociedade Brasileira de Pediatria já libera o uso de filtros infantis a partir de seis meses. Antes dessa idade, é preciso usar barreiras mecânicas, como bonés e camisetas, e limitar a exposição a curtos períodos antes das 10h ou depois das 15h. A médica afirma que, entre zero e 18 anos, em média, a pessoa terá sido exposta a 80% da radiação que tomará a vida toda.
6 – Quem teve câncer de pele uma vez tem mais chance de ter a doença novamente
Verdade – De maneira geral, a exposição ao sol, que é um dos fatores de risco para câncer de pele, atinge diversas partes do corpo ao longo dos anos. Esse processo de acúmulo faz com que várias pessoas acabem apresentando mais de um câncer de pele durante a vida. Mas há uma diferença entre a lesão que volta –o que normalmente ocorre em situações de tratamento inadequado ou de tipos mais graves– de uma segunda, terceira ou enésima lesão que pode surgir, sem relação direta com aquela que a antecedeu.
7 – O sol é a única causa do câncer de pele
Mito – Fatores genéticos, estados de imunossupressão (quando o sistema imunológico está debilitado), lesões crônicas como queimaduras e mesmo o uso de algumas medicações podem agir como fatores de risco para os diversos tipos de câncer de pele.
8 – Quem teve câncer de pele deve fazer um acompanhamento médico mais rigoroso
Verdade – Para quem nunca teve o problema, uma avaliação dermatológica anual é considerada suficiente. Já para quem teve câncer de pele, a frequência pode variar desde consultas semestrais ou mesmo mensais, dependendo do tipo de câncer de pele, da presença de outras lesões suspeitas e do tratamento proposto.
9 – O tratamento do câncer de pele é apenas cirúrgico
Mito – Os tipos menos agressivo de câncer de pele são os carcinomas e a quase totalidade deles será tratada com a remoção cirúrgica. Entretanto, alguns tipos de carcinoma de pele também podem ser tratados de outras maneiras além da cirurgia, como quimioterapia e radioterapia. A avaliação de um especialista é fundamental.