Astronauta dá dicas para viver bem durante o período de quarentena
Viver em isolamento é um verdadeiro desafio para muitos de nós que não estamos habituados a estar confinados durante dias e semanas em espaços fechados. Helen Sharman, a primeira mulher britânica a viajar até ao espaço, resolveu compartilhar aquilo que aprendeu enquanto esteve longe de amigos e família, e inclusive do próprio planeta Terra.
De acordo com um artigo publicado na revista Galileu, a química Helen Sharman tornou-se, em maio de 1991, a primeira e única britânica a viajar para o espaço, tendo como destino a estação espacial russa Mir, onde iria realizar estudos científicos.
Na ocasião a missão durou somente oito dias, no entanto Sharman havia se preparado durante mais de um ano para esse momento. Atualmente trabalha como professora e investigadora no Imperial College, em Londres, no Reino Unido, e compartilhou algumas técnicas que aprendeu durante sua missão espacial acerca de viver em isolamento.
Numa entrevista que facultou ao site da universidade, e compartilhada pela Galileu, a química afirmou que no espaço há abrigo, alimentos e por vezes companheiros, mas os astronautas também sentem falta dos amigos e familiares, e sobretudo do planeta de origem.
Veja os conselhos de Sharman para viver melhor durante este período que demanda isolamento e distanciamento social:
“Temos de entender as frustrações uns dos outros”
Helen afirma que habitar num espaço confinado com outros exige paciência, respeito e tolerância. Os astronautas não selecionam a tripulação, e por isso estar disposto a cooperar é um requisito imperativo.
“E a comunicação é essencial: temos de entender as frustrações alheias, mas também o que nos incomoda e o que nos ajuda a relaxar”, destaca.
“Compartilhar tempos difíceis pode ser uma oportunidade de conexão”
“A minha tarefa era operar uma câmera periscópica para que o comandante soubesse para onde estava se dirigindo. Se perdêssemos a estação espacial por uma milha, poderíamos ter uma segunda tentativa de atracar, mas se perdêssemos o porto de atracagem por alguns centímetros, poderíamos danificar a aeronave e a estação. Sabíamos que as nossas vidas dependiam um dos outros”, explica Sharman.
“Ainda temos algum controle”
A profissional explica que apesar de terem tarefas específicas naquele espaço confinado, tinham igualmente pequenas coisas que podiam controlar, como por exemplo a que horas ir dormir ou o que comer. “Mesmo ‘presos’ dentro de casa, ainda temos algum controle. Ninguém nos vai dizer qual é o livro que devemos ler ou a que horas acordar. E existe um grande objetivo: salvar vidas”.
“Planeje coisas agradáveis para fazer no futuro”
“Com tempo de sobra, podemos fazer o que sempre desejamos, mas antes estávamos muito ocupados”, afirma Sharman.
“Na Terra, mesmo estando em casa, podemos fazer e planejar atividades do nosso gosto. Isto não vai durar para sempre”.
“Temos tempo para apreciar o que nos rodeia”
“Uma das coisas que eu e os meus colegas gostávamos de fazer após o trabalho era simplesmente ir à janela e olhar para o espaço. Ver as luzes nas cidades e o crepúsculo era algo mágico”, conta a astronauta.
Helen via ainda o nascer do sol, os oceanos, florestas e as nuvens de um lugar privilegiado. E, como questiona a Galileu, por que motivo não pode a nossa casa ser também um local privilegiado para nos conectarmos com coisas mais simples?
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