Brilhou o ouro! Nos pênaltis, Brasil vence Alemanha e conquista medalha inédita
Após empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, seleção olímpica conta com defesa de Weverton e 100% de aproveitamento nas cobranças para vencer.
RESUMÃO
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O JOGO – Por Alexandre Lozetti, Felipe Schmidt e Raphael Zarko
Conte, carioca, quando este sábado virar lenda, que você estava no Maracanã – mesmo que seja mentira. Na praia, nos botecos, nas ruas, rememore deliciosamente: você viu Neymar avisar que também estava lá; gritou o nome do camisa 10 antes do golaço de falta; calou-se por um milionésimo de segundo quando os alemães empataram em 1 a 1 e levaram o jogo para a prorrogação e os pênaltis. Lembre como pulou porque era pentacampeão mundial. E como, quando o capitão converteu o angustiante quinto pênalti e fez 5 a 4, você saiu do chão também porque era, enfim, campeão olímpico de futebol masculino. Você, carioca, só não estará mais orgulhoso que os acreanos: porque o herói da medalha de ouro é de Rio Branco, é goleiro, é Weverton, responsável por defender a cobrança de Petersen.
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PRIMEIRO TEMPO –
Conte, carioca, como você debochou do acaso após três chutes da Alemanha acertarem o travessão. Gritou que o Maraca era seu. E era verdade. Porque, apesar dos sustos, o Brasil do primeiro tempo esqueceu qualquer trauma do 7 a 1 ou do Maracanazo. Com a bola no chão, como você sempre quis ver, trocou passes e procurou espaços na defesa germânica. Não havia um centímetro livre, então você berrou por Neymar para ele colocar uma bola no ângulo em cobrança de falta perfeita.
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SEGUNDO TEMPO –
Conte, carioca, com tristeza, como foi a vez de o acaso debochar de você no segundo tempo. Porque a Alemanha voltou melhor e mostrou aquela velha eficiência que já te machucou: Meyer, num chute rasteiro, empatou. Você não desistiu, apoiou e se desesperou a cada chance perdida pelo Brasil após a seleção retomar o controle do jogo. Certifique-se de que seus interlocutores saibam exatamente como sua barriga gelava a cada contra-ataque germânico.
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PRORROGAÇÃO –
E a prorrogação? Carioca, conte a todos que você se afligiu ao notar o cansaço dos jogadores brasileiros e perceber que Rogério Micale não tinha opções no banco de reservas – Rafinha, sem ritmo, não pôde ajudar. Você e seus amigos tentaram compensar no grito, na animação, mas não foi suficiente. Você passou a torcer não mais para um gol, mas para que cada passe fosse certo, apenas isso. Seus olhos procuravam Neymar, que lutava mas perdia contra o cansaço.
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PÊNALTIS –
Seus amigos te perguntarão, carioca, como você resistiu à disputa de pênaltis. Você provavelmente nem irá lembrar exatamente, porque apenas um borrão de emoções te marcou. A angústia antes de cada chute; a explosão quando Weverton defendeu a cobrança de Petersen. E o alívio, aquela alegria que você não sentia há muito tempo, quando Neymar confirmou o ouro.
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“VÃO TER QUE ME ENGOLIR” –
Brilhou no campo, chamou a responsabilidade na quinta e decisiva cobrança na decisão por pênalti e deixou o recado ao deixar o gramado. Emocionado, Neymar desabafou, ao bom estilo Zagallo:
– Olha, tenho muita coisa para falar, mas ainda não encontrei palavras. Eu só tenho a agradecer a Deus, minha família, amigos, companheiros, pelos momentos difíceis na competição, onde fomos criticados. O quanto falaram da gente, respondemos com futebol. É uma das coisas mais felizes que aconteceram na minha vida. E agora, faz o quê? Vão ter que me engolir !
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WEVERTON
Carioca, você só não poderá tirar mais onda que os acreanos. Porque foi um conterrâneo deles que brilhou. Weverton foi chamado para substituir o cortado Fernando Prass e chegou garantindo que era bom pegador de pênaltis. Confirmou isso, ao pular para defender o chute de Petersen e entrar para a história.
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MEDALHA –
Esta foi a 17ª medalha do Brasil na Olimpíada do Rio de Janeiro. Agora, o país soma seis ouros, seis pratas e cinco bronzes, no melhor desempenho da história. Além do ouro de 2016, o futebol masculino tem três pratas (1984, 1988 e 2012) e dois bronzes (1996 e 2008).
Fonte: globoesporte