Audiência pública debate estratégias de melhorias da educação em Rondônia
O presidente da Comissão de educação de Rondônia, deputado Lazinho da Fetagro (PT), comandou na tarde desta segunda-feira (21), no auditório da Assembleia Legislativa de Rondônia, audiência pública para debater estratégias de melhorias para o ensino público em Rondônia.
Na audiência, foi apresentada a experiência educacional do município de Sobral/CE, tendo como expositor o secretário de Educação, Herbert Lima. Por outro lado, o diretor do Google For Education Brasil, Alexandre Campos, apresentou modelo tecnológico de apoio a professores e alunos, disponibilizada pela empresa Google.
Participaram do evento os deputados estaduais Adelino Follador (DEM), Alex Redano (Republicanos), Chiquinho da Emater (PSB), Cirone Deiró (Podemos), Aélcio da TV (PP) e Cabo Jhony Paixão (Republicanos), o secretário estadual de Educação (Seduc), Suamy Vivecananda, o presidente da Arom, Claudio Santos; o presidente da Undime, Vilson Macedo; o conselheiro do Tribunal de Contas, Paulo Cury, a vereadora de Ji-Paraná, Claudia de Jesus (PT), o superintendente do Sebare, Daniel Pereira; o superintendente da Fiero, Gilberto Batista, a presidente do Sintero, Lionilda Simão, e o secretário municipal de educação de Porto Velho, Márcio Félix.
“Agradecer pela mobilização de todos, para a realização dessa audiência pública. Na Comissão, acompanho de perto os desafios, os problemas, as realizações e as boas ações. Quero que todos entendam que não queremos, de forma alguma, menosprezar o trabalho que nos levou até aqui. A nossa intenção é estimular, trazer novos sonhos e, somados à capacidade que nós temos, irmos muito além, apesar dos obstáculos”, disse Lazinho ao abrir a solenidade.
Ainda de acordo com o proponente, “queremos plantar mais uma boa semente e contribuir para que a nossa educação cresça ainda mais. Vamos somar esforços nesse sentido e essa é a nossa motivação: atuar para que os resultados positivos na educação aconteçam”.
A audiência reuniu prefeitos, secretários municipais, vereadores, professores e diretores de escolas, com o foco no debate de um modelo que possa gerar ações e parcerias para a promoção de uma educação de qualidade.
Ainda segundo Lazinho, “é preciso reconhecer que temos muito a melhorar. E isso é uma tarefa de toda a sociedade. Tenho um sonho, como deputado: que pelo menos um município de Rondônia consiga, em dez anos, chegar á meta do IDEB, já estarei feliz. Precisamos buscar parcerias também e envolver a família”.
Deputados
Adelino Follador disse que a intenção da audiência pública, não é trazer um modelo pronto, ou ensinar a ninguém. “Na visita que fiz a Sobral, o que mais me chamou a atenção foi a motivação dos professores e diretores. Ou seja, se não houver uma mobilização, um querer de todos, a coisa não anda, seja qual for o modelo”, destacou.
Follador disse ainda que “aqui foi lançada uma semente, que com certeza vai dar bons frutos. E o Governo precisa ser parceiro dos municípios, adotando um modelo que possa fortalecer o aprendizado no ensino fundamental”.
Filho de professora, o deputado Cabo Jhony Paixão destacou a importância da audiência para ações futuras em prol da educação. “Essa propositura do deputado Lazinho é muito importante para os municípios. Sabemos que nada surge de um dia para o outro e precisamos debater todas as alternativas de melhorias para os alunos rondonienses”, disse.
Jhony informou que colocou 70% de suas emendas para a educação, por entender a importância do setor. “Temos muitos desafios e é preciso recursos para enfrentá-los. Tenho procurado fazer a minha parte e dando a minha contribuição”.
Alex Redano também conheceu o modelo de Sobral e disse ter ficado encantado. “É um modelo diferente, que precisa ter coragem política e o resultado demora. Mas, é um caminho que trouxe resultados e precisa ser valorizado e pode ser adaptado para a nossa realidade em Rondônia e é essa a nossa intenção: apresentar um modelo exitoso, que possa somar forças por uma educação melhor em Rondônia”, acrescentou.
Chiquinho da Emater observou que “temos bons exemplos e acredito muito nos professores de Rondônia. Falta apoio, faltam ferramentas e é importante novos modelos que possam contribuir com a melhoria da educação. Precisamos avançar, educação é tudo e não podemos baixar a guarda”.
Cirone Deiró disse que, durante a visita que fez a Sobral, identificou como primordial a definição de uma política de Estado. “Independente do prefeito, o modelo segue e as decisões são sequenciadas. Ou seja, não é cada prefeito mudando o modelo, ao seu bel prazer. Sobral gasta 26% do orçamento com educação e faz muito. Ou seja, nem sempre é apenas o recurso que falta, mas falta planejamento, o engajamento da família e outras ações”.
Sobral
Em sua explanação, o Secretário de Educação de Sobral-CE, Herbert Lima, destacou os principais pontos da reforma educacional, iniciada há 20 anos pelo município que hoje é considerado um fenômeno em educação ao receber pela primeira vez as notas mais altas do país – 9,1 (1ª a 5ª série) e 7,2 (6ª a 9ª série) – nas duas etapas do ensino fundamental, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, divulgado no fim de 2018 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC).
Lima destaca que essas notas alcançadas nas avaliações nacionais são frutos de investimentos na gestão, melhoramento do aprendizado, incentivo aos professores, monitoramento de resultados. “Na década de 90 a rede municipal de Sobral era totalmente desestruturada, as escolas não tinham qualquer estrutura físicas para receber os alunos, os professores eram indicados por políticos e não possuíam a habilitação necessária para lecionar”, explica.
O secretário apontou que a política educacional de Sobral é estruturada em três eixos estratégicos: o fortalecimento da gestão escolar – seleção de diretores e professores por critérios meritocráticos, formação continuada, autonomia administrativa, pedagógica e financeira para as escolas; o fortalecimento da ação pedagógica – com a qualificação e organização do trabalho em sala de aula; e a valorização do magistério – com reconhecimento, gratificação por desempenho e qualificação do docente.
“Todos os diretores e coordenadores das escolas só ingressam em um cargo em comissão por meio de seleção pública, prova, análise de títulos e comportamental com intuito de verificar se aquele candidato tem condições de assumir uma gestão municipal. Vinte anos depois do empenho dos gestores, hoje temos 62 escolas bem estruturadas, com uma gestão escolar técnica”, explicou.
Outro ponto destacado para o resultado positivo do município pelo secretário de Sobral foi a valorização da alfabetização na idade certa através do programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), implantado em 1997. “Nosso interesse é garantir que as crianças avancem na série correta de fato dominando a leitura e a escrita. Esse programa foca na alfabetização como sendo a principal prioridade da política pública educacional e, depois, se amplia tratando de outras vertentes voltadas para formação de professores, materiais didáticos”, apontou.
Por fim, Lima afirmou que esse progresso na educação de Sobral é fruto de constantes investimentos, monitoramento de resultados, valorização dos professores com a garantia do piso salarial, foco na aprendizagem dos estudantes, apoiando o trabalho do professor em sala de aula, entre muitos outros pontos adotados pelo município.
O diretor do Google For Education Brasil, Alexandre Campos, fez uma explanação de 20 minutos, mostrando, inicialmente, as mudanças no processo educacional nos últimos 50 anos. “Hoje, as crianças não têm mais paciência para ficar na sala de aula, calado, quietinho. Por outro lado, mudou a forma de acesso à informação, cada dia mais acessíveis. Não temos horários para acessar essa informar, que pode ser feita a qualquer momento. E vamos trabalhar em equipe, mas a escola ainda ensina de modo individual”, explicou.
Segundo ele, “a educação pode fortalecer todo o ecossistema. A Google disponibiliza uma série de ferramentas, aperfeiçoadas para facilitar o acesso. Outra ferramenta é o Chromebooks, um notebook concebido pela empresa, de manuseio muito simples e rápido”.
Ele citou algumas cidades onde o uso de ferramentas do Google, como o Chromebook, já está sendo disseminado e colhendo bons frutos, a exemplo de Barueri (SP), Fortaleza e Sobral, no Ceará, além de cidades no Espírito Santo e Santa Catarina.
“Estamos formando alunos para profissões que nem sabemos quais serão, no futuro. E, ao mesmo tempo, ainda temos medo de proporcionar aos alunos o acesso às ferramentas de tecnologia. O importante é acessar os programas certos e de maneira correta. Tem muita coisa que pode e deve ser utilizada”, ressaltou.
Em seguida, o diretor do Google mostrou um vídeo com crianças de uma comunidade ribeirinha, no interior do Amazonas. “Esse vídeo mostra as crianças com seus sonhos, com seus anseios e desejos. É isso que precisamos valorizar: que as nossas crianças sonhem em crescer, em se desenvolver, em aprender”.
Ele defendeu a formação continuada e o acompanhamento dos professores, ao longo de pelo menos três anos, preparando conteúdos digitais para os alunos, com o uso das ferramentas já disponíveis de forma gratuita pela empresa. “Importante essa parceria de aluno e professor, em prol da escola. Ao nosso ver, isso vai garantir mais aprendizado e capacidade de nossos alunos concorrerem pelos melhores empregos, as melhores carreiras”.
Pronunciamentos
O secretário Suamy Vivecananda disse que “como é bom aprender com quem tem o que nos ensinar. Quem rompeu com um modelo, com um sistema, para fazer a diferença. Penso que em metodologias já provadas e aprovadas, não devem ser questionadas. Uma equipe técnica da Seduc esteve em Sobral e pretendemos promover mudanças, levando em conta esse modelo exitoso. Aliás, já fizemos mudanças”.
Segundo o secretário, “eu acredito na educação e precisamos discutir novos modelos, novas estratégias, que possam trazer números melhores, não apenas no IDEB, mas no processo de ensino e aprendizagem”.
Paulo Cury, que vai assumir a presidência do TCE no começo do próximo ano, se comprometeu em empunhar a bandeira, em busca de resultados melhores para a educação em Rondônia. “O que Sobral nos mostra é que ações simples, previstas em leis, dão resultados surpreendentes e que podem servir de base para ações semelhantes”.
Claudio Santos observou que os municípios têm muitos desafios para avançar na educação, mas defendeu que o uso da tecnologia é primordial para garantir esses avanços. “É importante analisar a realidade local e implantar um modelo adequado a nossa potencialidade”.
A presidente do Sintero, Lionilda Simão, defendeu que o modelo de escolha de diretores seja amplamente democrático, mas com preocupação em ter resultados positivos.
Daniel Pereira abriu a sua fala, ressaltando que “o modelo de Sobral está pronto, é exitoso, e o que precisamos é fazer um convênio para adotá-lo em Rondônia, com alguns ajustes. Trago aqui uma reflexão ainda: o Google fez essa apresentação e precisamos usar a tecnologia a favor da educação”.
O presidente da Undime, Vilson Macedo, parabenizou a Assembleia Legislativa, pela iniciativa em trazer o modelo de Sobral, para estimular, motivar a todos os envolvidos com a educação. “Essa audiência vem fortalecer ainda mais esse nosso compromisso em fazer uma educação cada vez melhor. Depende muito de ação política, de tomar decisões que possam mudar o rumo das prioridades”.
A vereadora Claudia de Jesus elogiou o modelo de Sobral, “é possível que o gestor possa fazer mais e melhor pela educação, mesmo sem muitos recursos, sem grandes investimentos, mas com a aplicação correta e responsável dos recursos”.
Ela ressaltou que “esperamos resultados práticos. Quero dizer ainda que a mediação tecnológica foi implantada sem a devida discussão, o que tem gerado uma série de reclamações”.
O prefeito de Ariquemes, Thiago Flores (PSL), alertou que, “se tiver algum tipo de solução para o setor educacional, está aqui. Aqui estão as forças políticas e boa parte do corpo técnico. Reconheço ainda a ação do conselheiro Paulo Cury, em se colocar à disposição para contribuir”.
Flores disse que, em 2017, técnicos da Secretaria Municipal de Educação de Ariquemes, estiveram em Sobral. “Lá é o modelo a ser seguido, mas se respeitando as nuances de cada lugar. O resultado, provavelmente, não será colhido agora, mas lá na frente, quando o resultado vir, vai ser sólido e concreto. Deixo a mensagem de que, quanto melhor a educação, menor é a violência. No final de semana, quatro jovens, pobres e negros, foram assassinados em Ariquemes”.
Ao final das explanações, o proponente da audiência pública, Lazinho da Fetagro, afirmou que o evento não tem como intenção desmerecer o trabalho que já foi feito na educação rondoniense. “Algo precisa ser feito de agora em diante para que o diferente apareça. Precisamos admitir que precisamos melhorar, toda sociedade, não apenas os professores, os gestores. É necessário um planejamento para que as metas sejam alcançadas. Se conseguirmos que pelo menos 1 dos 52 municípios de Rondônia chegue próximo da meta estabelecida, estaremos com a nossa missão cumprida. O novo não é fácil, mas vamos conquistar esse objetivo”, finalizou.
Fonte:Decom