Área técnica do Cade recomenda veto a compra da Liquigás pela Ultragaz
Operação é uma das maiores já concluídas dentro do programa de venda de ativos da Petrobras.
Em relatório concluído nesta segunda (28), a área técnica do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recomenda a rejeição da compra da Liquigás, empresa de gás de botijão da Petrobras, pelo grupo Ultra.
Anunciada em novembro de 2016, com o valor de R$ 2,8 bilhões, a operação é uma das maiores já concluídas dentro do programa de venda de ativos da Petrobras, que pretende arrecadar US$ 21 bilhões até o final de 2018.
Com o negócio, o grupo Ultra fundiria as operações da Ultragaz com a da subsidiária da Petrobras. Juntas, as duas detinham em 2016 uma fatia de 43,2% das vendas de GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha) no país.
Para a área técnica do Cade “a presente operação acarreta aumento da probabilidade de exercício coordenado de poder de mercado tanto no segmento de GLP envasado (onde há diversas investigações e condenações por cartel), como também no mercado a granel.”
O relatório conclui que, no mercado de GLP envasado, haveria efeitos em todos os Estados onde as empresas atuam, à exceção do Tocantins. Já no mercado a granel, as exceções são Tocantins e Amazonas.O documento diz ainda que há elevadas barreiras à entrada de novos competidores no mercado, além de dificuldades de acesso ao combustível junto à Petrobras e vantagens exclusivas detidas pelas empresas já consolidadas.
Além disso, o relatório afirma que distribuidoras regionais, quando existem, “não possuem capacidade para contestar o elevado poder de mercado detido por Liquigás e Ultragaz”.
Assim, conclui, “não há pacote de remédios que enderece de forma adequada todas as preocupações identificadas”. Trata-se de um setor já com alta concentração, no qual as quatro maiores empresas dominam 85% das vendas.
O relatório será analisado pelo plenário do Cade, que terá a palavra final sobre a operação.
Se acatado, será o segundo revés do grupo Ultra no órgão este ano. No início de agosto, o Cade rejeitou a compra da distribuidora de combustíveis Ale pela Ipiranga, braço do Ultra no segmento.
O negócio, de R$ 2,2 bilhões, consolidaria a Ipiranga na segunda posição do mercado de combustíveis, atrás da BR Distribuidora.
Participação nas vendas de gás de cozinha, em % – Fusão entre Ultragaz e Liquigás pode abocanhar 45% do mercado nacional.
Fonte: noticias ao minuto