Após perder o útero, mulher se torna mãe ao adotar gêmeas em RO: 'Sempre foi meu maior sonho'
Família de Elene completa coma a chegada das gêmeas — Foto: Reprodução/Acervo pessoal
Adotar é um ato de amor:Foi pensando nisso que Elene Magalhães Dias realizou, aos 36 anos, o sonho de ser mãe. Depois de perder o útero por complicações médicas, a mulher conheceu Ana Cecília e Ana Laura, estão disponíveis para adoção que se tornaram parte da família.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra o momento em que Elene e seu esposo recebem “as Anas”, como são carinhosamente os bebês são chamadas. O momento de emoção conta com mais de 500 mil visualizações e milhares de curtidas.
“Sempre foi meu maior sonho! Eu sempre quis ser mãe acima de qualquer outra coisa, sou a mais velha de seis irmãos, então eu sempre cuidei e participei da criação deles”, ressalta Elene.
Aog1,Elene contou que tentou engravidar por mais de oito anos, sem sucesso, atéser encontrado com síndrome do ovário policísticodistúrbio que afeta o tamanho dos ovários por causa dos hormônios.
Em 2021, uma mulher descobriu duas condições médicas: um endometrioma no ovário direito e, logo depois, uma endometriose profunda. Por conta do agravo no quadro, ela precisau fazer uma cirurgia que foi realizada na retirada do útero.
“Era minha maior chance de conseguir retirar os focos [da endomeriose] e posteriormente engravidar. Mas durante a cirurgia foi preciso retirar uma parte do intestino e por uma complicação, meu útero foi afetado. No outro dia narrado que operar e tirar o útero”, relembra Elene.
Adotar: a melhor escolha
Ele conta que após perder o útero, não cogitava em adotar o recebimento da criança não ser amada da mesma maneira que uma que um filho biológico, além dos comentários negativos que poderiam causar assim a infecção. Isso mudou quando uma amiga, que passou pelo processo de adoção, exclusivamente a sua experiência.
Depois de compartilhar com o marido as conversas, ele sugeriu a adoção. Foi a partir daí que eles iniciaram o processo de apadrinhamento, com a documentação e com o pedido de habilitação.
“Eu tinha o recebimento da facilidade dele, e então quando ele me propôs eu senti que era essa a nossa melhor escolha”, desabafa Elene.
Processo de Adoção
Cartilha de processo de adoção durante preparação — Foto: Reprodução/Acervo pessoal
O processo de adoção é longo e não foi diferente para o casal. Mas durante esse período, eles se prepararam e trabalharam para receber uma criança, além de fazer terapia para conter a ansiedade e estar preparados psicologicamente para receber os filhos ou filhas.
“A única certeza que nós temos é que um dia ela chegaria, não importava quanto tempo levaria”, comentou.
A psicóloga da Vara de Proteção à Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO), Camila Lucena, conta que o casal passou por várias etapas. O início foi o curso virtual, realizado na plataforma do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), depois rodas de conversas a avaliação psicossocial.
Para Camila, esse processo é importante pois os pretendentes da adoção têm várias informações referentes ao processo adotivo, à paternidade socioafetiva, às etapas processuais, às questões psicoemocionais que envolvem a vinculação com filho pretendido
“Nesse processo se trabalha como idealizações do filho imaginado, filho real, filho imaginado, sobre a gestação emocional, sobre a infertilidade biológica, várias questões que envolvem a paternidade adotiva” destaca a psicóloga.
Um tempo depois o casal foi chamado pela equipe do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) para uma consulta. Ao saber da proposta e de que eram gêmeas a emoção tomada conta. O casal aceitou no momento que foram comunicados e quatro dias depois conheceram as filhas.
“Quando ela falou que seria gêmeas eu fiquei mais nervoso ainda, meu esposo ficou em choque”, desabafa.
Ó grande encontro
Família de Elene após receber as gêmeas — Foto: Reprodução/Acervo pessoal
O tão sonhado dia chegou. O vídeo registrado mostra o momento do encontro entre pais e filhas. Um encontro retomado como “surreal” por Elen, e que passou por frustrações e superou os desafios.
“O meu mundo parou, eu não senti meu corpo, quando eu tive elas no meu colo eu só queria que nunca mais saísse de lá […] Meu esposo também ficou tão emocionado que a gente se olhou e parecia que só existiam nós quatro ali”, desabafa.
O encontro selou o desejo do casal, que dias depois teve o pedido de adesão cedido pelo Tribunal de Justiça de Rondônia, por meio da Vara da Infância e Juventude de Porto Velho.
Após a publicação do vídeo do casal recebendo as gêmeas, o registro ganhou grande repercussão nas redes sociais. Desde então, Elene tira dúvidas e ajuda pessoas que têm interesse em saber mais sobre a adoção.
“Eu não quero que isso seja um tabu com as meninas, então achei que poderia informar melhor as pessoas e mostrar a minha maternidade”, finaliza Elene.
G1