Análise: gol frustra, mas Fluminense volta vivo e confiante para decidir Recopa no Maracanã
O Fluminense tem motivos (de sobra) para seguir confiante no título da Recopa Sul-Americana. A frase pode parecer contraditória após a derrota por 1 a 0 diante da LDU, na última quinta-feira, no Estádio Rodrigo Paz Delgado. Mas é preciso analisar mais do que o placar. Os traumas do passado mostram o óbvio: a chance de voltar do Equador sofrendo um placar elástico na bagagem era enorme. Ter sobrevivido aos 2.850 m de altitude deixa a final aberta para o Maracanã.
É claro que o Fluminense não jogou bem em Quito. Mas dá para contar nos dedos os clubes brasileiros que conseguem ter bom futebol atuando tão acima do nível do mar — repetindo: 2.850 m de altitude. Apontar culpados, desempenhos ruins ou problemas táticos chega a ser piada de mau gosto. A altitude não pode ser ignorada.
Por isso, não é errado dizer que a missão do Fluminense em Quito era sobreviver. E conseguiu. Com sofrimento, como era de se esperar, mas conseguiu. A derrota não tem gosto de frustração por causa do desempenho, tem porque o gol da LDU saiu já nos acréscimos. O 0 a 0 traria um cenário excelente, mas o placar mínimo não é um problema grav
A estratégia adotada pelo Fluminense em Quito foi inteligente por saber se adaptar ao contexto que lhe foi imposto. Não marcou alto como de costume por saber que não teria fôlego para isso. Mas manteve o estilo de ter a posse da bola e correr riscos. Deu certo. Ao escolher não se fechar totalmente, evitou ser sufocado pelos equatorianos.
A LDU teve mais chances de gol e sempre esteve mais perto da vitória. Afinal, não existe solução mágica para se jogar na altitude. Mas ao ter a bola no pé, o Fluminense conseguia controlar os momentos de pressão da LDU e respirar. Sofria, mas se virava. Demonstrou coragem para sair do sufoco, mas faltava pulmão para dar o passo além.
Até houve momentos de boas chegadas ofensivas. Fernando Diniz, Felipe Melo, Jhon Arias, Marlon e até o presidente Mário Bittencourt estão reclamando da arbitragem por causa de um pênalti sofrido por Germán Cano, que não foi marcado mesmo após revisão sugerida pelo VAR. Demonstração de que houve, sim, bons momentos do Fluminense.
Na próxima quinta-feira, o Fluminense voltará ao nível do mar. É certo que terá mais volume de jogo e encontrará uma LDU totalmente diferente do visto em Quito. A tendência é que os equatorianos se defendam, retranquem o jogo e não deixem a bola correr. O duelo diante do São Paulo, na Sul-Americana de 2023, é um exemplo de como deve ser o jogo.
O empate em Quito seria o cenário perfeito, mas para quem já viveu goleadas na altitude, voltar com o placar mínimo dá confiança para a virada no Maracanã.
A decisão da Recopa Sul-Americana será na próxima quinta-feira, dia 29 de fevereiro, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã. Como o gol marcado fora de casa não é critério de desempate, o Fluminense precisa vencer por dois (ou mais) gols de diferença para conquistar o título. Se vencer por um gol de diferença a partida irá para a prorrogação. Qualquer outro resultado dá o título para a LDU.