Bahia repete posse de bola ineficaz e falha na defesa em noite de derrota para o Bragantino
O Bahia chegou a sonhar com liderança e com G-4 no início do Campeonato Brasileiro, mas vivencia outra realidade neste returno. Cada vez mais “burocrático” em sua melhor formação, o Tricolor chegou à nona rodada na casa dos 30 pontos ao perder de 2 a 1 para o Bragantino, na noite do último domingo. Mesmo com 64% de posse de bola, o Esquadrão foi ineficaz em suas tentativas ofensivas, além de cometer erros na defesa que custaram alguma chance de pontuar no Nabi Abi Chedid.
Espaços inexplorados e flerte com perigo
Do início ao fim da partida válida pela 25ª rodada, o Bahia manteve um padrão de desempenho que uniu uma lenta posse de bola à demora em criar chances de gol, nos momentos de construção ofensiva, e alguma dificuldade para realizar a transição defensiva quando o Bragantino encaixava passes mais verticais.
Mas o início prometeu algo além quando Everaldo e Thaciano finalizaram de dentro da área em dois minutos de jogo. O Bahia tinha espaços pelos lados para explorar se tivesse mais velocidade na fase ofensiva, o que não se confirmaria com o passar do jogo. O Tricolor tocou a bola com aquela paciência já conhecida e foi pouco agudo.
Além disso, o fator Helinho passou a dificultar o Tricolor em suas linhas de marcação. O atacante acertou o travessão em chute de fora da área e criou as principais jogadas dos primeiros 30 minutos. O Bragantino até marcou com Jadsom Silva neste período, mas Eduardo Sasha, autor do passe, havia recebido a bola em posição de impedimento. Jogada irregular, mas que escancarou uma falta de compactação do Bahia.
O Tricolor flertou com o perigo e perdeu Thaciano após pancada no joelho. O técnico Rogério Ceni escolheu Ademir para substituir o camisa 16. Conhecido como “Fumacinha”, o atacante foi bem em alguns momentos, mas não apresentou a mesma intensidade em seu seu segundo jogo após lesão. Além disso, teve que jogar pela esquerda, onde parece ter mais dificuldade.
Com a saída de Helinho, machucado, o Bahia teve maior tranquilidade em um primeiro tempo que se arrastou sem emoção até a reta final, quando o Tricolor permitiu finalização perigosa do Bragantino com Sasha, em antecipação de cabeça, e criou duas situações interessantes: uma concluída por Everaldo, após balão para a área, e outra em chute travado de Cauly que teve jogada individual de Ademir.
Queda de ritmo e falhas são determinantes
Na segunda etapa, o Bahia repetiu chegadas pelas laterais com cruzamentos infrutíferos, principalmente porque tinha poucos jogadores presentes na área. Um dos fatores que colaboraram para isso foi a presença de Ademir na dupla com Everaldo. O camisa 7 não possui a característica de se posicionar como centroavante.
O ataque não funcionou, mas a defesa falhou na bola parada pelo segundo jogo consecutivo. Contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, o erro aconteceu após escanteio. Já em Bragança Paulista houve vacilo após falta levantada para a área, aos 18 minutos, com maior culpa para Marcos Felipe, que ficou no meio do caminho e viu Douglas Mandes marcar de cabeça
O técnico Rogério Ceni não demorou para fazer mudanças em atacado em busca de uma reação que aconteceria logo em seguida. Carlos de Pena, Rafael Ratão e Lucho Rodríguez substituíram Everton Ribeiro, Everaldo e Cauly.
E foi durante briga do uruguaio De Pena pela bola, no lado direito do ataque, que saiu o gol do Bahia marcado por Luciano Juba, após bate-rebate e chute da esquerda, aos 26 minutos. O lateral, inclusive, foi o melhor jogador tricolor na partida .
O melhor momento do Bahia na segunda etapa teve mais transições rápidas para o ataque e boa finalização de Rafael Ratão de fora da área, mas a reação tricolor funcionou por pouco menos de dez minutos, e uma bola chutada no travessão por Lucas Evangelista, de fora da área, era um aviso do que estava por vir.
Rogério Ceni ainda trocou Ademir (também saiu machucado) por Iago Borduchi, mas o Bahia parecia confortável com o empate fora de casa e ficava cada vez mais tempo no campo de defesa em meio a poucas tentativas de contra-ataques. Além disso, o Tricolor permitiu finalização de Gustavinho em rebote fora da área em um dos últimos lances da partida
O jogo foi equilibrado, mas a derrota pode ser considerada justa. O Bahia teve bola e finalizou 14 vezes, seis no alvo, mas levou pouco perigo, o que deixa evidente a necessidade de o time precisa ser mais agudo no ataque.
Temida casa dos 30 pontos
O Tricolor vivia a expectativa de vaga direta na Libertadores quando venceu o Athletico-PR, na 16ª rodada, e chegou a 30 pontos, na quarta colocação. Quase dois meses depois, a queda de ritmo resultou em apenas duas vitórias, além de quatro derrotas e três empates.
O aproveitamento de 33% no Brasileiro fez o Bahia chegar apenas a 39 pontos mesmo após nove jogos. Agora, o Tricolor é o sétimo colocado. A briga por vaga no G-6 e até por G-4 ainda é uma realidade, mas o Esquadrão precisa encontrar novas soluções dentro das quatro linhas.
A missão é do técnico Rogério Ceni e de um elenco que não deve ganhar mais reforços até o fim do ano, até porque a segunda janela de transferências se encerra nesta segunda-feira e não há indícios de novidade.
Agora, o Bahia descansa graças a uma folga no calendário. O próximo compromisso do Tricolor será contra o Flamengo, pelo jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil, mas apenas no dia 12 de setembro (uma quinta-feira), no Maracanã, às 21h30 (de Brasília).
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